O Coritiba comemora 106 anos nesta segunda-feira (12) com uma garantia do presidente Rogério Bacellar: na sua gestão, o clube não deixa o Couto Pereira.
O mandatário confirma que o clube está em negociação com a prefeitura de Curitiba para obter potencial construtivo – crédito virtual que permite a construção de imóveis com metragem acima do permitido por lei – para investir em uma ampla reforma no Alto da Glória. Assim, descarta a possibilidade de uma arena compartilhada com o Paraná.
Dos dez meses de gestão, Bacellar revela que as vaidades dentro do Coxa o assustam. “Não sabia que os ciúmes afloravam tanto no futebol. Isso atrapalha muito o Coritiba”, enfatiza. Confira a entrevista exclusiva à Gazeta.
Couto Pereira
“A torcida pode ficar tranquila: na minha gestão, o Coritiba não sai do Couto Pereira. O que o clube precisa é reformar o estádio. Temos que pensar com muito carinho no Couto, por todas as alegrias que o estádio já nos deu.
O Alceni [Guerra, vice-presidente] foi à prefeitura brigar pelo potencial construtivo. Só temos de arrumar investidor, o que é difícil. Mas com o potencial construtivo na mão você consegue. Vamos conversar mais vezes com o prefeito para alinhar isso.
Também estamos pensando no plano diretor, que vai nos dar condições de analisar se há viabilidade para um novo estádio no local ou se reformamos o Couto.”
Arena Paratiba
“Acho muito difícil. Há muito falatório sobre o Pinheirão, mas o Pinheirão tem dono. Nem falamos com o João Destro, o dono do Pinheirão. Temos de conversar e saber se há interesse dele.
O estádio compartilhado também depende de aprovação de Conselho e de verificar se a torcida é a favor. Teríamos de ouvir a torcida, fazer uma pesquisa. Nós queremos o que a torcida quer. Só tomaria uma decisão nesse sentido com o aval da torcida“
A torcida pode ficar tranquila: na minha gestão, o Coritiba não sai do Couto Pereira. O que o clube precisa é reformar o estádio.Temos de pensar com muito carinho no Couto, por todas as alegrias que o estádio já nos deu
Vaidades
“A vaidade dentro do Coritiba me assustou. Não sabia que os ciúmes afloravam tanto no futebol. Isso atrapalhou e atrapalha muito o clube. Agora estamos em águas tranquilas, sem fofocas.
Quando assumi, os departamentos não se comunicavam. O financeiro não se comunicava com o jurídico, o jurídico não tinha qualquer acesso à parte administrativa, o marketing não tinha acesso à comunicação. Eram várias ilhas. Nossa principal atitude foi acabar com essas ilhas.
Se os funcionários não se dão fora do Coritiba é uma coisa. Mas no clube todos têm de conversar e passar informações uns para os outros. “
Caso WhatsApp
“Isso afetou bastante o dia a dia do clube. Os jogadores, o treinador, os dirigentes citados se acharam desrespeitados. Então é claro que houve uma tranquilidade geral com o pedido de afastamento dos envolvidos. Mas o trabalho de cada um dentro do clube temos que agradecer. Tanto o Ricardo Guerra, o Ernesto Pedroso, o André Macias, o Pierre Boulos [todos ex-integrantes do G5]. Mas a intempestividade de alguns deles temos de criticar. Dá para ver a mão deles em alguns pontos positivos, em outros, não. “
Dívidas
“Não tínhamos e não temos dinheiro. Isso foi prejudicial nesse primeiro ano de gestão. Mas estamos fazendo planejamento para 2016 com caixa bem maior. Números ainda não temos porque vamos negociar com a Caixa Econômica e a Globo. O cenário é bem melhor para 2016.
A dificuldade do Coritiba vem sendo a dívida fiscal, que impede patrocínio de órgãos oficiais. Se quiser fazer um projeto de longo prazo para a reforma do Couto ou obras do CT com financiamento da Caixa ou BNDES, por exemplo, você está de mãos amarradas porque não tem certidão negativa. Agora com a medida provisória vamos ter condições de pensar tudo com planejamento estratégico e o plano diretor, para não cometermos equívocos de gestões anteriores.”
Profut
“Está tudo pronto para darmos entrada em novembro. Mas já havíamos planejado o refinanciamento das dívidas independente da Medida Provisória. O bom é que o Profut aumentou o prazo e diminuiu a prestação. Tudo vai ser feito muito bem planejado, para que o clube tenha condições de cumprir. Não podemos fazer nada que não possa ser pago. Não adianta dar o passo maior do que a perna, não conseguir cumprir os compromissos e prejudicar o clube.”
Sul-Minas
“A ideia veio do Ricardo Guerra, que passou para o André Macias, que foi quem coordenou o trabalho. O Coritiba trabalhava no primeiro semestre sem dinheiro. Com a movimentação para a Sul-Minas, pensei no sustento do clube. O Coritiba precisa de sustentabilidade. Por isso tem que competir em torneios que deem resultados financeiros. Hoje o Paranaense não dá esse resultado no caixa. “
Paranaense
“O Campeonato Paranaense tem que ser laboratório para o Brasileiro. E o Estadual desse ano não foi laboratório para nada. Perdemos para o Operário, que era o time mais certinho, jogando com raça e vontade, o que faltou ao Coritiba, um time previsível. Todo mundo sabia como o Coritiba jogava, só o próprio Coritiba não sabia como os outros jogavam. Esse foi o fator fundamental para perdermos o Paranaense.”
Falta de vontade
“Alguns jogadores do Paranaense não tinham vontade. Vieram somente para ter um clube para receber salário. O jogador que veste a camisa do Coritiba tem que ter vontade de jogar todas as disputas, seja Brasileiro ou Estadual. Tem que ter dedicação, raça. Jogador que vem só para ser mercadoria na prateleira não serve.”
Base
“O objetivo é revelar jogadores e fazer caixa, aproveitando esses jogadores por um tempo no time profissional antes de serem vendidos. A única maneira de o clube se sustentar é com a base. Ou seja, o clube não pode ser refém de empresário.
Por isso, estamos adotando uma política para os meninos da base, com escalonamento de salários. Eles terão uma visão de carreira dentro do Coxa. É um plano de cargos, até chegar ao profissional, com salários acima da base. Esse investimento dá resultado, porque o jogador fica e cria identidade.”
Rebaixamento
“O Coritiba escapa do rebaixamento. Só não escapou até agora por erros de arbitragem. Fomos prejudicados em três jogos claramente. O Coritiba teve só um pênalti ao longo do campeonato. Quantos pênaltis tiveram Flamengo, Corinthians? Contra o Grêmio, parecia vôlei, o jogador tirou a bola com a mão dentro da área, na frente do juiz, que não fez nada. Os árbitros fecham os olhos.
Mas esse não foi o principal motivo de estarmos na parte de baixo da tabela. Foi falta de capacidade de marcar gols. Se desde o início não tivéssemos perdidos tantos gols, gols incríveis...”
Sócios
“Estamos consultando empresas de marketing para estudar um plano de sócios que seja o melhor para o torcedor. Para isso também temos que ter a responsabilidade de montar um time competitivo. Afinal, o resultado em campo influencia muito o plano de sócios, tem um peso de uns 60%, se não for mais.
Se o time corresponder, vamos chegar a 35 mil sócios fácil. Se não corresponder, vamos ficar nessa oscilação entre 21 mil e 25 mil sócios.
Uma ideia é criar uma espécie de milhagem para os sócios. Podemos dar um prêmio para quem vai em todas as partidas, como a possibilidade de o sócio viajar e se hospedar no mesmo hotel da delegação quando o time jogar fora. O principal objetivo é proporcionar ao sócio uma experiência que somente o Coritiba pode proporcionar a seu torcedor.”
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