O ex-técnico do Coritiba Ney Franco, que comandou a equipe em 26 rodadas no Brasileirão deste ano, fez uma avaliação da situação alviverde no ano, sobre o confronto decisivo contra o Vasco, no próximo domingo (6), que pode selar a permanência alviverde na Primeira Divisão. Em entrevista à Gazeta do Povo, deu seus pitacos sobre o futuro do clube, o que levou o Coxa à briga contra a degola e o que ajudou a tirar o clube da situação complicada em que estava. Sem trabalhar desde que deixou o Alviverde, há pouco mais de um mês, Ney afirma estar acompanhando a situação de seu ex-time e revela sua torcida pela salvação do Coxa e pelo sucesso de seu sucessor, Pachequinho.
O Pachequinho exaltou o seu trabalho no Coritiba, dizendo que está dando continuidade a ele. Como você vê essa situação? O que você pode falar sobre o Pachequinho?
Conversamos muito, quando foi definida a minha saída, em uma reunião como presidente, ele [Rogério Bacellar] perguntou se eu enxergava alguém no clube para assumir a função até a definição de um nome para treinador, e eu apontei para o Pachequinho. É um profissional que vi capacidade desde o início, esteve sempre do nosso lado, tinha a função de observar o adversário na nossa comissão técnica, então ele é quem passava as informações do adversário para o elenco. Acompanhou os treinamentos o tempo todo então sabia muito bem o que estava sendo desenvolvido. Acho que ele tem o perfil para continuar esse trabalho. Tive contato com ele logo no início, e depois tivemos algumas conversas pelo telefone. Fico muito feliz de ele ter colocado algo a mais no nosso trabalho, a equipe evoluiu, e o Coritiba agora tem tudo para desenhar uma melhor temporada no ano que vem. Fica a expectativa, a equipe tem uma base e, espero que tenha capacidade de acertar nas contratações para não correr mais risco como vem correndo nos últimos anos. Mas o Pachequinho está de parabéns pelo que vem fazendo.
O que você acredita que levou o Coxa a essa situação? Qual o principal fator para o time ter brigado na parte de baixo da tabela?
Acho que o grande fator foi a remontagem do elenco dentro do Brasileiro. Além das contratações, tivemos que achar os dois zagueiros na base, que deram uma sustentação à defesa, a equipe teve problemas na lateral direita, tivemos até que adaptar um zagueiro para jogar na posição [Leandro Silva], jogamos boa parte do campeonato sem o Carlinhos, que se lesionou na primeira rodada e perdeu boa parte do primeiro turno. São algumas coisas que se acumularam. Precisamos trazer jogadores mais experientes, como o Kléber e o Juan, teve a irregularidade e depois o crescimento do Negueba e do João Paulo, que um grupo de conselheiros chegou até a pedir pela dispensa dos dois. Enfim, foi um ano muito difícil. O grande problema foi disputar o Brasileirão sendo remontado, o Estadual foi jogado fora, se comparar a equipe que estreou no nacional e a de agora, acho que muito pouco foi mantido, praticamente nenhum jogador, e em um campeonato técnico como o Brasileiro, é difícil você ter que ir montando a equipe. Foi também uma equipe que sofreu com as contusões. No fim do primeiro turno tínhamos mais de 10 jogadores no departamento médico.
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Leia a matéria completaE a última partida do Coxa contra o Vasco?
Primeiro, é um jogo muito difícil, entre duas equipes que ainda não garantiram a permanência. O Vasco vem crescendo no Brasileirão, muitos esperavam que teria sido definida a queda com cinco ou seis rodadas de antecedência, mas o time conseguiu passar por todos os prognósticos, e agora chega à última rodada com possibilidades reais de salvação, se ganhar do Coritiba. É uma equipe que está mobilizada. Mas, jogando em casa, o Coritiba não pode perder a oportunidade de conseguir ao menos esse pontinho para não depender de nenhum resultado. Vai ser um jogo nervoso, tenso, e é inegável que quando penso nesse jogo, vem à cabeça memórias daquele campeonato de 2009, que teve um cenário muito parecido, com a arrancada do Fluminense na reta final e o jogo muito complicado na rodada final. Mas acredito que o Coritiba tem condições e vai fazer um bom jogo, e no mínimo assegurar o empate.
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Na sua visão, agora de fora, qual o principal fator para o Coxa ter conseguido essa reação que praticamente determinou a sua salvação?
Acho que foi a mobilização do grupo. Nos momentos mais difíceis do campeonato, e eu já havia falado isso quando estava aí, eles se mobilizaram, trabalharam forte, é um grupo muito profissional, todos trabalham muito forte para não aceitar a situação complicada. Acho também que a diretoria se estruturou nessa reta final, parece que está tudo acertado na parte salarial, de premiação, e isso faz diferença. Acho que os fatores são esses, além do trabalho do Pachequinho.
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