Presidente da FPF desde 2007, Hélio Cury admite vender ‘a preço de mercado’, itens de sua loja de artigos esportivos para a entidade.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

O presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, faturou R$ 183.413 com a 6ª edição da Copa Kaiser em 2014. Dono de uma loja de artigos esportivos, Cury vendeu troféus, medalhas e kits de material para a competição amadora apoiada pela FPF.

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A transação foi comprovada no último dia 21 pela Marketing F2SB Ltda. A empresa, que participou da promoção da Copa Kaiser, foi intimada judicialmente a prestar contas na ação movida por Atlético e Coritiba que acusa Cury de “gestão temerária”.

Três vendas em 2014 totalizaram os R$ 183.413. A primeira, em 16 de outubro, de R$ 88.272 para kits de material esportivo. A segunda, em 3 de novembro, também de R$ 88.272 para o mesmo produto. A última, em 5 de dezembro, de R$ 6.869 para troféus e medalhas.

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A Copa Kaiser utiliza os estádios dos clubes amadores de Curitiba, cedidos gratuitamente. A FPF, por sua vez, apoia a competição com inscrições e registros – divulgados no site da entidade – e indicação de arbitragem.

Um perito judicial está analisando a negociação entre a Hélio Cury Comércio de Artigos Esportivos e a Marketing F2SB Ltda. O técnico teve acesso à contabilidade da FPF e tem até o próximo dia 4 para apresentar o laudo pericial sobre a acusação de “gestão temerária”.

A avaliação do perito será submetida à juíza do caso, Vanessa Jamus Marchi, da 9ª Vara Cível de Curitiba, e pode representar o afastamento imediato e a inelegibilidade de Cury. Caso a Justiça determine a saída do cartola, um interventor seria nomeado e novas eleições convocadas.

Atlético e Coritiba foram derrotados por Cury no pleito para a FPF em março deste ano. Os rivais apoiaram o candidato oposicionista Ricardo Gomyde, que também é autor do processo, para presidir a entidade até 2019.

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Além de “gestão temerária”, o Rubro-Negro e o Alviverde acusam o dirigente de “favorecimento pessoal” e “conflitos de interesses”. Os dois clubes buscaram amparo na Lei Pelé e, mais especificamente, na medida provisória 617/15, conhecida como MP do Futebol.

A MP trata no artigo 27 de “gestão temerária” e aponta como desvios de finalidade “aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros” e “celebrar contrato com empresa que tenha como dirigente seu cônjuge ou companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau”.

“Nossa expectativa é que o laudo pericial confirme a gestão temerária e o judiciário determine o afastamento do dirigente”, afirmou Juliano Tetto, advogado de Atlético e Coritiba.

Lá atrás, quando eu assumi, ninguém vendia para a Federação. Até hoje algumas lojas só vendem se o pagamento for em dinheiro. Por que não fizeram nenhum questionamento lá atrás ou em Assembleia Geral?

Hélio Cury, presidente da FPF

Cury foi procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, mas preferiu se pronunciar através de seu advogado, Emerson Fukushima. “A Copa Kaiser não tem nada a ver com a Federação, que dá apenas apoio técnico para a competição. Foi uma transação comercial particular”, declarou Fukushima.

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Em entrevista em fevereiro deste ano, Hélio Cury confirmou que sua loja fornece artigos esportivos para a FPF. Vendas, de acordo com o presidente, a “preços de mercado” e com aprovação do Conselho Fiscal.

“Lá atrás, quando eu assumi, ninguém vendia para a Federação. Até hoje algumas lojas só vendem se o pagamento for em dinheiro. Por que não fizeram nenhum questionamento lá atrás ou em Assembleia Geral?”, comentou o dirigente, na oportunidade.

O cartola comanda a FPF desde 2007. É o sucessor de Onaireves Moura, presidente que permaneceu à frente do futebol do Paraná ao longo de 22 anos, em gestões marcadas por uma série de problemas e denúncias de irregularidades.