As dívidas fiscais colocaram os clubes em um “atoleiro” e é preciso encontrar uma saída “para evitar que novos atoleiros surjam”. A avaliação é do deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), relator da medida provisória que refinancia os valores pendentes, estimados em R$ 4 bilhões.
Nesta terça-feira (28), a comissão mista que analisa o tema definiu o calendário de audiências e votação da MP, cujo prazo de validade se encerra em julho. Ao todo, serão seis audiências, com participação de clubes das Séries A, B, C e D, representantes de sindicatos de atletas, Bom Senso, CBF, Caixa Econômica Federal e Ministério da Fazenda.
Após as discussões, o relatório deve ser apresentado no final de maio, para votação em junho, antes do recesso parlamentar. Questionado se algum clube já havia aderido ao formato atual da proposta, Leite respondeu: “Não aderiu e nem vai aderir, pelo que se sabe. É preciso fazer um ajuste”, reconheceu.
O texto prevê uma série de contrapartidas das entidades que optarem pelo refinanciamento das dívidas com impostos.
Bom Senso
Durante a reunião da comissão mista, deputados e senadores divergiram sobre a participação do Bom Senso no debate. O movimento, que reúne mais de mil jogadores de futebol no país, tem posição contrária às mudanças propostas pela CBF. A entidade, por exemplo, é contra a limitação em 70% dos gastos dos clubes com futebol.
“O que esse pessoal [Bom Senso] tem a ver com dívida de clube? Esse pessoal quer emprego... E representa quem juridicamente?”, questionou o senador Zezé Perrela (PDT-MG), favorável à CBF. O deputado federal Andres Sanchez (PT-SP) tentou argumentar: “Também tenho mil diferenças com o Bom Senso, mas eles estão no processo há dois anos”.
O deputado Marcelo Aro (PHS-MG) também se posicionou contra o grupo, alegando que em período semelhante participa, em aplicativo de conversas online, de grupo de debate sobre futebol. “Não é porque eles opinam aqui no meu grupo de WhatsApp que vamos chamá-los para discutir aqui. Juridicamente, não tem nada que eles [Bom Senso] representam.”
Ao fim, no entanto, os congressistas concordaram em ter a participação do movimento em audiência pública sobre o teor da MP.
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