![Especial: futebol faz revolução silenciosa em Cuba Garoto com a camisa do Barcelona joga bola em praça turística. | Henry Milleo/Gazeta do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/2015/12/97137a1401926204d8ae982d65a7012b-gpLarge.jpg)
A reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, há um ano ( em 17/12/2014), instigou novamente o interesse pela ilha caribenha.
Mas mesmo após a reabertura da embaixada cubana em Washington e do hasteamento oficial da bandeira americana em Havana, pouca coisa mudou na prática para o povo de Fidel.
TEXTO original no blog do fotógrafo Henry Milleo
Fora a liberação da internet por meio de sinal wi-fi em alguns pontos da cidade, que faz com que jovens lotem praças e ruas em busca da novidade da comunicação com o mundo, Cuba continua igual (ou quase!).
FOTOS: confira a galeria de imagens
Carros antigos circulam pelas ruas, “jineteros” abordam turistas oferecendo charutos, os bares vendem mojitos, o mar bate no Malecón e faz muito calor.
Porém uma pequena revolução silenciosa, muito visível, começa a tomar conta das ruas da capital: o futebol.
Jovens vestindo camisetas de clubes e de seleções lotam praças, parques e ruas correndo atrás da bola e discutindo as partidas dos campeonatos que acompanham por meio da televisão ou internet.
O grande boom da paixão pelo esporte foi a Copa do Mundo no Brasil. A televisão estatal transmitiu as partidas e atiçou os ânimos da população que acompanhou a competição com um interesse só dispensado antes para o beisebol.
O clube preferido dos cubanos é o Barcelona de Messi e Neymar. Suas cores e brasão estão nas camisetas dos jovens e nas paredes dos bares, mas qualquer partida chama a atenção dos cubanos. Até o videotape de Brasil e Camarões pela Copa de 1994 leva gente aos bares.
Antonio, um desses jovens aficionados, joga todo dia com os amigos na praça em frente ao Museu da Revolução. Ele tem curiosidade sobre Neymar, mas confessa que entre as seleções prefere a da Argentina, apesar de achar que a alemã é a melhor do mundo.
A vontade de saber mais sobre seus ídolos é como uma sede insaciável para essa geração de cubanos que pouco se importa com política. “Talvez eles venham jogar aqui depois que o embargo cair”, completa com a voz esperançosa de quem sonha em ver Messi driblando nos gramados da ilha.
Em outro lado da cidade, em uma rua comum com prédios decadentes no bairro de Centro Havana, dois garotos sentados na porta de uma casa desenham e pintam minuciosamente gomos em uma bola de borracha “para que ela fique parecida com uma bola de futebol profissional”, diz Eric. Ele e seu amigo Yassiel têm 11 anos, torcem para o Barça e sonham em jogar profissionalmente. “Mas não em Cuba, na Espanha”, emenda Yassiel.
O proprietário e treinador de boxe, uma das paixões cubanas, Daniel Casanova, um senhor alto e magro de 63 anos, mas que ainda mostra vigor fazendo flexões, sentiu o impacto boleiro. Ele treina quatro garotos, entre 6 e 10 anos. “Eu tinha 25 garotos treinando aqui, mas agora todos mudaram para a escola de futebol”, lamenta.
Dos garotos que treinam com Daniel, o mais velho é Karl, de 10 anos. Ele pratica boxe há um ano e não pretende desistir. Diz que quer ser profissional e não liga para o futebol. “Eu gosto de boxe, mas assisto algumas partidas de beisebol também”.
Ainda não é possível prever o futuro do futebol em Cuba, mas uma coisa é certa: revoluções não terminam da noite para o dia .
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