Nos limites do Caiuá, na Cidade Industrial de Curitiba, um centro de treinamentos de 64 mil metros quadrados, com três campos de futebol (um deles padrão FIFA), 28 apartamentos suítes, piscina com hidromassagem, sauna, lavanderia, cozinha industrial e salas de academia e fisioterapia se encontra esvaziado, à procura de interessados: trata-se do CT Barcelos.
O espaço foi arrendado pelo Paraná entre dezembro de 2014 e maio de 2016, quando o clube rescindiu o contrato de quatro anos com o proprietário Geraldo Barcelos para ir treinar no Ninho da Gralha, em Quatro Barras. Atrás de si, o Tricolor deixou um rastro de dívida com o antigo parceiro. A saída paranista chegou a despertar o interesse do rival Coritiba, mas a negociação não avançou (leia mais).
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Leia a matéria completaDesde então, seu Geraldo, como é conhecido, tem arcado com a manutenção da subutilizada estrutura, cerca de R$ 10 mil mensais. “Veio um pessoal de Mirassol, interior de São Paulo, propor negócio. Outro grupo do Rio também. Além de um intermediário do futebol chinês. Mas, até o momento, foram apenas sondagens”, conta o proprietário.
A ideia, tanto de seu Geraldo, como dos interessados, é utilizar o espaço para a formação de atletas. Vocação imaginada pelo dono da área há 15 anos. “Começou como uma chácara familiar, em 1980. A partir dos anos 2000, começamos a construir os campos, com a ideia de abrir um pequeno negócio de revelação de jogadores”, explica.
Como os prédios e campos foram construídos paulatinamente ao longo de 15 anos, seu Geraldo não sabe ao certo o total investido no CT, cujo terreno está avaliado em R$ 17 milhões.
“O objetivo é retomar a ideia da formação de atletas. Mas preciso de uma parceria. Não é que eu não possa tocar sozinho. É que não sou do mercado [da bola] e preciso de uma ponte. Eu tenho o patrimônio e estou aberto para negociações”, indica ele, que diz não ter medo de o espaço se tornar um elefante branco. “Não temo prejuízo. Absolutamente. E nem preciso disso para viver. O que eu tenho mesmo é a vontade de ver este local sendo aproveitado”, completa.
Dívida do Paraná e negociação frustrada com o Coritiba
Quando o Paraná deixou o CT Barcelos para ir treinar no Ninho da Gralha, em Quatro Barras, em maio, o clube quebrou o contrato de quatro anos que havia firmado com Geraldo Barcelos, proprietário do local.
Geraldo conta que a rescisão foi amigável, sem cobrança de multa. No entanto, as partes firmaram um compromisso para que o Tricolor arcasse com os custos do que foi danificado pelo uso. Seriam três parcelas. O Tricolor pagou apenas duas. E, desde então, a diretoria, liderada pelo presidente Leonardo Oliveira, tem evitado seu Geraldo, que deve entrar na Justiça para receber os valores restantes.
O clube não quis comentar o assunto, por se tratar de ‘discussão interna’.
“A última parcela venceu em 9 de junho. Estive duas vezes tentando falar com o Leonardo [Oliveira] no Paraná. Tomei dois ‘chás de banco’ de duas horas e não fui atendido. Fiquei triste com isso”, desabafa Geraldo. “Pelo que sei e senti, eles não vão me pagar. Se não tomarem uma atitude, vou procurar meus direitos”, prossegue.
Apesar do possível calote tricolor, Geraldo garante não guardar arrependimentos da parceria. “O Paraná foi muito legal no tempo em que esteve aqui. Mas infelizmente não sei se não puderam cumprir o acordo ou não quiseram. Se não me atendem, então não querem”, complementa.
Em dezembro de 2015, quando o Paraná anunciou sua saída, o Coritiba enviou o então superintendente de futebol, André Mazucco, para sondar um possível negócio. “O Mazucco veio aqui umas três vezes, mas depois a coisa não andou”, conta Geraldo, que revela ainda que, em 2014, o ex-presidente alviverde, Vilson Ribeiro de Andrade, também demonstrou interesse na estrutura, mas novamente o acordo não ocorreu.
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