Campeão com Atlético e Paraná, o ex-zagueiro Nem vê o filho Gabriel seguir seus passos no esporte.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Aposentados após longas e bem-sucedidas carreiras nos gramados, um grupo de ex-jogadores experimenta o recomeço no futebol. São pais de garotos em busca de reprisar o sonho já realizado uma vez dentro de casa.

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Casos do ex-zagueiro Nem, do também ex-defensor Edinho Baiano e do ex-atacante Saulo, trio com histórias importantes em Atlético, Coritiba e Paraná. Cada qual vivenciando uma fase distinta na missão de confirmar a herança boleira ao lado dos filhos.

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Nem observa o filho Gabriel começando aos 10 anos. Edinho acompanha o seu Gabriel à procura de uma chance com 16. E Saulo testemunha a provação de Diogo aos 19.

“Como já passamos por tudo, nos enxergamos em todas as situações que os nossos filhos estão vivendo ou podem um dia viver. Realmente, é como voltar no tempo”, resume o ex-zagueiro Nem, campeão nacional por Atlético (2001) e Paraná (2000), hoje empresário.

Gabriel, filho do defensor, joga no Tricolor pelo futsal (sub-10) e no campo (sub-11). “Ele é uma criança ainda, é cedo para dizer o que vai acontecer. Tento deixá-lo bem à vontade e que ele encare como uma diversão por enquanto”, comenta Nem.

Na semana que passou Edinho Baiano viajou com Gabriel para os Estados Unidos. Depois de largar no futsal do Paraná e passar pela base do Atlético, é a vez de tentar a sorte como atleta em outro país.

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“Surgiram situações boas para ele nos Estados Unidos, é um futebol que está crescendo. Ele quer conciliar os estudos no país, que são fortes, com o futebol”, explica Edinho, raro exemplo de atleta que marcou seu nome em Atlético, Coritiba e Paraná, hoje olheiro do Cerezo Osaka-JAP.

Etapas iniciais que já ficaram para trás para Saulo, maior artilheiro da história do Paraná, com 104 gols. Aos 19 anos, o filho Diogo já é adulto para o mundo do futebol e, forjado na Vila Capanema, sofreu com as comparações até ter de deixar o clube.

O Tigre não perdoa: “Muitas pessoas não gostavam de mim, porque eu era muito rígido como profissional, sempre persegui os meus objetivos e deixei meu nome marcado na história do Paraná. Por isso acabam descontando no Diogo”, reclama Saulo, que hoje é treinador.

Fora do Tricolor após cinco anos na base, o jovem atacante tenta emplacar no J. Malucelli. “Sempre tive de enfrentar muita inveja. Tudo que falam sobre mim acaba ligado ao meu pai de alguma forma. Mas eu e ele sabemos do meu valor e eu sigo em frente”, desabafa Diogo.

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Em comum aos ex-boleiros com filhos no ramo, a necessidade de atuar em diversas frentes. Não basta marcar presença na arquibancada, é preciso assumir ainda as funções de técnico e empresário. O fato de ter vivido grande parte da vida na bola pesa.

Reconhecido pelo bom posicionamento na função de líbero – e, às vezes, o “uso de força desproporcional” –, Nem procura ensinar ao caçula os atalhos do campo. “Meu filho é canhoto, e todo canhoto tem preguiça de marcar. Mostro a importância da marcação e como não correr errado”, diz Nem.

O herdeiro do capitão do título brasileiro do Furacão não esquece a manha. “Meu pai me ajuda muito. Ele dá dicas principalmente na marcação, fala para eu não dar bote errado, porque senão leva gol. Acho que puxei um pouco por ele, por ser mais marcador em campo”, comenta Gabriel.

Saulo, por sua vez, estabeleceu as metas que um matador tem de cumprir: “Falei para o Diogo que centroavante tem de marcar, pelo menos, um gol a cada três jogos. E dois em quatro partidas. Mas, é claro, o melhor é fazer gol sempre”.

Com livre acesso aos clubes que defenderam, fica mais fácil cavar uma vaga ou a chance para realizar um teste e defender os interesses da cria da influência de empresários e dirigentes. “Meu pai é conhecido de todos no meio do futebol, tem mais entrada nos clubes, isso facilita”, afirma Gabriel, filho de Edinho Baiano.

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O suporte dos pais consagrados, entretanto, não garante nada. Quando a bola rola, o parentesco vale pouco. “Eu acredito que ser filho de jogador de futebol no Brasil mais atrapalha do que ajuda”, afirma Saulo.

Seja como for, pai boleiro é igual a qualquer outro. “O que importa mesmo é que meu pai é muito presente, sempre me dando força. Não fosse por ele e eu não estaria aqui”, diz Diogo.