Não foi no caderno de cultura, mas sim no de esportes que David Bowie apareceu pela primeira vez na imprensa britânica. O cantor, morto aos 69 anos neste domingo (10), em decorrência de um câncer, dois dias após o lançamento de seu novo álbum, Blackstar, foi um dos destaques da edição de 11 de novembro de 1960 do pequeno jornal Bromley and Kentish Times . Na foto da reportagem, intitulada “David (13) lidera uma revolução esportiva”, Bowie, ainda com o nome de batismo, David Jones, aparece adolescente, aos 13 anos, usando equipamentos de futebol americano.
O equipamento era um presente dos militares da Marinha americana estacionados em Londres. Dias antes, o garoto havia enviado uma carta à base americana dizendo que era fã do futebol americano e que gostaria de receber algumas revistas sobre o esporte. Não só ganhou as revistas, como equipamento completo para a prática: capacete, protetor de ombros e uma bola oval, o que chamou a atenção da imprensa local, de tão raro era o material na Inglaterra.
Contra a ordem natural de uma criança inglesa, Bowie não gostava tanto de futebol quando era pequeno - há até uma foto dele na escola em 1958 antes de uma partida, mas nada além disso. Mas passou a acompanhar o futebol americano por influência de seus ídolos do rock.
No rádio do pai, Bowie ouvia as partidas da bola oval pela retransmissora do exército americano baseada na Alemanha. Perguntado na reportagem se iria formar um time de futebol americano, o pequeno Bowie disse que gostaria, mas os equipamentos eram muito caros para isso. Mas que, por já jogar rúgbi, tentaria convencer os colegas a também gostar de futebol americano.
Arsenal
Bowie nunca revelou qual era seu time de coração, mas nos bastidores sempre se falou que o autor de clássicos como Starman , Space Oddity e Heroes era fanático pelo Arsenal, um dos clubes mais tradicionais de Londres.
Para não ser identificado na turnê europeia de 1977 , o cantor se hospedava em hotéis usando nomes de três jogadores dos Gunners: Pat Rice, Sammy Nelson e Pat Jennings. Os três são lembrados até hoje como integrantes de uma das maiores defesas da história do clube londrino.
Nesta segunda-feira (11), o técnico do Arsenal, o francês Arséne Wenger, lembrou da morte do cantor. O treinador abriu a entrevista coletiva se dizendo muito triste. “Sou fã da música dele. A mensagem que Bowie deu para minha geração foi importante: ‘seja forte o suficiente para ser você mesmo’”, declarou Wenger.
Heroes é uma das mais entoadas pelos torcedores ingleses nos estádios. Principalmente o trecho “We can be heroes. Just for one day” - “Podemos ser heróis. Só por um dia”.
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