Alguns dos familiares dos jogadores e dirigentes da Chapecoense mortos na tragédia na Colômbia foram buscar alento para a dor da perda dentro da Arena Condá, casa do clube de Chapecó. Durante todo o dia de quarta-feira (30), jogadores, ex-jogadores, parentes dos atletas e dirigentes foram até o estádio e permaneceram na zona mista, onde os atletas da Chape e dos times adversários entravam em todos os jogos na Arena.
Um time de psicólogos voluntários também ficou de plantão no local para fazer a atendimento às famílias. Só nesta terça-feira (29), dia em que a tragédia veio à tona, mais de 200 pessoas foram atendidas pela equipe, de acordo com a diretoria da Chapecoense.
A maioria dos familiares não conseguia falar sobre a tragédia. A esposa do jogador Willian Thiego, Susana, esteve na Arena Condá na manhã de quarta-feira (30) e, em poucas palavras, disse que não conseguia acreditar no que estava vivendo. Ela vestia uma camiseta com uma foto do jogador com ela e a filha, deitados no gramado da Arena Condá, vestido camisas do clube catarinense.
Vanessa, viúva do atacante Everton Kempes, também esteve no local, onde disse não conseguir descrever a dor que sente com a perda do marido. “Parece que esta dor não vai ter fim. Mas vai ter, tem que ter”, disse, deixando a zona mista da Arena Condá.
Pai de Vanessa e sogro de Kempes, Luiz Carlos da Silva, acompanhou a filha até o estádio e disse não conseguir acreditar na ligação que recebeu na madrugada de terça-feira (29). Luiz Carlos, que mora em Porto Alegre, veio no mesmo momento para a cidade catarinense consolar a filha e os netos. O atacante deixou a esposa e dois filhos.
“Olha, a dor é muito grande. Ele estava muito feliz na Chapecoense. Impressionante que isso tenha acontecido aqui”, afirmou. Tanto Vanessa quanto o pai também usavam camisetas com a foto do jogador, que mandaram fazer para a final do campeonato catarinense de 2015, do qual a Chape saiu vencedora. “Sonhe sem limites e acredite com todas as forças”, dizia a camiseta.
Negação e superação
“O tom é de negação. Ninguém espera uma tragédia dessa, a primeira reação é negar que isso tenha acontecido”, disse o psicólogo André Pedrosa, que atua voluntariamente no atendimento das famílias e dos funcionários do clube. “A palavra é dor. Dor, dor e dor”, disse o psicólogo, também emocionado. “A gente espera é conseguir ajudar estas famílias, que tanto precisam superar a dor”, completou.