Uma confusão do futebol amador de Minas Gerais invadiu o noticiário nesta semana. O vídeo que tem o árbitro Gabriel Murta sacando uma arma dentro de campo, após ser agredido, na partida entre Amantes da Bola e Brumadinho, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, rodou o mundo.
O presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Mineira de Futebol, Giuliano Bozzano, informou que ficou decidido que Murta não será punido pelo incidente.
O campeonato não é organizado pela Federação Mineira, mas o juiz faz parte do quadro da entidade, que indica seus árbitros para o torneio amador. Por partida, eles recebem cerca de R$ 200.
“A gente decidiu na noite de ontem [terça, 29] que ele não será punido. Achamos que ele agiu de maneira razoável, em legítima de defesa. A gente lamenta que isso tenha acontecido. Ele é policial militar e vimos também que ele não fez nada diferente do que aquilo que recebeu no treinamento da PM”, disse Bozzano.
“Ele é um árbitro muito bom, uma pessoa ótima. Infelizmente, o campeonato amador tem situações muito complicadas por aqui”, completou.
De acordo com o chefe da arbitragem mineira, Murta faz parte do nível mais alto do quadro de juízes do Estado e será indicado para a CBF ao final do ano. Se for aceito pela entidade, ele fará parte do quadro nacional, o que lhe permite apitar jogos em âmbito nacional de competições organizadas pela CBF.
“Ele é ótimo árbitro, tem total condição de estar no quadro nacional. Já íamos indicar e vamos manter isso”, explicou.
Segundo Bozzano, há diversas reclamações de árbitros sobre a falta de segurança em campos de futebol do amador. Recentemente, agressões e linchamentos foram registrados na federação.
Wilson do Carmo, árbitro mineiro, conhece bem essa realidade. Em 2003, foi baleado na saída do campo, após apitar um duelo do futebol amador do Estado. Ficou um ano afastado para se recuperar e conseguir voltar a atuar.
“A gente sai de casa sempre com uma interrogação: será que eu vou voltar bem para casa? O futebol é reflexo da sociedade. No amador, isso é muito mais sério”, diz Carmo à reportagem.
“A gente faz alguns amigos na vida. O Murta é um deles. Ele é um doce de pessoa, um ser humano incrível. Conheço muito bem ele e fez isso certamente pelo medo que estava. Por ser policial, estava com a arma. Não faço nenhum julgamento. Só quem está ali vivendo é quem pode falar o que sentiu”, finalizou.
A reportagem tentou contato com Murta, que não atendeu as ligações.
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