O presidente da Fifa, Joseph Blatter, mostra o novo código de ética da entidade| Foto: Fabrice Coffini/AFP

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, informou nesta terça-feira (17) que a entidade aprovou a criação de um novo código de ética, após realização de reunião extraordinária em Zurique, na Suíça. O organismo que controla o futebol mundial também anunciou a formação de dois novos órgãos que investigarão casos de corrupção interna.

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A reunião foi convocada logo depois de a Justiça suíça divulgar os documentos do caso ISL, comprovação de que João Havelange, ex-presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam suborno da empresa de marketing que faliu em 2001.

De acordo com o processo sobre o caso, Teixeira levou US$ 13 milhões (em valores atualizados) entre 1992 e 1997, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (também em valores atuais) em 1997 da ISL em troca de vantagens no processo de venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.

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Para combater a corrupção em suas próprias fileiras, a Fifa apontou o ex-promotor dos Estados Unidos Michael J. Garcia como líder de um dos dois novos órgãos. O comandante do outro órgão que terá o objetivo de descobrir irregularidades internas será o juiz alemão Hans-Joachim Eckert, presidente da câmara de julgamento do novo tribunal de ética da Fifa.

Ao falar sobre o papel de Garcia, Blatter destacou que o norte-americano irá analisar o caso ISL. "Ele não terá apenas de escrever, mas o dever de analisar este caso em sua ética, as questões morais e em seguida apresentar um relatório ao Comitê Executivo da Fifa", disse o dirigente.

Blatter, porém, enfatizou que o "Tribunal Federal da Suíça já deu a sua decisão sobre o caso, com implicações legais e financeiras" e que a Fifa irá discutir apenas a "questão moral".

Garcia também terá autoridade para buscar novas provas de casos antigos de corrupção, entre eles os que apontam a possibilidade de subornos a membros do Comitê Executivo da Fifa durante o processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Na última quinta-feira, pressionado pela revelação do escândalo do pagamento de propinas a Havelange e Teixeira, Blatter admitiu publicamente que sabia da existência do fato, mas se defendeu das críticas de omissão alegando que nos anos 90 o pagamento de subornos não era crime na lei suíça.

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No último final de semana, uma entrevista reproduzida pelo jornal suíço SonntagsBlick mostrou Blatter dizendo que Havelange deveria deixar o cargo de presidente de honra da Fifa depois da divulgação dos documentos do caso ISL. O atual mandatário sucedeu o brasileiro na presidência da entidade em 1998 - antes disso trabalhava para Havelange como diretor. O cartola, porém, garante que só teve conhecimento das propinas após a falência da ISL, em 2001.