Blatter observa a última nota de dinheiro falso jogado contra ele por comediante que invadiu a coletiva da Fifa.| Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

A Fifa quer que entidades nacionais, como a CBF, publiquem os salários de seus cartolas, que implemente uma “ficha limpa” para aqueles que sejam eleitos e ainda que haja um limite de mandatos para quem está no poder. Nesta segunda-feira (20), Joseph Blatter, presidente da Fifa, concedeu sua primeira entrevista coletiva desde que renunciou ao cargo e deixou claro que a ausência de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, na reunião do comitê executivo da entidade não foi ignorada por ele. O evento também foi marcado por um protesto, que deixou Blatter visivelmente abalado.

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“Os membros do comitê executivo são convidados a participar de encontros”, disse Blatter. “Não tivemos todos eles e um, como no caso da CBF, decidiu não vir. Mas esse é seu problema. Não teve qualquer influencia nas decisões da Fifa”, garantiu o presidente da Fifa.

Del Nero, depois da prisão de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, decidiu não sair mais do Brasil. Na reunião mais importante da Fifa em anos, a confederação brasileira não foi representada, o que causou críticas.

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Na reunião, a Fifa aprovou a criação de um grupo de trabalho para avaliar uma reforma na entidade. Mas Blatter deixou claro que a condição é de que todas as entidades, regionais e nacionais, também sigam o mesmo processo. “A Fifa não pode fazer as coisas sozinha”, disse.

Entre as propostas ainda está a aplicação de uma exigência de que os dirigentes tenham uma “ficha limpa” antes de assumirem qualquer cargo. Outra medida proposta é a de colocar limite a mandatos, algo que Blatter nunca aceitou, permanecendo como presidente da Fifa por quatro mandatos. Segundo ele, foi a Uefa que vetou no passado a adoção de limites. “É importante reduzir o numero de mandatos de todos, nas Fifa, nas confederações e nas entidades nacionais”, acrescentou.

Por fim, ele quer a publicação do salário de todos. Questionado se revelaria quanto ganha, Blatter se recusou. “Todos terão de apresentar suas rendas. Podem me perguntar quantas vezes quiserem. Mas o farei quando todos o farão”, disse.

Blatter ainda desfez qualquer dúvida se pode continuar no comando da Fifa. Ele convocou eleições para o dia 26 de fevereiro e garantiu que não será candidato. “Um novo presidente será eleito”, disse. O suíço indicou que, depois de 40 anos na Fifa, quer trabalhar numa rádio e falar de geopolítica. “O rádio é o mais popular. Espero que alguém me queira”, disse.

Protesto
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O evento ainda foi marcado por um protesto contra Blatter, logo no início da coletiva de imprensa na sede da Fifa. Um comediante entrou na sala e entregou dinheiro falso ao suíço, numa ironia à compra de votos no processo de escolha de sedes das Copas do Mundo. “Em nome da Coreia do Norte, agradeço o apoio à Copa de 2026”, disse.

Ele interrompeu a primeira aparição do suíço diante da imprensa mundial desde que anunciou que renunciaria de seu cargo de presidente. O comediante inglês Lee Nelson jogou notas de dinheiro no dirigente que, abalado, pediu para que se retirasse da sala. Nervoso, Blatter anunciou apenas que sairia por alguns momentos para que o chão, repleto de notas falsas de dinheiro, fossem retiradas. “Isso não tem nada a ver com o futebol. Temos de limpar a casa”, declarou Blatter.

Visivelmente nervoso, Blatter andava com dificuldade depois do protesto, enquanto a segurança tentava retirar o comediante. “No futebol, nunca se sabe onde está o limite”, disse, ao retornar, ainda abalado. “Vejo isso há 40 anos. Liguei para minha mãe morta e ela disse: é só a falta de educação”, completou.

O protesto de constrangeu Blatter nesta segunda-feira ocorreu no mesmo dia em que a Fifa confirmou que a sua próxima eleição presidencial será em 26 de fevereiro de 2016, data estabelecida depois de uma reunião na sede da entidade. Acometido por uma crise de corrupção sem precedentes, o dirigente venceu as eleições passadas da Fifa, em 29 de maio. Porém, quatro dias depois, foi obrigado a anunciar que convocaria uma novo pleito depois das prisões de sete dirigentes esportivos em Zurique, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

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