Ninguém pode culpar Jorginho por falta de ousadia. Em seu segundo jogo pelo Flamengo, o técnico barrou pilares do time como Leonardo Moura e Ibson, jogadores com história no clube e com altos salários. Lançou mão de juventude e velocidade e viu o time rubro-negro apresentar sensível melhora.
O resultado foi uma difícil vitória, obtida mais na base do suor, da insistência do que na qualidade técnica. Mas houve bons momentos nos 2 a 1 sobre o Bangu, na noite de quarta-feira, no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
Enquanto Leo Moura deve retornar ao time no domingo na quarta rodada da Taça Rio (segundo turno do Campeonato Carioca) contra o Audax, em Moça Bonita, é difícil crer que Ibson volte aos titulares. Ambos não ficaram nem no banco de reservas. "As coisas não estavam acontecendo, o que é natural. Vínhamos de duas derrotas e um empate. É muito típico do Flamengo, muita raça, muita vontade, mas também mostramos alguma qualidade. Tivemos muitas chances de gol. As coisas vão acontecer", analisou Jorginho.
Com quatro pontos, o Flamengo está empatado em terceiro no Grupo B ao lado do Boavista. O Fluminense lidera com sete e o Resende vem atrás com seis, mas joga nesta quinta contra o Duque de Caxias e pode assumir a ponta. O Bangu soma dois pontos.
Jorginho arriscou desde o início, com um trio ofensivo formado pelos velozes Rafinha e Gabriel, com Hernane enfiado na área. O time ganhou o atrevimento necessário para chegar aos primeiro triunfo no returno. Uma vitória extremamente necessária, mesmo que ainda não traga a confiança ao torcedor de que o Flamengo é um time forte e seguro para desafiar o Botafogo, campeão da Taça Guanabara (primeiro turno).
As mudanças deram resultado e a equipe apresentou mais movimentação. É verdade que o Bangu abriu o placar logo no quarto minuto de jogo, em boa trama entre Sérgio Júnior e Hugo. Os afinados atacantes alvirrubros tabelaram e Júnior, livre, escorou para as redes.
Mas após este lance, o domínio rubro-negro foi amplo, ainda que com as falhas habituais, como erros de passe e decisões equivocadas. Rafinha e Luiz Antônio pela direita, Gabriel e João Paulo pela esquerda davam uma força ofensiva pelos lados de campo que faltava ao time. Gabriel teve duas chances claríssimas de empatar, em boas jogadas de Hernane.
Jorginho mexeu para o segundo tempo. Saiu Carlos Eduardo e entrou Rodolfo; Luiz Antônio por Renato Abreu. Errou e acertou. A primeira mudança deu mais dinamismo ao meio de campo. A segunda deslocou Elias para a lateral-direita e o time perdeu força por aquele setor.
Rodolfo tratou de tirar seus companheiros e o técnico do desespero aos 21 minutos. O meia promissor emendou uma patada de canhota no ângulo direito de Getúlio Vargas, dando vida nova à equipe e aos torcedores. A virada veio já aos 42, na base do abafa, da vontade e da sorte. João Paulo cobrou a falta pela direita, Yves desviou de cabeça e matou Vargas. A arbitragem concedeu o gol a João Paulo. Presente para o lateral e alívio para o técnico, que ganha um pouco de paz para trabalhar.