A Procuradoria-Geral da Suíça anunciou nesta sexta-feira (25) que abriu uma ação criminal contra o presidente da Fifa, Joseph Blatter.
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A decisão foi tomada por suspeitas de irregularidades cometidas pelo dirigente na assinatura de um contrato em 2005 com a Federação Caribenha de Futebol, na época comandada por Jack Warner, ex-presidente da Concacaf.
“Esse contrato foi desfavorável à Fifa”, disse o Ministério Público, em comunicado. Segundo a procuradoria, há a suspeita de que Blatter “violou” suas funções, cometeu uma gestão “desleal” e agiu “contra o interesse da Fifa”.
O comunicado do Ministério Público diz ainda que Blatter é suspeito de ter feito um pagamento irregular no valor de 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões) ao presidente da Uefa, o francês Michel Platini, com recursos da Fifa, em 2011, referente a serviços prestados entre janeiro de 1999 e junho de 2002.
Platini é o candidato favorito à sucessão de Blatter na eleição marcada para fevereiro, convocada após o atual presidente abrir mão do cargo em junho em meio ao escândalo que atinge a entidade.
Blatter está cooperando com investigação criminal suíça, diz advogado
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, está cooperando com uma investigação criminal suíça, disse seu advogado norte-americano nesta sexta-feira.O advogado Richard Cullen afirmou que um contrato que Procuradoria suíça afirmou ter sido assinado por Blatter em 2005 com a União Caribenha de Futebol foi “propriamente preparado e ne
Leia a matéria completaSegundo a procuradoria, Platini foi ouvido nesta sexta para “fornecer informação”. O cartola francês ainda não se pronunciou publicamente.
As autoridades suíças citam dois artigos do código penal local que podem atingir Blatter: um sobre má gestão e outro de apropriação indevida de recursos. Nos dois casos, a pena de prisão pode chegar a cinco anos.
O contrato suspeito de 2005 foi revelado pelo canal de televisão suíço SRF há duas semanas.
Blatter é acusado de vender a Warner os direitos de televisão das Copas de 2010 e 2014 por preços muito inferiores aos de mercado. Segundo contrato apresentado pelo canal, assinado por Blatter, os direitos de transmissão da Copa da África do Sul, de 2010, foram vendidos a Warner por US$ 250 mil, e os da Copa do Brasil, de 2014, por US$ 350 mil.
Na ocasião, Warner era vice-presidente da Fifa, além de presidente da Concacaf. Os direitos de transmissão afetavam apenas os países da União Caribenha de Futebol, composta por pequenos países como Haiti, Bermudas, Trinidad e Tobago e Bahamas, entre outros. Warner teria revendido os direitos por até US$ 20 milhões para uma empresa de sua propriedade.
O esquema envolveria também o ex-presidente da Concacaf Jeffrey Webb, preso em maio em Zurique com outros seis cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, na investigação conduzida pelas autoridades americanas sobre corrupção ligada a direitos de transmissão.
Webb aceitou ser transferido para os Estados Unidos em julho, onde cumpre prisão domiciliar -Marin ainda aguarda preso decisão do governo suíço sobre sua extradição.
Documentos foram apreendidos pela polícia no prédio da Fifa, em Zurique, nesta sexta.
Em nota, a Fifa diz apenas estar “cooperando” com a procuradoria, entregando todas informações solicitadas, como documentos e depoimentos prestados.
Blatter foi interrogado pela procuradoria na sede da Fifa nesta sexta após a reunião do comitê executivo. Ele havia cancelado em cima da hora a entrevista coletiva que tradicionalmente concede após reunião do órgão, o colegiado mais importante da entidade.
Blatter foi reeleito presidente da Fifa em maio. Quatro dias após o pleito, porém, diante do maior escândalo da história do futebol mundial, anunciou que vai deixar o cargo, ocupado por ele há 17 anos.
“Embora os membros da Fifa tenham me reelegido presidente, não pareço estar apoiado pelo mundo do futebol: jogadores, clubes. Vou continuar exercendo a minha função como presidente até um novo presidente ser escolhido”, anunciou Blatter em pronunciamento na sede da entidade, em Zurique, na época.
A Procuradoria-Geral também conduziu nesta sexta uma busca na sede da Fifa com o apoio da Polícia Criminal Federal. O escritório do presidente da Fifa foi vasculhado e dados foram apreendidos.
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