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Samuel Toaldo com Josiane Poleski e Vanderléia Barbosa: Goleiro de Aluguel bancou seleção de surdas. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Samuel Toaldo com Josiane Poleski e Vanderléia Barbosa: Goleiro de Aluguel bancou seleção de surdas.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Quando lançou o projeto Goleiro de Aluguel no começo do ano, o empresário Samuel Toaldo não tinha noção da proporção que o serviço tomaria. A ideia era que ele mesmo recebesse R$ 30 por partida para solucionar o maior problema de quem joga pelada nas quadras de Curitiba: a dificuldade em encontrar quem jogue no gol.

Da página pessoal no Facebook o projeto evoluiu para uma empresa, com 1.250 goleiros cadastrados em todo o Brasil e cinco patrocinadores, sendo um deles uma fabricante de luvas de goleiro. Toaldo e o sócio, Eugen Braun, lançaram semana passada uma loja virtual e preveem para 2016 a abertura de uma academia para arqueiros amadores – domingo (20), os dois participam de uma partida entre empresários no Maracanã. A empresa movimentou R$ 40 mil em cinco meses de operação, com planejamento de chegar a R$ 250 mil ao longo de 2016.

O serviço funciona da seguinte forma: o interessado solicita o goleiro pelo site dizendo a data, horário, local e tipo de quadra em que será a partida. Assim que o primeiro arqueiro demonstra interesse, é enviada uma mensagem de WhatsApp ao contratante, que aprova ou não o goleiro. Em janeiro, o serviço será facilitado com lançamento de um aplicativo. Por mês, o Goleiro de Aluguel tem atendido em média 200 jogos – 130 só no Paraná.

Apesar do sucesso comercial, Toaldo fez questão de manter o propósito original do projeto de ajudar ações sociais. Dos R$ 30 pagos por goleiro, R$ 18 ficam com o próprio jogador e R$ 12 vão para um fundo para doações – Toaldo e Braun já deram entrada na documentação para abrir uma ONG.

“Há dois anos, fui diagnosticado com depressão e o futebol me ajudou muito. Meus amigos vinham me buscar para jogar quase todos os dias, daí veio a ideia do Goleiro de Aluguel. Prometi que se a coisa engrenasse eu destinaria parte do dinheiro para ajudar quem precisa”, explica Toaldo.

Só em 2015, o Goleiro de Aluguel destinou R$ 8 mil para ações sociais, incluindo a colaboração com um projeto em Mali, na África, país que ganhou o noticiário mês passado pelo ataque terrorista a um hotel que vitimou 27 hóspedes e 13 terroristas. Após ver um vídeo do professor Vadjiguiba Diaby treinando crianças, Toaldo e Braun entraram em contato com ele pelo Facebook para ajudar o Centro Sadio Diarra, escolinha de futebol no bairro Sabalibougou, o mais pobre de Bamaco, a capital do país.

Escolinha de futebol do professor Vadjiguiba Diaby, em bairro carente de Mali, recebe apoio financeiro do Goleiro de Aluguel.Reprodução/Facebook

Sem o apoio do Goleiros de Aluguel, poderíamos perder a nossa sede

Vadjiguiba Diaby professor da escolinha Centro Sadio Diarra, no Mali.

O Goleiro de Aluguel repassa US$ 200 por mês ao centro para pagar o aluguel do galpão em que Diaby guarda os materiais de treino e dá aulas de francês e espanhol às crianças. “Sem esse apoio poderíamos perder nossa sede”, ressalta Diaby, cujo agradecimento a Toaldo e Braun vai além da ajuda na escolinha.

Pouco depois do primeiro contato com os sócios, o professor malinês deixou de mandar notícias. Ele havia sido acometido por malária. Sem dinheiro para o tratamento, Diaby sofreu dois dias em casa com fortes febres. Ao saber da doença, os donos do Goleiros de Aluguel enviaram dinheiro para o tratamento. “Nunca vou deixar de agradecê-los”, enfatiza Diaby, que chegou a convidar os proprietários do Goleiro de Aluguel para serem seus padrinhos de casamento mês que vem – Toaldo pretende visitar Diaby em 2017.

Uma das primeiras entidades ajudadas, ainda quando Toaldo tocava o projeto sozinho, foi a Associação Casa do Pai, lar de acolhimento em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, que abriga 16 crianças em situação de risco. Foram 20 bolas de futebol doadas. “Somos uma ONG filantrópica. Não temos renda além do convênio com a prefeitura. Por isso a doação foi muito bem-vinda”, atesta a assistente social Sthefanny Santos do Amaral.

Esse mês, o Goleiro de Aluguel ajudou com cestas básicas os desabrigados de Mariana (MG), vítimas do rompimento da barragem da mineradora Samarco.

Uniforme

A seleção feminina de futebol de salão de surdas também contou com colaboração. O Goleiro de Aluguel bancou R$ 3 mil para comprar os uniformes da comissão técnica e da equipe que pulou da penúltima colocação no Mundial de 2011, na Suécia, para o vice-campeonato no último dia 28, quando perdeu a decisão para a Rússia, na Tailândia.

“A gente ia usar os uniformes do outro Mundial. Só que algumas jogadoras não participaram da disputa anterior e não tinham uniformes. Não sei como resolveríamos o problema sem a ajuda do Goleiro de Aluguel”, atesta a capitã da equipe, Josiane Poleski, de 29 anos.

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