Na última quarta-feira (2), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Da outra vez que um presidente esteve arriscado de perder o mandato, Fernando Collor, em 1992, um dos personagens foi o então deputado federal e manda-chuva do futebol paranaense Onaireves Moura.
Comandante da Federação Paranaense de Futebol (FPF) por 22 anos, Moura era da “tropa de choque” de Collor na Câmara. Entretanto, traiu o presidente da República no dia da votação para a abertura do impeachment.
Dias antes, o cartola organizou um banquete para a cúpula de Collor em Brasília. O apoio chegou a detonar protestos em Curitiba – manifestantes atiraram pedras na imobiliária do presidente da FPF.
No dia 29 de setembro, Moura virou a casaca. Surpreendeu a todos e foi um dos 441 votos a favor da abertura do processo de impeachment – 33 foram contra. Em 29 de dezembro, Collor renunciou e, no dia seguinte, o Senado o condenou à perda do mandato e inelegibilidade por oito anos.
Perda da posição política que Moura vivenciaria no ano seguinte ao impeachment. Em 1993, o presidente da FPF teve o mandato cassado por falta de decoro parlamentar, acusado de pagar deputados para reforçar a legenda de seu partido, o PSD (Partido Social Democrático). Mais tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) absolveria o cartola.
De volta ao cenário do futebol, Moura seguiu acumulando polêmicas. Denunciado por uma série de irregularidades à frente da federação, foi destituído do cargo em 1998, preso três vezes (2000, 2006 e 2007) por sonegação fiscal até deixar o comando da FPF em abril de 2008.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura