Vida e morte
A trajetória quase centenária do Azulão:
Nascimento
O Iraty é um dos clubes mais antigos do Paraná. Foi fundado em 21 de abril de 1914, por um grupo de esportistas comandado por Antônio Xavier da Silveira. No ano que vem, se junta ao rol dos times centenários do estado, ao lado de Coritiba, Operário e Rio Branco (faz 100 anos em outubro).
Final
Em 1961, chama a atenção pela primeira vez ao decidir com o Ferroviário o título da Região Sul do Estadual.
A volta
Depois de um tempo ausente das competições, volta em 1991, se licencia em 96 e, a partir de 97, passa a jogar os estaduais ininterruptamente.
Grande momento
Em 2002, vive o melhor momento de sua longa trajetória, ao conquistar o Paranaense que incluía somente os clubes do interior. Em seguida, no chamado "Supercampeonato" com Atlético, Coritiba, Paraná e Malutrom alcança as semifinais.
Pior momento
Dez anos depois, o pior ano da história. Tudo começou mal em 2012, com a ameaça do Iraty de não participar do Paranaense, em virtude de problemas com a liberação do Estádio Emílio Gomes. Resolvida a pendência, a equipe foi a campo formada basicamente por jovens. O resultado foi o pior possível. Em 22 partidas, uma vitória, seis empates e 15 derrotas, a última colocação e o rebaixamento.
Crise
O descenso inicia uma crise interna, que explode em maio, com o anúncio da despedida do futebol profissional. Uma briga entre a diretoria e a parceira SM Sports faz com que o Iraty decida não jogar o sub-18, condição para integrar a Divisão de Acesso neste ano. O clube decide desmontar a equipe.
Após decidir abandonar o futebol profissional em 2012, o Iraty tenta neste ano "ressuscitar" para a bola. O clube da Região Centro-Sul do estado busca uma vaga na Divisão de Acesso do Paranaense, marcada para iniciar em maio. "Estamos tentando reorganizar as coisas, ver o que é possível fazer. Nossa intenção é voltar com o futebol", afirma Geraldo Campagnoli, presidente do Azulão.
Depois do anúncio dramático do encerramento das atividades, feito em maio, depois do rebaixamento para a Segunda Divisão, o clube se desfez de todos os seus atletas, incluindo as categorias de base.
Quem vai ao Estádio Emílio Gomes encontra apenas meninos, de 9 a 15 anos, participando das escolinhas. A praça esportiva, entretanto, segue recebendo os cuidados normais. Apesar disso, refazer todo o departamento de futebol não seria problema, segundo o dirigente. "Acredito que podemos montar um time facilmente. Não é a parte mais difícil. Já temos alguns contatos", afirma Campagnoli.
Jogadores jovens não aproveitados por Coritiba e Paraná podem servir para a retomada dos trabalhos, visando um retorno triunfal à elite do Paranaense em 2014, ano do centenário do Azulão. O dirigente desconversa. "Ainda estamos buscando, não há nada confirmado", diz.
De certo, que são boas as relações tanto com coxas-brancas quanto com paranistas. O atacante Arthur, hoje no Couto Pereira e com passagem pela Vila Capanema, despontou nas categorias inferiores do Iraty.
Além de possíveis reforços vindos da capital, existe a chance da ajuda de uma antiga parceira: a SM Sports. Embora o fim do acerto com a empresa de Sérgio Malucelli hoje responsável por gerir o futebol do Londrina tenha contribuído para o fechamento do Iraty, está sendo costurada uma reaproximação.
Outro empurrão viria da prefeitura local, interessada em contar novamente com o principal expoente do esporte na cidade a 150 quilômetros de Curitiba e com mais de 56 mil habitantes.
A "ressurreição", no entanto, não depende apenas da disposição de dirigentes e da camaradagem de parceiros eventuais. Passa também, e primordialmente, pelos bastidores da Federação Paranaense de Futebol (FPF).
E aí, antes de qualquer outra coisa, a entidade precisa esclarecer a situação atual do Iraty. Por ter desistido de disputar o sub-18 no ano passado, e considerando o regulamento da FPF, o Azulão teria de sofrer mais um descenso, agora para a Terceira Divisão. "Nós não recebemos nada se estamos na Terceira Divisão ou não", aponta Campagnoli.
Porém, mesmo se confirmada a nova queda, o time do interior poderia ser convidado pela Federação para integrar a Divisão de Acesso, ocupando a vaga de uma agremiação desistente no ano passado, Grecal e Grêmio Maringá entraram na competição dessa maneira.
Outra alternativa seria a extinção da Terceira Divisão, cogitada na temporada anterior. "Precisamos esperar pelo arbitral [que deve acontecer em março] para termos uma ideia melhor de toda a situação. Da mesma forma, vamos procurar um parecer jurídico. Por enquanto, não podemos falar nada sobre o assunto", encerra Hélio Cury, presidente da FPF.
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