Representantes de 27 federações estaduais aprovaram nessa terça-feira (16), por unanimidade, o balanço de 2012 da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cujo lucro no período foi de R$ 55 milhões. A reunião, que transcorreu em clima de tranquilidade, começou com o presidente José Maria Marín explicando as denúncias de que teria havido superfaturamento na compra da nova sede da entidade.
O cartola apresentou avaliações de três consultorias do ramo que comprovariam que os R$ 70 milhões gastos na transação estariam dentro do padrão do mercado. Marín anunciou a compra do prédio, com oito salas comerciais, no dia 27 de junho, mas só assinou a aquisição no dia 31 de agosto. Nesse período de dois meses, cinco das oito salas foram vendidas a intermediários por R$ 12 milhões. As mesmas foram repassadas para a CBF por R$ 43 milhões. Outras três foram vendidas diretamente por R$ 27 milhões.
"Se antes [dois meses] custou mais barato, fazer o quê?", disse o presidente da Federação do Tocantins, Leomar Quintanilha, ao sair da reunião. "Estou tranquilo por ter ouvido o presidente."
Se ganhou o apoio interno, Marín ainda terá de encarar desconfiança do desafeto Romário. O deputado federal pelo Rio (PSB), que desde o ano passado tenta emplacar uma CPI para investigar a CBF, afirmou que irá solicitar os documentos sobre a compra da futura sede da confederação. "Pelo que eu vejo, já está mais que comprovado que houve superfaturamento. A gente tem de denunciar e fazer com que a CBF dê suas explicações", afirmou o Baixinho, que ainda vai pedir uma investigação sobre o negócio.
"Vou procurar levantar documentos na Junta Comercial do Rio, vou estudar e passar para pessoas que são capazes de analisar isso", reiterou. Ele fez essas declarações ao participar de vistoria das obras no Estádio Nacional de Brasília que ele disse duvidar que seja entregue no dia 18 de maio.
A paz encontrada por Marín na assembleia da CBF tinha explicação política. O grupo majoritário de presidentes de federação condicionou uma divisão mais ampla das receitas da entidade para aceitar o candidato indicado pelo cartola na próxima eleição, em abril de 2014 tudo indica que o escolhido seja Marco Polo Del Nero, vice-presidente da Confederação e mandatário da Federação Paulista.
A primeira reivindicação de parte dos 27 votantes é que a mesada para as federações, hoje de R$ 50 mil, seja, no mínimo, dobrada. Algumas federações, no entanto, não vão se contentar com R$ 100 mil por mês. "Tem as que querem R$ 150 mil, R$ 200 mil e até um pouco mais. Isso vai render", disse o presidente de uma das federações que se nega a receber "agrados" da CBF.
Outro dirigente, de uma federação sem representantes nas Séries A e B, revelou que o valor de um voto para a sucessão de Marín será alto. "Seria em torno de R$ 100 mil?", questionou o repórter. "Isso é para clubes, coisa miúda. Com as federações a conversa é mais séria", disse, depois de indagado sobre denúncia recente de Romário (PSB-RJ) de que a eleição de 2014 da CBF já estaria comprada.
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