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José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso desde 2015. | Foto: Sidney Oliveira/ Ag. Pará - 21/01/2014/Foto Públicas
José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso desde 2015.| Foto: Foto: Sidney Oliveira/ Ag. Pará - 21/01/2014/Foto Públicas

A defesa do ex-cartola José Maria Marin alegou à Justiça norte-americana que a única prova que existe contra o brasileiro no escândalo de corrupção do futebol é uma “gravação vaga” em que o dirigente pedia dinheiro. A informação faz parte de um apelo de Marin ao Tribunal de Nova Iorque para que ele seja julgado de forma separada dos demais 41 indiciados no caso de corrupção da Fifa. Ele justifica que sequer conhecia muitos dos demais implicados no escândalo e que teve uma “participação menor” nas acusações.

A estratégia de ex-cartolas de dizer que sequer se conheciam está sendo a mais usada pelas diversas defesas. Nesta semana, além de Marin, mais três outros dirigentes indiciados nos EUA usaram o mesmo argumento para pedir que seus casos sejam considerados de forma isolada.

Ex-presidente da CBF Marin foi preso em maio de 2015 em Zurique. Depois de ser transferido aos EUA, passou a viver em prisão domiciliar. No indiciamento, os procuradores americanos usam uma gravação feita por José Hawilla para denunciar Marin por corrupção. Na conversa, o ex-presidente da CBF indica que “chegou a hora” de o dinheiro ir também para ele, num esquema de direitos de transmissão para a Copa do Brasil.

Hawilla, que naquele momento já cooperava em sigilo com a Justiça dos EUA, o gravou e entregou as provas à polícia americana. Agora, a defesa de Marin insiste que isso não basta como prova e quer um julgamento separado.

“As acusações aparentam sair de uma só gravação, vaga por uma das partes que coopera”, indicou o documento da defesa do ex-presidente da CBF. “Não há provas de receber dinheiro, apesar de o indiciamento trazer transações (sobre outros dirigentes)”, insiste sua defesa. “A evidência discreta contra Marin se contrasta com o dilúvio de evidências em conspirações não relacionadas com ele”, afirmam.

No final de 2016, o Estado de S. Paulo revelou com exclusividade como Marin tentou se afastar dos demais dirigentes e esclarecer aos juízes que não poderia ser comparado nem a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e nem a Marco Polo Del Nero, o atual presidente. Nesta terça-feira (31), a defesa de Marin entregou aos juízes americanos um pedido formal para que ele seja julgado em um processo isolado.

Nele, os advogados justificam que, diante da avalanche de dados que seriam apresentados contra os 42 indiciados no escândalos da Fifa, os juízes acabariam sendo contaminados pelas informações e acabariam condenando Marin, sem avaliar as provas individuais.

Para a defesa, o brasileiro é acusado de “apenas” sete crimes, dos 92 citados no indiciamento do “Fifagate”. Dos 522 parágrafos do documento da procuradoria, o nome de Marin apenas aparece em sete deles. “Marin enfrenta apenas um punhado de acusações, enquanto outros uma lista de lavanderia de acusações e estão implicados em múltiplas conspirações”, alegam seus advogados.

O ex-presidente da CBF teria tido “uma participação menor” no indiciamento de 236 paginas e seria citado em três dos 38 esquemas de conspiração.

Diante desse argumento, seus advogados apontam que julgá-lo ao lado dos demais dirigentes seria “injusto”. Para eles, os procuradores americanos “não conseguiram provar” que Marin estava relacionado com outros crimes e o dirigente sequer conhecia alguns dos indiciados.

Para a defesa, portanto, as 10 milhões de páginas do processo acumulados pelos procuradores poderia “confundir o jurado” sobre o papel de Marin.

A versão da defesa do brasileiro, porém, não era a mesma do Departamento de Justiça da Suíça que, em 2015, indicou que Marin “aceitou e compartilhou” propinas com outros dirigentes relativos a contratos comerciais na Copa do Brasil. “Seus atos afetaram financeiramente a CBF, assim como as duas associações continentais”, disse o Departamento.

O Estado de S. Paulo apurou que a Justiça americana já sabe que, quando Marin declarou ao empresário J. Hawilla que parte de um dinheiro de propina deveria ir a ele, quem o acompanhava era Del Nero. Instantes antes da conversa que foi gravada pelo executivo e entregue à Justiça americana, o atual presidente da CBF alertou Marin a não falar com Hawilla, apontando que ele estava sendo investigado nos EUA.

Mas não adiantou. “Pode deixar”, disse Marin a Del Nero, indo na direção de Hawilla e pedindo a propina. Del Nero permaneceu em silêncio.

Segundo Berna, Marin ainda é “suspeito de ter aceito e compartilhado com outros responsáveis o suborno em relação com os direitos de marketing para a Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023”. Pelo inquérito americano, uma tabela de preços de propinas foi montado pelas empresas que pagaram o suborno para ficar com o contrato. Marin teria recebido US$ 3 milhões na condição de presidente da CBF.

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