O futebol é pródigo em criar mitos. O problema é que com o tempo muitas das lendas ganham status de verdade. Veja abaixo algumas situações relacionadas a Atlético, Coritiba e Paraná que não passam de lorotas que viraram “fatos” com o passar dos anos e a falta de memória dos torcedores.
O jogo que o Atlético “entregou”
A lenda: o Atlético vendeu para o Flamengo a classificação para a decisão do Brasileiro de 1983, no intervalo do segundo jogo da semifinal, vencido por 2 a 0.
A verdade: O mito é fruto da decepção atleticana por não chegar à final – a repetição do placar no jogo de ida, 3 a 0, valia a vaga. Ganhou força também por causa do clima de desconfiança da época – um ano antes, em 1982, a revista Placar denunciou a máfia da Loteria Esportiva, que contava com jogadores para fabricar resultados. O problema do Furacão é que, após abrir os 2 a 0 em 20 minutos, os cariocas se arrumaram em campo, trancando os avanços do ponteiro Capitão, principal arma dos paranaenses. E o Flamengo era, apenas, o campeão mundial de 1981, com Zico, Leandro, Júnior, Adílio etc. Veja fotos do jogo.
O “rolo” do Coritiba com Krüger e Kosilek
A lenda: Evangelino Neves, presidente do Coritiba, ludibriou os portugueses do Vasco ao vender Krüger e entregar Kosilek. Os dois eram claros e tinham nome que começava com a letra K.
A verdade: o Chinês, como Evangelino era chamado, entrou para a história pelos títulos no Coxa e negociações pouco ortodoxas. Foram tantas que qualquer coisa atribuída ao cartola parecia possível. O fato é que no início de 1970 o Vasco veio contratar Krüger, destaque coritibano. O Alviverde pediu 400 mil cruzeiros, os cariocas acharam caro e, mais tarde, levaram outro bom jogador daquela equipe, Kosilek, pela metade do valor, 200 mil cruzeiros. Simples assim.
A “contribuição” de cada um para fundar o Paraná
A lenda: Na fusão para fundar o Paraná, em 1989, o Colorado entrou com a torcida e o Pinheiros com o patrimônio.
A verdade: a torcida do Colorado era maior que a do Pinheiros, não há dúvida, mas não era um contingente expressivo. Fusão em 1971 de Britânia, Palestra Itália e Ferroviário, o clube não conseguiu reunir os adeptos dos três fundadores – parte dos cartolas do Ferroviário, por exemplo, foi contra a união. E assim o Colorado foi se acostumando com públicos pequenos, com exceções, como no Brasileiro de 1983 – em 1988, a média de comparecimento foi de 4 mil pessoas. Além disso, o Colorado também contribuiu com patrimônio para originar o Tricolor: o estádio Durival Britto, o terreno na Av. das Torres onde era o campo do Britânia e o clube no Tarumã.
O “soco” de Petraglia
A lenda: após o Atletiba de 1995 que o Atlético perdeu de 5 a 1 para o Coritiba, Mario Celso Petraglia deu um “soco na mesa” e assumiu o Furacão.
A verdade: ainda em 1994 o Rubro-Negro já sofria com uma guerra política de bastidores. Um grupo oposicionista, liderado por Petraglia, atualmente presidente do Conselho Deliberativo do clube, pretendia tomar o poder democraticamente, nas eleições de dezembro de 1995. O vexame no clássico apenas acelerou o processo que culminou com a saída de Hussein Zraik da presidência e a entrada de um grupo gestor que contava, além de Petraglia, com Ademir Adur, Ênio Fornea, Marcos Coelho e João Augusto Fleury da Rocha.
O “tiro na bola” do Meneghel
A lenda: para evitar uma cobrança de pênalti contra o União Bandeirante, Serafim Meneghel, cartola do clube, deu um tiro na bola.
A verdade: líder do União Bandeirante, um dos clubes mais tradicionais do Norte Pioneiro, Meneghel entrou para a história do futebol paranaense. Invasões de campo, times fortes, transações de jogadores polêmicas, colecionou inúmeras passagens curiosas. Entretanto, nem tudo foi verdade. E, infelizmente, a história do tiro na bola não passa de mentira. Conforme o próprio comentou em entrevista à Gazeta do Povo, em 2013, foi uma invenção do amigo José Carlos Malucelli.
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