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San Lorenzo e Nacional começam a disputa pelo título da Libertadores nesta quarta | Reuters
San Lorenzo e Nacional começam a disputa pelo título da Libertadores nesta quarta| Foto: Reuters

San Lorenzo da Argentina e Nacional do Paraguai começam na próxima quarta-feira (6), às 21h15 no horário de Brasília, a decidir a Copa Libertadores da América de 2014. É a primeira vez que as duas equipes disputam uma final da competição. Em comum também o fato de serem duas equipes fundadas a partir de equipes de jovens na primeira década do século XX e de terem ambos a quinta maior torcida de seus países. A Gazeta do Povo mostra cinco curiosidades do San Lorenzo e cinco do Nacional do Paraguai.

San Lorenzo

1- Questão de fé

Se hoje o San Lorenzo é conhecido por ser o time de coração do Papa Francisco, que inclusive rezou a missa do centenário do clube em 2008, a ligação com religiosos é mais antiga do que se pensa, remontando à fundação do clube. Garotos que jogavam bola na parte do bairro de Almagro que atualmente é Boedo foram acolhidos por um padre salesiano, Lorenzo Bartolomé Martín Massa, que os livrou de jogar no meio da rua. Foi o religioso que incentivou a mudança de nome da equipe, dando origem ao San Lorenzo. Inclusive o time tem como um dos apelidos "Santo".

2- Craque de saída

O meia Ignacio Piatti tem 29 anos e já é um jogador rodado. O destaque do Ciclón está preparado para mais milhagem na carreira. Após a Libertadores, o meio-campista, que passou por Talleres, Chacarita, Saint-Étienne, Gimnasia e Independiente, atravessará o continente para jogar na MLS, a principal liga de futebol dos Estados Unidos. Ele defenderá o Montreal Impact, um dos times canadenses que disputam a competição.

3- Retorno a Boedo

De sua fundação até 1979, o San Lorenzo mandou seus jogos no Gasómetro, no bairro de Boedo, onde o clube foi fundado. Endividado e pressionado pela ditadura militar argentina, que estava de olho no preço dos terrenos valorizados em Buenos Aires, viu sua diretoria vender o estádio naquele ano. Desde então, os Cuervos viraram peregrinos por vários estádios na capital até inaugurarem em 1993 o Nuevo Gasómetro, em Flores, um bairro pobre da cidade. Com uma lei de restituição histórica a quem perdeu posses por causa da repressão em vigor, os torcedores fizeram um movimento, invadindo e pintando Buenos Aires de azul e grená para retomar o velho lar, hoje ocupado por um hipermercado. Conseguiram em 2012 a aprovação do retorno. Um novo estádio tem previsão de entrega para 2018 e o atual terá o terreno repassado para a prefeitura.

4- O último grande sem Libertadores

O San Lorenzo é o único dos cinco grandes argentinos (Boca, River, Independiente e Racing são os outros) a não vencer pelo menos uma Libertadores. Isso faz do Casla motivo de chacota dos adversários, que dizem que a sigla do clube significa "Clube Argentino Sem Libertadores da América". A chacota fica maior quando comparam com times que brigam para ser o sexto grande argentino e que já ganharam a competição: Estudiantes, Argentinos Juniors e Vélez Sarsfield.

5- Crise argentina de 2001 afetou time

A crise argentina de 2001 com o país chegando a pedir moratória afetou o San Lorenzo, adiando primeiro título internacional em mais de um mês. O clube iria decidir no dia 19 de dezembro daquele ano a última edição Copa Mercosul contra o Flamengo em Buenos Aires. Porém, protestos populares, o famoso Panelaço, fizeram com que a partida fosse adiada para 24 de janeiro de 2002, quando a situação ficou menos instável. Na nova data, os Cuervos bateram o Urubu por 4 a 3 nos pênaltis e levantaram a taça. Daquele time, há um remanescente no atual: o meia Leandro Romagnoli.

Nacional do Paraguai

1- O jejum do fundador

O Nacional é um dos times mais antigos do Paraguai, fundado em 1904. O time tem a prerrogativa de, junto com Olímpia, Guaraní e Libertad, fundar o Associação Paraguaia de Futebol. A Academia era uma das grandes forças do início do Campeonato Paraguaio, ganhando seis vezes entre o início, em 1906 e 1946. Depois disso, foram 63 anos de jejum, com torcida escasseando e o clube quase fechando após beirar a falência. Reestruturado, o Nacional Querido, apelido que veio do fato de ser considerado o segundo time de todos os paraguaios, voltou a vencer em 2009, ganhando mais duas vezes após o fim da seca.

2- Novidade na seleção paraguaia

O destaque do Nacional é o meia central Derlis Orué. O baixinho de 1,72 metro está no Nacional desde 2011 e marcou três gols na competição. A boa fase do jogador de 25 anos rendeu suas duas primeiras partidas na seleção paraguaia, que passa por renovação após fiasco nas Eliminatórias para a Copa de 2014. O técnico Victor Genés o colocou para jogar 45 minutos contra Camarões e 15 minutos contra a França, em que os paraguaios foram sparing das duas seleções.

3- Inspiração e irmandade

O Nacional tem esse nome devido aos adolescentes que o fundaram serem oriundos do Colégio Nacional. As primeiras camisas do time eram alviverdes. O escudo era alvinegro fazendo alusão ao Colégio Nacional. Em 1918, o Nacional do Uruguai emprestou uniformes aos xarás paraguaios. Assim, o Nacional Querido resolveu adotar as mesmas cores dos uruguaios, que coincidentemente são as cores da bandeira nacional do Paraguai, ficando com escudos parecidos (o da esquerda é uruguaio e o da direita é paraguaio). Os dois clubes têm até hoje uma ótima relação.

4 – O grande portal místico

O Nacional virou um club cult no Brasil graças a seu site não-oficial. O NacionalQuerido.com. Criado em 2004 pelo torcedor Lito Villagra e usando tecnologia e design da época, o inflamado site transporta o leitor para a década de 90. A intenção de Villagra era a de resgatar a autoestima do torcedor nacionalófilo, em baixa durante o longo jejum e após quase ter acabado. O site embalou o renascimento dos Tricolores e tem a maioria dos acessos vindos do Brasil. Infelizmente, deixará de ser atualizado no fim deste ano, com Villagra considerada como cumprida sua missão de torcedor.

5 - Pelé paraguaio, ídolo de Di Stéfano

O maior orgulho do Nacional é o atacante Arsenio Erico (* 1915 - + 1977), que começou e encerrou a carreira no clube, mas se notabilizou por ser o maior artilheiro da história do Campeonato Argentino pelo Independiente. Considerado o maior jogador paraguaio da história, ele começou no time Albo aos 15 anos, em 1930, e só não foi para uma Copa do Mundo por causa primeiro da idade, depois por atuar fora do país e ainda por se recusar a se naturalizar argentino. É atribuído a Arsenio Erico a invenção do tipo de chute acrobático que veio a ser conhecido como "escorpião". Teve como um de seus fãs ilustres o craque argentino Alfredo Di Stéfano, morto neste ano, que disse que queria ser pelo menos um imitador de Erico.

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