A falta de compreensão das crianças de Chapecó para a perda dos ídolos mostra uma das faces mais tristes da tragédia com o time da Chapecoense.
A ‘onda verde’ no oeste catarinense – fruto da súbita ascensão do clube na elite do futebol nacional – arrebatou os mais novos.
E eles potencializam a dor, com lágrimas, questionamentos e presença constante nos arredores da Arena Condá, casa do clube e palco do velório coletivo deste sábado (3).
A lacuna deixada pelo time –que perdeu 44 membros, destes 19 jogadores, com a queda do avião nas proximidades de Medellín, Colômbia –aos torcedores com menos de 15 anos deixa o trauma ainda mais evidente.
Carlos Miguel, de 5 anos, é um caso clássico. O garoto é conhecido por usar nos jogos um cocar que o pai Alessandro Garcia comprou. O menino apareceu até em uma publicação da Fifa. Conhecido como o “indiozinho da Chape”, é a imagem mais comovente do adeus à equipe. No gramado do estádio, derruba constantemente algumas lágrimas, além de secar as da mãe.
“Do nada ele pergunta se os amigos estão vivos. Porque era isso que eles eram para nós, todo mundo aqui é uma família”, diz o pai. O pequeno está sendo atendido pelos psicólogos que ajudam as famílias e amigos das vítimas. “Estamos fazendo o que os psicólogos dizem, tentar fazer com que esse momento se torne uma lembrança boa, de união e apoio entre as pessoas em momentos difíceis”, fecha.
As crianças aparecem toda hora com os pais para acender velas e tentar entender o que aconteceu.
Nos cartazes pendurados no estádio, a maioria são das crianças. Um deles, assinado por Beatriz Lara, diz que a pequena aprendeu a torcer para a Chape ainda aos seis anos.
Do Colégio Estadual Pedro Maciel, que é vizinho da Arena Condá, surge Thiago de Souza e Erika Lemes, ambos com 12. “O que tinha aqui acabou. Aquele era o nosso time e eles se foram”, lamentam.
Flagras de crianças aos prantos ou colando cartazes marcam a cidade nestes dias de luto. Um desses flagras rodou o mundo. O menino Richard Ferreira do Nascimento, de 7 anos, foi fotografado na arquibancada da Arena Condá de pés descalços e cabeça baixa. “Ele veio aqui querendo ver o jogo e viu o gramado vazio”, conta a mãe do garoto, Maristela dos Santos. “As crianças, pela falta de maturidade, horas conseguem aceitar, horas não. Vejo isso no Richard, que às vezes se revolta com o que aconteceu”, conta.
Abraçado na mãe, o garoto fala que é fã do zagueiro Neto. Sobre a Chapecoense a palavra é uma só: “vai dar saudade”.
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