O técnico Claudinei Oliveira era a esperança do Paraná para conquistar o acesso na Segundona. Depois de ser eleito o melhor treinador do Paranaense e levar o Tricolor à semifinal do torneio regional, acabou demitido na 8ª rodada da Série B . As desavenças com a diretoria do clube e a goleada de 5 a 1 sofrida para o Náutico custaram o cargo do treinador, que deixou o clube na 13ª posição, seis pontos do G4.
Claudinei ficou pouco mais de dois meses desempregado até ser chamado pelo Avaí, que brigava desde o início da Segundona na parte de baixo da tabela e ocupava a 14ª colocação, na época com os mesmos 26 pontos que o Paraná. Em 10 jogos, o treinador conquistou oito vitórias, um empate e fez o clube catarinense saltar para a 4ª posição, lutando por uma vaga na Série A. É o melhor time do returno da competição.
TABELA: Confira a classificação atualizada da Série B
O treinador passou a limpo sua saída da Vila Capanema em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, explicou as desavenças com diretor de futebol afastado futebol Durval Lara Ribeiro, o Vavá, e passou a limpo sua passagem pelo Tricolor. Confira:
Você assumiu o Avaí em 14º e agora está brigando pelo acesso. Como foi essa arrancada com o clube catarinense?
Eu cheguei logo após a vitória contra o Sampaio Corrêa e pelo menos o momento não era tão ruim. Então eu comecei a implantar algumas coisas que achei necessário. Não praticamos um futebol vistoso, mas estamos sendo competitivos e os jogadores entenderam a nossa proposta. A gente organizou bem a defesa e o time entendeu que tinha de jogar compactado em 35 metros.
Série B: confira as chances de acesso e rebaixamento de Paraná e Londrina
Leia a matéria completaE como foi a sua saída do Paraná? Você guarda mágoa? Muita gente atribui a queda de rendimento do time à sua demissão...
A saída foi uma decisão do clube. Eu não gosto de questionar essas decisões. Na cabeça da diretoria eles estavam fazendo a coisa certa. Na minha opinião, ainda não entendi por que saí. O vestiário estava tranquilo, porém teve a goleada contra o Náutico [5 a 1] e a campanha não era ideal. Mas eram oito rodadas e o futebol é feito em cima dos resultados.
Como foi a conversa com a diretoria?
O Carlos [Werner, superintendente] e o Leonardo [Oliveira, presidente] me chamaram e falaram que queriam mudar tudo. Eu coloquei o meu ponto de vista, de que o trabalho estava sendo feito da maneira correta e falei das minhas convicções. Sempre teve respeito e foi uma conversa de alto nível profissional.
A saída foi uma decisão do clube. Na cabeça da diretoria eles estavam fazendo a coisa certa. Na minha opinião, ainda não entendi por que saí
O Vavá, diretor afastado pelo clube depois da sua demissão, criticou publicamente a postura defensiva do time. Concorda com ele?
Na minha cabeça eu tinha bem claro que a gente tinha de jogar daquela forma. A gente tinha jogadores velocistas e agudos. Eu já montei equipes sem volantes, mas o treinador tem de montar o time com o que ele tem. Tanto que o Avaí joga dessa forma, com transição rápida. Foi o momento que o Vavá deu aquela entrevista [depois do jogo contra o Londrina] que talvez não tivesse de ter exposto. Eu também dei uma entrevista depois que poderia ter evitado . Mas agora é mais fácil falar, na época os ânimos estavam mais quentes.
Você deixou o clube brigado com o Vavá?
Não teve nenhuma mágoa. Espero não ter deixado nenhum inimigo. No dia que eu saí, bati um papo com o Vavá e foi tranquilo, ele me ligou em casa e nos acertamos sem problemas. A divergência de opiniões no futebol é normal. Mas eu estava convicto que estava fazendo um bom trabalho.
O Paraná sofreu durante a temporada com desfalques e você trabalhou com um elenco enxuto no Estadual. Como era trabalhar dessa forma?
O elenco enxuto a gente já sabia que ia trabalhar. Foi passado isso pra mim, de que seriam poucas contratações e mais os jogadores da base. E nós demos um volume de jogo bom no início do Paranaense. Encaixamos rápido. Ninguém esperava que fosse tão bom e a gente começou a querer algo mais. Não poupamos jogadores porque o clube precisava da receita e nós queríamos ser os primeiros colocados no Estadual. A gente tinha uma forma de jogar e o torcedor sabe disso. Mas fomos levando e uma hora isso cobrou. Tivemos desfalques importantes no início da Série B.
Você era um treinador que parecia ter o perfil do clube e que iria ficar por mais tempo no cargo. Você sentia isso também e acreditava que poderia levar o Paraná ao acesso?
Olha, eu esperava ficar sim. Achava que ia ficar bastante tempo no clube. Até pelo carinho do torcedor, é logico que não é 100% da torcida, mas sentia isso da torcida. Me adaptei à cidade e criei essa relação. No Paranaense eu procurei não enganar a torcida, avisei que nosso time tinha limitações, elenco enxuto e eles compraram a ideia. A torcida do Paraná é assim. Eles entendem a situação. Eu tinha convicção no meu trabalho e achava que íamos fazer uma boa Série B. Era só encaixar uma série de bons resultados que era possível. Mas a gente sabe que a paciência no futebol é curta. Todo treinador quer chegar e ficar um tempo no clube, ninguém quer chegar e sair logo. No Avaí eu estou sentido isso também. Vamos ver.
Eu achava que eu ia ficar bastante tempo no clube. Tinha convicção no meu trabalho e achava que íamos fazer uma boa Série B. Era só encaixar uma série de bons resultados que era possível. Mas a gente sabe que a paciência no futebol é curta
Voltaria a trabalhar no Paraná?
Eu torço pelo Paraná e eu gosto muito do clube. Espero trabalhar um dia novamente aí, mas não agora. Está muito cedo e foi tudo recente. As coisas têm de esfriar mais. Mas é um clube que criei identificação. O que eu sempre gostei do torcedor do Paraná foi que eles entendem e apoiam o time quando sabem que está sendo bem feito. Na minha primeira passagem em 2014, não me lembro que jogo, depois da Copa do Mundo, nós perdemos em casa, só que o time jogou bem. E mesmo com a derrota, eles viam que o time estava melhorando, eles tinham paciência.
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Para finalizar, o que você está achando da Série B deste ano?
Está muito legal, né? O campeonato está bom e bem equilibrado. Isso é interessante. Muitos times brigando pelo acesso e nós conseguimos se credenciar também. É uma competição que uma sequência de vitórias como nós tivemos com o Avaí, você dá um salto na tabela. Tem equipes fortes e que investiram mais, como Bahia e Goiás, quem têm elenco, peça de reposição. Então acho que vai ser assim até o final.
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