Quando um jogador do Paraná sente que algo não anda bem, a porta da sala do técnico Nedo Xavier, no CT Racco, está sempre aberta para o diálogo.
É apostando nesta relação de amizade com os atletas e na sinceridade na hora das cobranças que o comandante espera pôr fim ao jejum tricolor de quatro jogos sem vencer na Série B, na noite deste sábado (6), às 21 horas, contra o Paysandu, no Mangueirão.
“Tem de ser autêntico, jamais vou mentir para nenhum atleta meu, eles sabem a minha forma de trabalho. Sou amigo, converso, falo que minha sala está à disposição de todos. O maior segredo do futebol é a lealdade, olhar no olho do jogador e poder dizer que ele errou”, explica Nedo.
Ex-zagueiro, curitibano, 62 anos, Valdonedo da Silva Xavier, o Nedo, iniciou a carreira como jogador no Colorado, um dos clubes que deram origem ao Paraná. Rodou por times do Brasil e Portugal antes de encerrar a história como defensor no futebol norte-americano, em 1985.
Onze anos depois, no rival Coritiba, começou a engatinhar na função de treinador, atuando nas categorias de base do Coxa. Em 1998, já no posto de auxiliar-técnico do profissional, Nedo se envolveu na grande polêmica de sua carreira. Fato que, admite, prefere apagar da memória.
Durante a disputa do Paranaense de 98, Nedo e o então vice-presidente do Coritiba, José Carlos Vialle, foram acusados por Sérgio Malucelli, à época gestor do Irati, de tentativa de suborno do goleiro Roberto, então reserva do time do interior.
Malucelli apresentou fitas de gravações de conversas telefônicas entre Roberto, Nedo e Vialle. Em uma delas, Nedo estaria propondo R$ 15 mil ao arqueiro, então cotado para ser titular, para facilitar o jogo para o Verdão. Em outra, Vialle confirmava a proposta a Roberto. Após o escândalo, tanto Nedo como Vialle pediram demissão do Alto da Glória.
“Isso faz parte do passado, é um caso de mais de 15 anos, não lembro, não gosto de relembrar, coisa que já aconteceu, prefiro esquecer”, admite Nedo que, após o fato, iniciou longa peregrinação por mais de 20 clubes do futebol brasileiro, antes de ganhar nova chance na cidade natal. “Aqui temos muito mais conhecidos, amigos, então a cobrança é geral”, avalia.
No time, as novidades devem ficar pelo retorno do lateral-direito Danilo Baia, que estava suspenso, na vaga que foi ocupada por Luiz Felipe. O goleiro Marcos segue lesionado e Murilo permanece na meta. “O alerta já foi aceso, temos de ter mais concentração e começar logo a pontuar”, avisa o volante Washington.
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