“O que me entristece é que já sabíamos que o clube estava na UTI. Agora está a caminho do cemitério”. Essa é a opinião de Eduardo Gabardo, 61 anos, bisneto de Tarquino Todeschini, fundador e primeiro presidente do Savóia, um dos clubes que originou o Paraná, ao saber da notícia de que o Conselho Deliberativo aprovou a venda de parte da sede da Kennedy nessa quinta-feira (29).
Gabardo admite que não acredita na argumentação de que a venda é necessária para a sobrevivência do futebol paranista. “Eu escuto isso há muito tempo e não acontece. As dívidas só aumentaram. Além disso, esse é um patrimônio que não pertence a diretoria. Pertence aos associados”, protesta.
Frequentador da sede tricolor desde 1962 até 1992, quando se afastou, Gabardo chegou a ser vice-presidente de desportos aquáticos por dois anos e diretor de secretaria por dois anos do Pinheiros. Depois foi superintendente entre 1984 e 1992, vendo de perto a fusão com o Colorado em 1989, o que gerou o Paraná.
Dirigentes não cumprem promessa de levar decisão da venda da Kennedy aos sócios
Leia a matéria completa“A nossa ideia no Pinheiros era ter o futebol para revelar os jogadores criados na base e com isso ter dinheiro para aplicar no futebol e nos bailes que fazíamos. Tínhamos sócios de outros clubes porque eles sabiam que o Pinheiros não incomodava. Fomos campeões em 1984 e 1987, mas esse não era o objetivo. Porém, a partir dessa época o futebol começou a virar prioridade”, lembra.
Para Gabardo, restaram as boas lembranças. Uma delas eram as arquibancadas de madeira do Água Verde, onde a torcida batia os pés no chão e um padre tocava uma corneta, depois substituída no Pinheiros por uma buzina de ar, que virou símbolo da torcida pinheirense.
“Na nova sede criamos uma sala da memória incrível. Nas piscinas, eu fazia parte dos aqualoucos, em que pulamos nas piscinas, fazendo cambalhotas e acrobacias, às vezes vestindo de palhaço. Lembro também dos bailes do havaí ao redor da piscina. Colocávamos um tablado sobre a parte mais rasa e as pessoas dançavam sobre a água. Era muito lindo”, encerra.