Há uma semana, o Paraná justificou a venda do mando de campo diante do Vasco da Gama, pela 32ª rodada da Série B, em Cariacica-ES, para pagar salários do departamento de futebol. Por trás disso, há o grande prejuízo do clube paranaense atuando em casa pela competição: um saldo negativo de R$ 402.737,54.
Dos 29 jogos do Campeonato Brasileiro até aqui, o Tricolor atuou 14 vezes na Vila Capanema e somente uma partida deu lucro para os cofres: contra o Avaí, pela décima quinta rodada, com R$ 9.933,76 de renda líquida. Os dados são do site Sr. Goool. E tem justificativa.
Com três vitórias consecutivas (Joinville, Vasco e Bragantino), a equipe paranista vinha embalada com a chegada do técnico Marcelo Martelotte e ocupava a quinta colocação, com 23 pontos, tendo a possibilidade de entrar no G-4 com um triunfo. O empate por 0 a 0, entretanto, freou a empolgação.
No duelo seguinte, diante do Paysandu, por outro lado, o torcedor sentiu o golpe. A chance desperdiçada de entrar na briga pelo grupo seleto do torneio deu o maior prejuízo em um confronto até o momento: R$ 55.682,49 negativo. Esse foi o terceiro pior geral do Brasileiro.
O número negativo do Tricolor pela Série B é preocupante. Mesmo com a reformulação do sócio torcedor em um grande evento que teve a presença em massa da torcida, antes do Brasileiro começar, o clube tem a pior média de renda líquida entre os 20 participantes, com R$ -28.766,97 por partida. No total, também acumula a maior quantia negativa, de R$ 402.737,54. O preço médio do ingresso é de R$ 18.
A média de público também justifica, nesse sentido, a comercialização do jogo diante do adversário com maior apelo, que dificilmente traria uma quantidade grande de paranistas pelo momento em campo. Com 2.511 torcedores por jogo, o Paraná ocupa a16ª colocação - à frente apenas de Tupi (1.514), Oeste (1.486), Luverdense (1.184) e Bragantino (1.127). A ocupação do Durival Britto e Silva é de somente 13%.
Apesar de pregar a transparência, promessa de eleição em setembro de 2015, a atual diretoria paranista não informou os valores da venda contra o time carioca. A quantia já foi utilizada para quitar o pagamento do departamento de futebol. Nos bastidores, o valor falado é de R$ 300 mil – o que ainda faria o clube pagar para jogar sob seus domínios, continuando com um défict de R$ 102.737,54.
O Tricolor volta a atuar na Vila Capanema no sábado (8), às 21h, contra o CRB, pela 30ª rodada.
Na bronca
A atitude de mandar a partida contra o Vasco para fora de Curitiba irritou e muito a torcida paranista. Na nota publicada no Facebook, por exemplo, a revolta era grande e a ameaça era de cancelar o sócio. Os torcedores ainda relembraram quando o clube realizou a mesma prática e vendeu o mando contra os quatro grandes clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos) para Maringá e diante do Internacional em Cascavel, em 2005 e 2006, respectivamente.
“Reiteramos o apreço desta diretoria por nosso torcedor – e pelo associado de uma forma especial – ressaltando que esta negociação é pontual e necessária para a saúde financeira do clube”, afirma o texto oficial, assinado pelo presidente Leonardo Oliveira, tentando aliviar as críticas.
Na sexta-feira, com a goleada por 4 a 0 para o Goiás, em Goiânia, 30 torcedores estiveram no aeroporto Afonso Pena para protestar contra comissão técnica e jogadores. O grupo, que tinha desde integrantes da organizada Fúria Independente até sócios torcedores “normais”, jogou ovos no ônibus e cobrou a delegação com cânticos hostis.
Taxa de ocupação da VIla Capanema
13%
Confira o prejuízo do Paraná em cada jogo
R$ -27.086,20 Bahia
R$ -38.004,96 Oeste
R$ -6.891,06 Atlético Goianiense
R$ -40.674,86 Goiás
R$ -40.371,01 Luverdense
R$ -26.373,51 Joinville
R$ 9.933,76 Avaí
R$ -55.682,49 Paysandu
R$ -23.104,82 Ceará
R$ -35.481,58 Brasil
R$ -22.710,42 Sampaio Corrêa
R$ -30.793,44 Londrina
R$ -34.834,96 Vila Nova
R$ -30.661,99 Náutico