A proibição imposta aos goleiros de pegar a bola com as mãos após recuo com os pés de um jogador de linha foi instituída em 1992, mas foram necessários mais de 20 anos para que o mundo do futebol percebesse que eles poderiam participar mais ativamente dos jogos e não apenas responder os recuos com chutões ou passes.
Mesmo tardiamente, o Paraná se apresenta como um dos primeiros clubes no Brasil a apostar na evolução dos goleiros com habilidade também com os pés. Uma tendência no futebol europeu, tendo o alemão Manuel Neuer como expoente, e que chega ao Tricolor com a contratação de Felipe Alves a pedido do técnico Fernando Diniz.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução da posição de goleiro ao longo dos anos
Destaque do Audax no Paulistão deste ano, o jogador ficou conhecido por dar um chapéu em um atacante do Ituano dentro da pequena área e disputar bola com os adversários como se fosse um zagueiro.
Felipe Alves iniciou seus trabalhos com o elenco paranista nesta quarta-feira (22) e disputa a posição de titular com o veterano Marcos. Mas já sai em vantagem pela habilidade com os pés.
“É um jogador a mais em campo, como no futsal. Quem faz isso tem a vantagem numérica”, opina o ex-preparador de goleiros do Paraná, Renato Secco. “O goleiro pode participar mais e ser mais útil para o time”, referenda o ex-goleiro Flávio, que também atuou pelo Tricolor e antes foi campeão brasileiro pelo Atlético.
A ampliação do raio de ação dos arqueiros, porém, não é um processo simples e com 100% de acerto. Depende da própria formação do jogador. “Não adianta exigir de todos, pois a chance de erro é maior. Mas quem tiver essa habilidade e a coragem de sair jogando, vai se dar bem”, acredita o jornalista, Paulo Guilherme Guri, autor do livro Goleiros: Heróis e Anti-heróis.
O sucesso de um goleiro-linha também depende de muito trabalho nos treinamentos. Não basta ter habilidade se não compreender a função que deve exercer no esquema tático da equipe.
É um processo longo e cansativo, como explica o ex-preparador de goleiros de Felipe Alves no Audax, Marcelo Carpes. “Treinamos tanto, repetimos tantas vezes contra o time reserva que na hora do jogo, em intensidade diferente, não parece tão difícil”, diz. “As pessoas acham que é arriscado sair tocando a bola. Não para quem sabe e treina”, completa Carpes.
Desde que chegou ao Paraná, no início desse mês, o técnico Fernando Diniz ressaltou a importância de contar com esse jogador extra durante as partidas. Esse pensamento exigiu uma mudança na preparação dos goleiros. “Com o Diniz, o trabalho se intensificou para que não seja apenas um último recurso, na hora do aperto, mas sim para deixar os goleiros mais participativos”, explica o preparador dos guarda-metas do clube, Fernando Lopes.
A nova filosofia para os arqueiros tem pesado fisicamente tanto para o titular Marcos, como para o reserva Wendell. Ambos têm sentido cansaço e dores musculares devido ao número de repetições nos treinos. Wendell sequer viajou para o jogo contra o Macaé na última terça-feira – o Paraná empatou por 0 a 0.
“Todos têm se dedicado muito, com seriedade e concentração. É uma questão de tempo para todos trabalharem dessa forma”, ressalta Lopes.
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