Entrevista
Sem dinheiro, Paraná busca recursos e elenco compra projeto
O Paraná atinge a meta de pontuação para o turno. O caminho para cumprir esse objetivo foi mais difícil do que a diretoria esperava?
Muito. No Paraná é tudo mais difícil, tudo que envolve dinheiro é complicado. Se quando você faz planejamento com dinheiro às vezes dá errado, imagine sem. É mais desgastante, tudo tem de ser feito com cuidado para não afundar o clube. E à medida que o time ganha, a cobrança é maior. Cria no torcedor a expectativa do acesso.
As duas últimas arrecadações e o patrocínio da Fúria aliviaram a situação?
Ajudou, mas não resolveu. O torcedor foi fantástico, mas precisamos da participação dos empresários paranistas. Contra o Icasa não teremos patrocinador master. Para o jogo do ABC, estamos trabalhando. Pelo menos para ter patrocínios pontuais. Já colocamos os bichos em dia e vamos ver se na volta do time [do Ceará] conseguimos pagar o salário atrasado.
O Paraná conseguirá manter o mesmo elenco até o fim da Série B? O assédio aos jogadores tem sido muito grande?
Assédio maior do que está sendo é impossível, mas está todo mundo fechado com o projeto do Paraná. Não só os jogadores, mas também o técnico. O Dado recebeu proposta para ganhar três vezes mais e não foi embora porque o projeto dele é subir o Paraná.
Paulo César Silva, presidente em exercício do Paraná.
No planejamento para a Série B, um número foi transformado em meta pelo Paraná para o primeiro turno: 35 pontos. É por essa marca que o Tricolor joga hoje, às 19h30, contra o Icasa, em Juazeiro do Norte. O Paraná é o terceiro colocado, com 33 pontos. Supera a projeção em caso de vitória; fica pouco abaixo dela com derrota ou empate. Só mesmo uma combinação de três resultados tira o time do G4 (veja gráfico nesta página). Por isso, independentemente do resultado no interior do Ceará, a campanha já é considerada dentro do almejado pela diretoria e comissão técnica.
"A ideia era fazer 35 porque com 70 pontos é garantido para subir. No segundo turno temos dez jogos em casa. Claro, não vamos ganhar as dez, mas com o nosso aproveitamento, que é superior a 90% [na verdade, 85,2%], e alguma vitória fora de casa, a gente consegue subir", diz Paulo César Silva, presidente em exercício do clube.
O cálculo paranista desconsidera 2012, um ano de exceção na Série B. O São Caetano cravou 71 pontos, marca que teria lhe dado o título em 2006, mas não subiu. Na temporada passada, o Azulão fechou o turno em quarto lugar, com 34 pontos, linha de corte que pode ser repetida ao fim da rodada de hoje. Ainda assim, é improvável um G4 de pontuação tão alta no encerramento do campeonato.
"[Em 2012] Os times que subiram fizeram uma pontuação extraordinária no returno. Geralmente mesmo quem vai bem no primeiro turno dá uma relaxada. É pouco provável alguém fazer 70 pontos neste ano e não subir", calcula o matemático Tristão Garcia, do site Infobola.
O próprio histórico paranista na Série B aponta para um returno melhor ainda do que a primeira metade. Desde 20008 na Segunda Divisão, o Tricolor fez campanhas melhores no segundo turno em 2008, 2009 e 2010, além de igualar a pontuação em 2012. Independentemente do resultado de hoje contra o Icasa, o primeiro turno deste ano já é o melhor nestas seis temporadas fora da elite.
Hoje, as dificuldades passam pelo adversário e pela montagem do próprio Paraná. O Icasa venceu as quatro últimas partidas. Saltou de 14.º para 8.º. Dado Cavalcanti não terá à disposição seis titulares: Lúcio Flávio (fora das duas últimas rodadas por lesão); Reinaldo e Ricardo Conceição (machucados desde a partida com o Sport); Paulo Sérgio (suspenso); Paulinho e Anderson (poupados). Brinner e Felipe Amorim também podem ganhar um descanso.
"Fizemos uma reavaliação, alguns jogadores sentem mais do que os outros, e eu não posso perder o ritmo. Vamos enfrentar um adversário embalado, mas precisamos jogar intensamente. Vamos priorizar a questão física", avisou o técnico Dado Cavalcanti após a vitória sobre o Guaratinguetá.
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