A Vila Olímpica do Boqueirão não é mais do Paraná. O terreno do estádio, de 66 mil metros quadrados, foi leiloado na manhã desta quinta-feira (11) por R$ 11,65 milhões, quase metade do valor do primeiro lance, R$ 23,2 milhões. O imóvel foi a leilão para pagar uma dívida total de R$ 1,6 milhão com nove ex-funcionários, entre eles, o ex-treinador Ricardo Pinto, que comandou o Paraná em 2011, e que tem o maior valor a receber: R$ 450 mil.
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O estádio foi arrematado pela empresa Seagull Incorporações e Participações. O leilão durou menos de cinco minutos. Às 10h25, o leiloeiro fez a apresentação do lote. Às 10h30 foi dado o primeiro lance e na sequência o segundo, quando houve o arremate.
Apenas três representantes do Tricolor acompanharam o leilão. O vice-presidente de finanças Leonardo Oliveira, além de Waldomiro Gayer Neto e o vereador Thiago Gevert, ambos integrantes do grupo Paranistas do Bem, que assumiu o comando do clube há dois meses. O departamento jurídico do Tricolor, comandado pelo advogado e também integrante do grupo Paranista do Bem, Luiz Berleze, fora notificado pela Justiça a respeito do leilão há dois meses.
“O Paraná vai recorrer judicialmente”, declarou Oliveira, sem dar mais detalhes à reportagem da Gazeta do Povo. Ainda na manhã desta quinta, o vice de finanças se reuniria com a diretoria e o departamento jurídico para definir a estratégia para tentar reaver a Vila Olímpica.
Segundo Gevert, o Paraná vai manter a estratégia de que o imóvel é inalienável - ou seja, não pode ser vendido para pagar dívidas. “Existe um ônus na matrícula que diz que o imóvel é inalienável. É um usofruto do Paraná e não poderia ser leiloado”, afirma.
Quarta-feira (10), o Paraná teve indeferido na Justiça do Trabalho um ofício pedindo que a Vila Olímpica não fosse leiloada. O pedido foi feito pelo presidente da Câmara Municipal, o vereador Aílton Araújo (PSC), sob a alegação de que a lei 8.563, de 1994, assinada pelo então prefeito Rafael Greca, diz que o imóvel é inalienável.
A lei transferiu a inalienabilidade do antigo estádio do Britânia, no bairro Guabirotuba, para a Vila Olímpica. A mudança na legislação municipal foi pedida pelo próprio Paraná na época, que vislumbrava a possibilidade de negociar o terreno à margem da Avenida das Torres, o que aconteceu em 1998 para a rede de mercados BIG.
Entretanto, o juiz Mauro Cesar Soares Pacheco, da 19ª Vara Trabalhista de Curitiba, indeferiu o ofício de inalienabilidade. “Nada a deferir. O pedido formulado carece de amparo legal”, esclarece em nota a 19ª Vara Trabalhista. Agora, o Tricolor vai tentar provar na Justiça mais uma vez que o estádio não pode ser vendido para pagar dívidas.
História
A área da antiga Fazenda do Boqueirão, que se tornou a Vila Olímpica foi adquirida em 1975 pelo Pinheiros, que se fundiu com o Colorado para formar o Paraná em 1989. Oito anos depois, em 1983, o estádio, cujo nome oficial é uma homenagem ao ex-presidente do Pinheiros, Érton Coelho, virou a casa pinheirense, com a inauguração do estádio.
Apesar de preferir jogar na Vila Capanema, o Paraná conquistou dois títulos no Boqueirão: os Paranaenses de 1994 e 1997. No estádio, o Paraná também escapou do rebaixamento do Brasileirão de 1998, com uma vitória sobre o Flamengo na última rodada.
Até o elenco voltar a treinar lá em 2013, o estádio ficou praticamente abandonado por 13 anos. Em 2014, por falta de estrutura, o Tricolor mais uma vez deixou a Vila Olímpica, passando a fazer suas atividades no CT Racco, no Umbará. Desde então, somente as categorias de base treinam no estádio.