Uso do Pinheirão deixou o clube no vermelho. Segundo balanço financeiro do Tricolor, estádio salgou em R$ 7 milhões as contas.| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Em um ano, a dívida do Paraná praticamente triplicou. Conforme balanço financeiro publicado pelo clube no site oficial, no final da tarde de quinta-feira (30), o passivo tricolor saltou de R$ 44 milhões, em 2013, para R$ 120 milhões, em 2014. Três ações judiciais que não haviam sido incluídas no balanço anterior foram a principal causa do salto do déficit.

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A primeira delas, estimada em R$ 30 milhões, é referente à ação judicial impetrada pelo Banco Central devido ao não pagamento de impostos relativos a transferências internacionais na década de 90. Em seguida, consta a ação da empresa Systema, do empresário Leo Rabello, avaliada em R$ 27 milhões, referente à venda do meia Thiago Neves para o Fluminense. Por fim, uma demanda do Ministério Público contra o Paraná e a Federação Paranaense de Futebol (FPF), avaliada em R$ 7 milhões para cada parte, referente ao acúmulo de multas diárias pelo uso do Pinheirão sem condições de segurança.

Tais ações vinham sendo discriminadas como “perda possível” pelo Departamento Jurídico do clube e, portanto, não eram adicionadas nos balanços anteriores. Em outras palavras, os advogados paranistas consideravam a possibilidade de vencer as disputas na Justiça ou de efetuar acordos. Desta vez, as ações foram consideradas como “perda provável”.

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“Este é o pior cenário financeiro da história do Paraná. O grande objetivo deste balanço foi explicar para os torcedores: esta é a situação do clube, o Paraná é assim”, afirma Thiago Oliveira, presidente do Conselho Fiscal. “O clube não tentou maquiar as coisas nos balanços anteriores. A contabilidade não poderia colocar estes valores sendo que o Jurídico não descrevia as ações como perda provável”, explica.

Além dos valores das ações, o Paraná registrou prejuízo de R$ 11 milhões no último ano de gestão do presidente Rubens Bohlen, que renunciou ao cargo em março deste ano. “Para mim, este foi o fator mais assustador. Processos você pode ganhar ou perder, faz parte. Mas estes R$ 11 milhões demonstram que o clube não foi administrado da maneira correta em 2014. Contaram com receitas que poderiam entrar, mas não foram confirmadas”, prossegue Oliveira, que revela ainda que todas as cotas de tevê do clube para 2015 já foram adiantadas.

O balanço financeiro do Paraná de 2014 também decreta o fim oficial da empresa Atletas Brasileiros S/A. Por causa da proibição da participação de empresários e fundos de investimento nos direitos econômicos de jogadores, estipulada pela Fifa e que passa a valer nesta sexta-feira (1), a empresa assumiu que fechará as operações.

A Atletas não garante que seus acionistas serão ressarcidos pelo dinheiro investido nas operações da empresa. No total, R$ 323 mil foram investidos, a maior parte desta quantia oriunda do dinheiro de acionistas. “Temos dúvida quanto à recuperabilidade financeira dos investimentos realizados”, diz o texto do balanço.

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O presidente do Conselho Fiscal do Paraná, Thiago Oliveira, garante que os acionistas serão procurados para negociar os valores. “O Paraná não tem dinheiro hoje pra pagar isso. Vamos ter de sentar e explicar. Foi uma tentativa que não deu certo e vamos chamar os acionistas para conversar”, afirma. “Mas nenhum acionista vai perder dinheiro, isso eu garanto”, conclui Oliveira.