Onze dias após a renúncia de Rubens Bohlen da presidência do Paraná, o Departamento Jurídico do clube entrou com pedido de desistência das ações movidas contra os ex-presidentes Aurival Correia e José Carlos de Miranda pelo envolvimento em irregularidades na transferência de Thiago Neves para o Fluminense, em 2007.
A retirada causou um racha no Jurídico tricolor. A medida não teve consenso entre os advogados contratados pelo clube.
A remoção das ações – juntamente com a renúncia de Bohlen – teria sido uma das condições impostas pelo grupo Paranistas do Bem que, em contrapartida, prometia aporte financeiro de R$ 4 milhões no futebol do clube em 2015. Além dos ex-presidentes, o clube processava os escritórios de advocacia que trabalharam no caso — tanto em Curitiba como no Rio de Janeiro, onde a ação é julgada.
O “caso Thiago Neves” gerou ao Tricolor dívida de R$ 27 milhões com o empresário Leo Rabello, da empresa Systema. Rabello era dono de 68% dos direitos econômicos do atleta. O Paraná não repassou a verba da transação que correspondia ao empresário.
Luiz Ricardo Berleze, vice-presidente jurídico do clube, nega que a retirada dos processos tenha conotação política. Segundo o advogado, a descoberta de um documento em que a Systema abria mão da sua parte da transferência foi a motivação única da desistência do processo contra os ex-presidentes.
“Essa informação chegou até nós e verificamos que essa desistência da Systema realmente existiu. A empresa abria mão de seu crédito. Com base nisso, todo o conjunto fatídico que tinha sido colocado na ação contra os envolvidos no caso se tornava temerário para o Paraná”, garante Berleze, ele próprio um dos membros do Paranistas do Bem.
“Os fatos mudaram. Se a Systema abriu mão da sua parte, então o Paraná e – consequentemente – os ex-presidentes não cometeram nenhuma irregularidade”, prossegue.
Ex-vice presidente de futebol do Paraná durante as gestões de Rubens Bohlen, Celso Bittencourt aponta que a retirada das ações pode resultar na prescrição dos direitos do Paraná, caso seja comprovado posteriormente que a conduta dos ex-presidentes no caso foi temerária.
“Esse é um dos motivos pelo qual o Bohlen não queria renunciar. Em 2014 fizemos uma comissão para investigar o caso e concluímos por entrar com essa ação que, agora, corre o risco de prescrever”, diz Bittencourt. Procurado, Bohlen não atendeu a reportagem.
“Não corre risco de prescrição”, rebate Berleze. “Estamos seguros quanto a isso. Temos até o fim de 2015 para ingressar com nova ação. Vamos prosseguir com diligências internas”, assegura.
O empresário Leo Rabelo, por sua vez, nega que a Systema tenha aberto mão do crédito que lhe cabia na transferência de Thiago Neves. “Isso não existe. A ação já foi executada, tanto que o Paraná já pagou R$ 3 milhões e ainda deu o terreno do Ninho da Gralha como garantia da dívida”, alega. “Não tem documento nenhum. A nova diretoria nem sequer me procurou. Acham que sou Papai Noel pra abrir mão da participação?”, ironiza.
Procurado, Aurival Correia não atendeu a reportagem. Já José Carlos de Miranda garante que a retirada foi benéfica para o Paraná. “Isso foi na gestão do Aurival, eu não tinha nada a ver. Foi uma vingança, uma promessa de campanha do Bohlen. Se eles seguissem em frente com essa ação eu ganharia muito dinheiro do Paraná”, comenta.
Pragmatismo não deve salvar Lula dos problemas que terá com Trump na Casa Branca
Bolsonaro atribui 8/1 à esquerda e põe STF no fim da fila dos poderes; acompanhe o Sem Rodeios
STF condenou 265 pessoas pelos atos do 8/1 e absolveu apenas 4
“Desastre de proporções bíblicas”: democratas fazem autoanálise e projetam futuro após derrota