| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Onze dias após a renúncia de Rubens Bohlen da presidência do Paraná, o Departamento Jurídico do clube entrou com pedido de desistência das ações movidas contra os ex-presidentes Aurival Correia e José Carlos de Miranda pelo envolvimento em irregularidades na transferência de Thiago Neves para o Fluminense, em 2007.

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A retirada causou um racha no Jurídico tricolor. A medida não teve consenso entre os advogados contratados pelo clube.

A remoção das ações – juntamente com a renúncia de Bohlen – teria sido uma das condições impostas pelo grupo Paranistas do Bem que, em contrapartida, prometia aporte financeiro de R$ 4 milhões no futebol do clube em 2015. Além dos ex-presidentes, o clube processava os escritórios de advocacia que trabalharam no caso — tanto em Curitiba como no Rio de Janeiro, onde a ação é julgada.

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O “caso Thiago Neves” gerou ao Tricolor dívida de R$ 27 milhões com o empresário Leo Rabello, da empresa Systema. Rabello era dono de 68% dos direitos econômicos do atleta. O Paraná não repassou a verba da transação que correspondia ao empresário.

Luiz Ricardo Berleze, vice-presidente jurídico do clube, nega que a retirada dos processos tenha conotação política. Segundo o advogado, a descoberta de um documento em que a Systema abria mão da sua parte da transferência foi a motivação única da desistência do processo contra os ex-presidentes.

“Essa informação chegou até nós e verificamos que essa desistência da Systema realmente existiu. A empresa abria mão de seu crédito. Com base nisso, todo o conjunto fatídico que tinha sido colocado na ação contra os envolvidos no caso se tornava temerário para o Paraná”, garante Berleze, ele próprio um dos membros do Paranistas do Bem.

“Os fatos mudaram. Se a Systema abriu mão da sua parte, então o Paraná e – consequentemente – os ex-presidentes não cometeram nenhuma irregularidade”, prossegue.

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Ex-vice presidente de futebol do Paraná durante as gestões de Rubens Bohlen, Celso Bittencourt aponta que a retirada das ações pode resultar na prescrição dos direitos do Paraná, caso seja comprovado posteriormente que a conduta dos ex-presidentes no caso foi temerária.

“Esse é um dos motivos pelo qual o Bohlen não queria renunciar. Em 2014 fizemos uma comissão para investigar o caso e concluímos por entrar com essa ação que, agora, corre o risco de prescrever”, diz Bittencourt. Procurado, Bohlen não atendeu a reportagem.

“Não corre risco de prescrição”, rebate Berleze. “Estamos seguros quanto a isso. Temos até o fim de 2015 para ingressar com nova ação. Vamos prosseguir com diligências internas”, assegura.

O empresário Leo Rabelo, por sua vez, nega que a Systema tenha aberto mão do crédito que lhe cabia na transferência de Thiago Neves. “Isso não existe. A ação já foi executada, tanto que o Paraná já pagou R$ 3 milhões e ainda deu o terreno do Ninho da Gralha como garantia da dívida”, alega. “Não tem documento nenhum. A nova diretoria nem sequer me procurou. Acham que sou Papai Noel pra abrir mão da participação?”, ironiza.

Procurado, Aurival Correia não atendeu a reportagem. Já José Carlos de Miranda garante que a retirada foi benéfica para o Paraná. “Isso foi na gestão do Aurival, eu não tinha nada a ver. Foi uma vingança, uma promessa de campanha do Bohlen. Se eles seguissem em frente com essa ação eu ganharia muito dinheiro do Paraná”, comenta.

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