Em litígio entre Paraná e União, Vila Capanema pode virar moeda de troca com a prefeitura por estádio no Boqueirão| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Entenda o caso

Veja a trajetória jurídica do Durival Britto:

1 – A ação em 1971: o Ferroviário se funde com o Britânia e o Palestra Itália. Nasce o Colorado. Os engenheiros da Rede Ferroviária Federal contestam a fusão na Justiça.

2 – A posse em 1978: a Justiça reconhece a fusão e a Rede ingressa com uma ação reivindicando a reintegração da posse do terreno.

3 – A vitória em 2003: a Justiça Estadual do Paraná julga improcedente a ação da Rede e declara que o Paraná possuía o domínio e a posse da área.

4 – A reviravolta: a RFFSA entra em liquidação e o presidente Lula decide, via medida provisória, integrar todo o patrimônio da Rede à União.

5 – A derrota: em março desde 2012, a Justiça Federal decide que o estádio é patrimônio da União e determina a desocupação do imóvel. O clube recorre com recurso no Tribunal Regional Federal. O julgamento está previsto para fevereiro de 2015.

6 – A alternativa: a prefeitura de Curitiba negocia com a União a cessão do terreno da Vila ao município. Caso o Ministério do Planejamento concorde, a prefeitura se dispõe a dar em contrapartida ao Tricolor a construção de um novo estádio, em troca da desistência do recurso no TRF.

7 – O "sim" Tricolor: satisfeito com a proposta, o Paraná pede a reconstrução da Vila Olímpica, no Boqueirão. A exigência do clube é que seja um estádio com capacidade para 30 mil lugares, padrão Fifa.

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Uma arena multiuso para 30 mil pessoas. O interesse da prefeitura em construir um complexo administrativo onde hoje é a Vila Capanema elevou ao padrão Fifa os sonhos paranistas. Apesar de ser ainda um esboço, essa se tornou a pretensão tricolor após consulta municipal, ainda em 2013. O endereço do novo espaço seria na Vila Olímpica do Boqueirão.

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Enquete: é correto a prefeitura erguer um estádio para o Paraná em troca da Vila? Vote e opine!

O clube confirmou nesta semana a retomada das tratativas e a prefeitura aguarda a análise de uma equipe técnica sobre a viabilidade da negociação nos próximos 40 dias. "A ideia é essa. Uma arena e, de preferência, padrão Fifa. Já pensou ter uma bicicleta sem rodas?", brincou o vice-presidente do Paraná, Luiz Carlos Casagrande. "Na verdade, não fizemos nenhuma exigência. Não há nenhum projeto. Fomos consultados pela prefeitura e achamos que este seria o tamanho ideal. Capaz de receber os jogos e outros eventos. Sabemos que quase ninguém coloca 30 mil pessoas nas partidas hoje em dia", reforçou.

O Paraná, na verdade, coloca 10% disso. A média de público do clube na Série B é de 3.326 pessoas – a média geral da Segundona está em 5.245. O maior público do Tricolor foi contra o Vila Nova-GO, em agosto, quando levou 6.509 pessoas ao Durival Britto.

A Vila Capanema é o mote capaz de alavancar tanto a nova casa da administração pública municipal como a do Paraná. O projeto da prefeitura é contar com um edifício de dez pavimentos em uma área construída de 100 mil m². Além do terreno onde hoje está o estádio, o complexo aglutinaria onze imóveis ao lado, que somam 19,7 mil m², hoje administrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que serão cedidos à prefeitura.

A proposta prevê ainda a construção de uma nova Câmara de Vereadores. A ideia de um novo ‘centro cívico’, estimado entre R$ 350 milhões e R$ 450 milhões, tem como um dos pilares a economia. A construção seria arcada com o montante hoje despendido em aluguéis, taxas e serviços de condomínios que deixariam de ser gastos nos prédios que a prefeitura usa para abrigar suas estruturas administrativas,

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Para isso, teria de haver um acordo para que a União, dona do espólio da extinta Rede Ferroviária Federal, proprietária original do terreno de 55,3 mil metros quadrados no bairro Jardim Botânico, doe a área à prefeitura. Espaço disputado judicialmente há quatro décadas pelo Paraná e seus antecessores. Litígio que enfim poderia ser resolvido.