Linha do tempo
De ídolo da torcida a acusado de corrupção. Os quatro anos de José Carlos de Miranda na presidência do Paraná.
2004 José Carlos de Miranda, o professor Miranda, estreou com o pé esquerdo no comando tricolor. O time, treinado pelos ex-jogadores Saulo de Freitas e depois Neguinho, vai muito mal no Estadual. Para escapar do rebaixamento, é obrigado a participar do vexatório Torneio da Morte.
2005 Clube fecha parceria com a novata L.A. Sports. Em troca de alimentação para os jogadores das categorias de base, a empresa tem direito a escolher quatro jogadores por ano (50% dos direitos). Impulsionado pela injeção de dinheiro, o Paraná fecha o Brasileiro na 7ª posição. Miranda é reeleito.
2006 Época das vagas gordas. Tricolor encerra o jejum de quase dez anos sem título estadual. De quebra, se classifica pela primeira e única vez na história para a Libertadores. Miranda acompanha in loco a todos os jogos, com direito a saudação da torcida.
2007 Paraná chega às oitavas do continental. Sucesso causa ciúmes e brigas. Miranda deixa o clube antes do fim do mandato acusado de receber "dinheiro não catalogado" de empresários. Em campo, time é rebaixado para a Série B.
Um novo capítulo judicial envolve a passagem de José Carlos de Miranda pela presidência do Paraná. O clube cobra judicialmente o ex-mandatário, no valor de R$ 85 mil, referentes a supostas irregularidades na transferência de atletas durante a gestão do dirigente, que comandou o Tricolor em dois biênios, em 2004-2005 e 2006-2007. O valor da dívida foi publicado no Diário da Justiça do Estado do Paraná no último dia 30 de abril. Miranda contesta as irregularidades. O ex-dirigente pode recorrer da decisão.
Pela publicação inicial, assinada pelo juiz Rogério de Assis, da 21.ª Vara Cível, Miranda deverá pagar R$ 85.621,26 (valor atualizado e com juros) ao Tricolor. O montante é referente a problemas na negociação de jogadores. De acordo com o advogado Juliano França Tetto, que representa o Paraná, Miranda teria assumido tais irregularidades em reunião do Conselho Deliberativo do Tricolor realizada em fevereiro de 2008, e se comprometeu a repassar aos cofres do clube aproximadamente R$ 46 mil, o que não se confirmou. "O Paraná tomou a medida de cobrar judicialmente, já que voluntariamente ele [o ex-presidente] não pagou", explicou Tetto.
Presidente do Deliberativo tricolor, Benedito Barboza, que também presidiu a reunião do Conselho há quatro anos, confirma que Miranda teria admitido a má gestão em reunião da comissão de investigação, instaurada na época pelo Tricolor para apurar os fatos. "Ele [Miranda] fez um discurso, que levou escrito e foi lido para a plenária. E nesse discurso ele realmente admitia essa dívida em relação a esse valor [de cerca de R$ 40 mil]. Ele disse que o montante não tinha sido repassado adequadamente [ao clube]", informou, ressaltando que o conteúdo consta nas atas de reuniões do colegiado paranista. Na ocasião, Miranda não detalhou em quantas e quais transferências de atletas havia problemas.
Apesar da ação monitória e da publicação no Diário da Justiça, Miranda contesta a versão. "Nunca houve esse aspecto [de irregularidades na transação de atletas]. Tanto que eu apresentei balanços financeiros, aprovados pelo Conselho Fiscal e pelo Conselho Deliberativo. Isso foi um mal-entendido nas declarações, eu nunca afirmei isso", disse Miranda. O ex-presidente disse que ainda não tomou conhecimento da ação monitória. Em sua defesa, ele diz que irá contratar uma auditoria independente para comprovar a inexistência de irregularidades em sua administração.
Memória"Furo" de US$ 80 mil na venda de Thiago Neves marca início da derrocada
José Carlos de Miranda começou a cair no Paraná por causa da polêmica negociação, em 2006, do meia Thiago Neves, atualmente no Fluminense. O caso é bastante complicado e tornou pública a relação estreita do ex-dirigente com o empresário Léo Rabelo. Miranda colocou em ata que o jogador havia sido apenas emprestado ao Vegalta Sendai por US$ 400 mil, dos quais metade ficaria com o clube e a outra metade com a L.A. Sports, então detentora de 50% do passe do atleta. O dirigente, porém, nunca levou o contrato para o clube. O problema é que quando o armador retornou ao Tricolor, no meio de 2006, surgiu um outro contrato, que cedia 60% dos direitos do jogador à empresa Systema, de Léo Rabelo, pelos mesmos US$ 400 mil. O clube ficou ainda com 20%. Parcela da qual o Tricolor só se desfez no meio de 2007 em troca da quitação de uma dívida 8% à Systema (R$ 96 mil), de Léo Rabelo, e 12% à L.A. (R$ 135 mil).
Na época a pergunta que ficou sem resposta era sobre onde foi parar a quantia relativa ao empréstimo feito ao clube japonês. A Systema, segundo Rabelo, logo depois de adquirir parte do atleta o emprestou por outros US$ 400 mil ao Vegalta. Só que não repassou aos cofres do clube os 20% (US$ 80 mil) que, então, ainda pertenciam ao Tricolor.
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