Caso tenha confirmada a perda da Vila Capanema para a União na Justiça – dois dos três desembargadores votaram neste sentido no Tribunal Regional Federal (cabe recurso por parte do clube) –, restaria ao Paraná mandar seus jogos no Estádio Érton Coelho Queiróz, conhecido como Vila Olímpica do Boqueirão. Atualmente, o local tem recebido apenas treinamentos e partidas das categorias de base e não apresenta condições de hospedar partidas oficiais.
Cenário que contrasta com um sonho alimentado pelo Tricolor nos últimos dois anos: a construção de uma moderna arena multiuso com capacidade para 30 mil pessoas no local, a ‘Arena Boqueirão’. No entanto, o projeto, que envolveria ainda a participação da prefeitura de Curitiba, não vingou. Entenda os porquês.
2012 – A Justiça Federal decide que a Vila Capanema é patrimônio da União e determina a desocupação do imóvel. O clube entra com recurso no Tribunal Regional Federal (TRF).
2013 - O então presidente do Paraná, Rubens Bohlen, inicia informalmente uma série de tratativas com a prefeitura de Curitiba. A proposta levada à administração municipal foi a seguinte: o Tricolor se mostra disposto a ceder a Vila Capanema, que seria transformada em sede administrativa do município. Em troca, aceitaria ser indenizado com um novo estádio no Boqueirão.
Janeiro de 2014 - Interessada em construir um centro administrativo na área, a prefeitura de Curitiba negocia com a União a cessão do terreno da Vila Capanema ao município. A prefeitura se dispõe a dar em contrapartida ao clube a construção de um novo estádio, em troca da desistência do recurso no TRF. Apesar das negociações nos bastidores, os dirigentes do Tricolor negam contatos com a prefeitura. “Não há uma proposta formal sobre o assunto, mas o Paraná está disposto a conversar”, afirmou Benedito Barboza, então presidente do Deliberativo do clube.
Dezembro de 2014 – Paraná e prefeitura acertam detalhes da Arena Boqueirão, estádio multiuso com capacidade mínima para 30 mil pessoas na atual Vila Olímpica. “Já foi feita uma avaliação do projeto de estádio oferecido ao Paraná, assim como uma avaliação da área da Vila Capanema”, disse a administração municipal via assessoria de imprensa. “Este será um verdadeiro marco histórico. Nosso torcedor espera algo grandioso. A Vila Capanema nos deu glórias, mas está ultrapassada. Com uma nova arena, nosso público subiria consideravelmente”, celebrou Bohlen.
Março de 2015 — Sofrendo pressão interna, Rubens Bohlen, então um dos principais articuladores do projeto da Arena Boqueirão, renuncia à presidência do Paraná. Em seu lugar, assume o vice Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, com o apoio político e financeiro do grupo autodenominado Paranistas do Bem.
Maio de 2015 — Um mês depois de assumir, Casinha revela que as negociações entre clube e prefeitura esfriaram. “Esta troca da Vila Capanema por um novo estádio está muito distante”, cravou o então mandatário. “Fiz uma visita à prefeitura. Vai ser uma demanda muito grande e não fiquei entusiasmado”, complementou o ex-presidente, que afirma que a luta do Tricolor será pela posse da Vila Capanema.
Junho de 2015 — O leilão da Vila Olímpica do Boqueirão encerra o sonho paranista da Arena Boqueirão. O estádio foi arrematado por R$ 11,65 milhões pela empresa Seagull Icorporações e Participações. O imóvel havia ido a leilão para pagar uma dívida de R$ 1,6 milhão com nove ex-funcionários. A prefeitura, através da Secretaria de Comunicação Social, afirma que as tratativas a respeito do novo estádio não evoluíram e foram finalizadas.
Julho de 2015 — O relator do processo entre Paraná e União pela posse da Vila Capanema, desembargador Fernando Quadros da Silva, da 3.ª Truma do TRF-4, emite decisão favorável à União, garantindo a posse do terreno ao governo federal e determinando desocupação da área por parte do clube. O julgamento acaba suspenso, pois o desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira pede vistas do processo.
Setembro de 2015 — Recém-eleito presidente do Paraná, Leonardo Oliveira, um dos cabeças do grupo Paranistas do Bem, reforça a inviabilidade da construção de uma arena moderna no Boqueirão. “Espero que a gente nunca saia da Vila Capanema. Falar em construção de arena padrão Fifa está distante da nossa realidade. O Paraná precisa pôr pontos finais em sues problemas antes de dar novos passos”, afirmou.
Outubro de 2015 — Após diversas tentativas do departamento jurídico do Paraná, o leilão é anulado e o Tricolor retoma a posse da Vila Olímpica. Clube segue utilizando o local para treinamentos e jogos das categorias de base, mas não investe na reestruturação da praça, que segue em condições precárias e incapaz de receber partidas oficiais.
Março de 2016 — O desembargador revisor Ricardo Teixeira do Valle Pereira, da 3.ª Turma do TRF, dá voto favorável à União no processo relativo à Vila Capanema. Dessa forma, dois dos três desembargadores foram contra a manutenção do terreno do estádio com o tricolor. Além disso, Valle Pereira indica que a desocupação do local renderá indenização modesta ao clube e relata a negativa da entrada da prefeitura de Curitiba, como terceira parte interessada, no processo.
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