Ninguém melhor que o zagueiro Gustavo para falar sobre a vertiginosa queda que sofreu o Paraná nos últimos anos.
Na sua primeira passagem pela Vila Capanema, em 2006, com o Tricolor foi campeão paranaense e conquistou a classificação inédita à Libertadores. No retorno em maio desse ano, o cenário é de crise financeira, que levou o elenco a ameaçar greve por salários atrasados, e luta para escapar da zona de rebaixamento da Série B do Brasileiro. Além disso, a ausência de representantes da diretoria no dia a dia do time também o preocupa.
Oito anos após sua primeira passagem pelo Tricolor, Gustavo, que em apenas três meses se transformou um dos líderes do elenco, não esconde o susto que tomou ao retornar à Vila Capanema. E cobra a diretoria: "Precisamos de alguém no dia a dia do clube".
Com apenas três meses, você se tornou um dos líderes do elenco. Qual é o seu papel no grupo?
Dou suporte para a rapaziada, pois sem salários é difícil ficar tranquilo. Porém, jogo a jogo, temos superado as dificuldades e só as vitórias nos interessam. Somos um grupo de pessoas honestas, de homens, acima de tudo, que treina e se dedica com afinco, mesmo quando o salário atrasa.
Após a vitória pro 3 a 1 sobre o Vila Nova, pela 15ª rodada, você afirmou que os dirigentes haviam perdido a credibilidade. Como está essa relação hoje?
Fiquei chateado e falei aquilo que estava pensando. O Paraná não pode estar em um campeonato sem pretensões. É um time que já está há sete anos na Série B e merece algo melhor. Tivemos uma reunião positiva, eles pagaram uma parte do combinado e, até dia 5, esperamos que paguem o restante. Com salários em dia, a atmosfera é diferente. Esperamos que a diretoria coloque a casa em ordem, para que reme junto com a gente e com os torcedores, que têm feito sua parte. Tenho muito respeito por eles. Mas ainda faltam algumas coisas.
O quê?
Alguém da diretoria estar mais próximo no dia a dia. Já deixei isso claro. Precisamos dessa pessoa, não só nos dias de jogos, como nos treinos. Temos jogadores jovens, alguns mais tímidos, outros precisando desabafar sobre algum problema, então precisamos dessa figura. Seja o presidente Rubens Bohlen, o próprio Celso Bittencourt [vice-presidente de futebol] ou o Casinha [ Luiz Carlos Casagrande, vice-presidente social]. O jogador se sente seguro e blindado. Independentemente do salário atrasado, queremos que os diretores apareçam e conversem conosco.Você viveu o último grande ano do Paraná, em 2006, com a conquista do Paranaense e da classificação para a Copa Libertadores. Quais são as suas lembranças daquela temporada?
Realmente, 2006 foi um ano mágico para o Paraná, com estas conquistas. Foi histórico, marcante, algo que fica guardado na memória dos torcedores, assim como na nossa memória, dos jogadores que participaram desta caminhada.
Neste ano, você encontrou um panorama totalmente diferente no clube, com crise financeira, atraso de salários e a luta para sair da zona de rebaixamento da Série B. Qual foi a sua primeira impressão no retorno?
Sabia das dificuldades financeiras e da falta de estrutura. Mas realmente me assustei um pouco. Sei que as coisas podem melhorar, mas falta um pouco de organização e estrutura, pois apenas assim se conquistam coisas no futebol. Além do planejamento. Não podemos contratar por contratar ou apenas por causa de empresários. E quanto mais atletas com identificação com o clube, que saibam da grandeza do Paraná, melhor.O que o Paraná precisa para voltar a conquistar títulos?
Nada cai do céu. Temos bons jogadores, pratas da casa de talento. Mesmo com as dificuldades, o clube consegue ter um bom elenco. Acredito que com organização, bons parceiros, planejamento e estrutura, como melhores campos de treinamento, as coisas possam acontecer naturalmente. Esperamos que a diretoria consiga o dinheiro para manter as coisas até o final do ano.
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