O time
O técnico Toninho Cecílio reuniu ontem o elenco paranista antes do treino para pôr um ponto final na declaração de Rubinho sobre problemas de relacionamento no grupo. Após o empate por 1 a 1 com o Operário, o meia reclamou de falta de companheirismo. "Saí de cabeça quente e acabei me expressando errado", desculpou-se o meia. O Tricolor encara o Rio Branco amanhã.
Uma das diretrizes da atual direção do Paraná é que ninguém faz nada sozinho. Com Celso Bittencourt, superintendente-geral do clube, não foi diferente. Nesta entrevista exclusiva concedida na sala da presidência do clube, em que destrinchou vários aspectos da vida tricolor, como dívidas, imbróglios jurídicos e projetos de interiorização, ele foi acompanhado pelo presidente Rubens Bohlen. E, meio em tom de brincadeira, o atual ocupante da principal cadeira da sede da kennedy cravou: "Ele é o cara. Será o próximo presidente". No fim do ano tem eleição no clube.
O leilão da sede do Tarumã com valor de partida em R$ 20,5 milhões é suficiente para sanear o clube?
Nosso ponto de equilíbrio para a venda é algo em torno de R$ 28 milhões a R$ 30 milhões. Acima disso vira investimento. É este o tamanho de nosso passivo, incluindo a história do processo da venda do Thiago Neves. Isso vira giro de caixa para investirmos em projetos agendados, na parte social, futebol, para brigarmos de maneira forte pelo acesso.
Por isso a opção por não brigar pela área, de deixá-la ser leiloada?
Não combatemos o leilão por achar ser uma solução definitiva. Considerando o futebol, o social e vários passivos mensais que serão liquidados, consumimos R$ 1,2 milhão por mês. Temos déficit mensal de R$ 250 mil por ter de pagar pendências. Essa é a causa de nós termos atrasos constantes de salários. Com dinheiro na mão, poderemos negociar melhor nossas dívidas trabalhistas e diminuí-las ou liquidá-las.
Sobre o caso da venda do Thiago Neves, quais medidas estão sendo tomadas pelo clube para punir os culpados?
O presidente conseguiu resgatar e reduzir o débito praticamente pela metade [de R$ 19 milhões para R$ 9 milhões] negociando com o Léo Rabello [empresário que diz não ter recebido sua parte na negociação]. Foram ouvidos dois ex-presidentes [José Carlos de Miranda e Aurival Correia], o escritório de advocacia de Curitiba e falta ouvir o do Rio. Algumas questões precisam ser entendidas, como o negócio do Miranda do empréstimo do Thiago que virou venda, a decisão do Aurival de fazer o saque que gerou o processo, pois estava em juízo, e a atitude do escritório do Rio, que devia ter comunicado nos autos a saída do caso. Iremos tomar medidas administrativas e judiciais, caso o Conselho Deliberativo assim julgue.
(Nota Redação: em 2007, após uma passagem apagada pelo Vegalta Sendai, do Japão, Thiago Neves foi negociado por seus representantes com o Fluminense. Como havia assinado um pré-contrato anterior com o Palmeiras, a multa rescisória do contrato, de R$ 2,3 milhões, foi depositado em juízo. Aurival Correia, presidente do Paraná à época, sacou o montante. O que foi feito com o dinheiro é que está sendo investigado pelo clube.)
Então o clube estuda processar os ex-dirigentes?
O Miranda foi intimado por carta precatória para se explicar sobre o caso do cheque da L.A. Sports [em 2007, o então presidente pediu afastamento do cargo após admitir ter desviado um cheque de R$ 16 mil pago pela empresa, parceira tricolor, em despesas que não passaram pela contabilidade do clube]. A ação existe e podem existir outras. Tudo que tiver documento e prova, a gente não vai isentar ninguém. Vamos tomar medidas no Conselho e deixar para a Justiça decidir se é devido ou não ao clube.
O Paraná ainda se relaciona com a L.A.?
Contra empresário, a gente não tem nada, mas não temos relacionamento com a L.A. Se surgir um jogador interessante e for deles, faremos contratos que interessem ao Paraná. O contrato que existia com eles previa que poderiam pegar o jogador a qualquer momento. Qual a vantagem disso para o clube?
Comparando com os rivais, o Paraná tem menos torcida, menos sócios, menos arrecadação, menor verba de tevê e está na Série B. Como competir?
Nos últimos dez anos, recebemos R$ 150 milhões a menos que eles. O nosso trabalho é fazer melhor com menos. Bom que a gente acostumou a trabalhar com pouco, a ser mais competente. Mas tudo passa pela volta à Série A. A diferença de verba da B para A é muito grande.
O futebol paranaense seria mais forte se houvesse união entre os clubes?
O Campeonato Paranaense não é só Atlético e Coritiba. É Atlético, Coritiba, Paraná, Londrina, todos. Se sempre pensarmos nos dois times, tudo ficará na mesma e todos serão prejudicados. Temos de falar a mesma língua.
O clube defende a volta da Copa Sul?
A gente entende que devia ter calendário maior para todos os times. Quem joga a Série A e a Série B devia ter calendário diferente, com uma Copa Sul.
Quantos reforços serão contratados para a Série B?
Estamos trabalhando com um número entre seis e oito contratações. Gente que chegue para jogar.
O Paraná tem algum projeto de interiorização? Há uma possibilidade de se fazer a intertemporada na pausa da Copa das Confederações, entre junho e julho, no interior?
Temos projeto de interiorização, sim. Essa situação de clubes da capital com participação zero no interior será revertida um dia. Nós temos uma rejeição menor no interior que os outros clubes da capital. Ajuda termos o mesmo nome do estado. E somos o segundo time de muitos no interior. A torcida aqui não curte isso de segundo time, mas isso existe. Sobre a intertemporada, temos propostas de gente oferendo local a um custo ínfimo.
O senhor pensa em ser presidente?
Temos um trato que o presidente tem direito a uma re-eleição. No momento oportuno, falaremos sobre o assunto.