STJD
A procuradoria do STJD vai monitorar os jogos que definirão o acesso da Série B e, se houver comprovação de manipulação, abrirá um inquérito. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) não faz distinção entre mala branca ou preta. Assim, receber dinheiro para ganhar ou perder um jogo é passível de punição, conforme previsto no artigo 242 do CBJD. Tanto quem recebe como o autor está sujeito a multa de R$ 100 a R$ 100 mil, além de suspensão, de 180 a 360 dias, e exclusão do futebol em caso de reincidência.
O Bragantino tornou-se personagem central da briga pela última vaga no G4 da Série B. O zagueiro Álvaro insinuou que o presidente do clube, Marcos Chedid, mandou poupar titulares do time que recebe o Figueirense, hoje, às 16h20, para beneficiar os catarinenses. O Figueira sobe com a vitória, tirando da briga Ceará e Icasa. Chedid reagiu dizendo que a medida já estava no planejamento e acusou o presidente do Ceará, Evandro Leitão, de oferecer premiação aos jogadores da equipe paulista.
A polêmica veio à tona na quinta-feira à noite, quando Álvaro, capitão do time, reclamou da decisão de poupar seis titulares. "Ele [presidente] retirou seis jogadores que eram titulares absolutos. A gente não sabe o motivo. Podemos deduzir, mas não sabemos. Você só pode ter certeza se tem prova", afirmou Álvaro.
Segundo o zagueiro, também estão fora do jogo os atacantes Lincom e Cezinha, o volante Magno e o goleiro Rafael. Seriam, então, cinco, não seis jogadores. De acordo com o técnico Marcelo Veiga, serão apenas dois: Álvaro e Lincom.
Chedid negou qualquer tentativa de beneficiar o Figueirense. O presidente afirmou que já havia um acordo prévio de que, escapando do rebaixamento, algo que aconteceu na rodada passada, o Bragantino anteciparia as férias de parte do elenco. O objetivo seria dar mais alguns dias de preparação para o Paulistão e acelerar a saída de quem não terá o contrato renovado. O dirigente ainda acusou Álvaro de querer receber mala-branca do Ceará, que precisa de um tropeço dos catarinenses e do Icasa, contra o Paraná, para subir.
"O Joinville vai jogar com o Ceará sem oito jogadores. Para! Para! Para! O presidente de vocês esteve em Santa Catarina nesta semana. Seu presidente [Evandro Leitão] esteve em Bragança e ofereceu R$ 600 mil para os meus jogadores e me perguntou se podia. Jantou em Bragança com três jogadores", afirmou Chedid, à Rádio Verdes Mares, de Fortaleza.
Em entrevista ao site da ESPN, Leitão confirmou ter ido a Bragança conversar com Álvaro e Lincom. O motivo da visita, segundo ele, teria sido verificar informações de que o Braga facilitaria o jogo para o Figueirense.
"Vai ser tudo apurado pelo STJD e Ministério Público. É um assunto sério e é indiretamente, se for verdade, uma forma de manipular", disse o cartola cearense.
O gerente de futebol do Figueirense, Rodrigo Pastana, falou que tudo não passa de teoria da conspiração, além de apontar outras atitudes que poderiam ser avaliadas como suspeitas.
"O Boa, na semana passada, tirou o Marcelinho Paraíba, o treinador e mais outros jogadores e ninguém falou nada [o time mineiro perdeu para o Sport, que garantiu o acesso]. O Joinville, que irá com jogadores mistos para pegar o Ceará, ninguém fala nada. Só porque o Figueirense é que está com mais chances...aí falam. E o Álvaro, um jogador que já teve inúmeros problemas, polêmicas por onde passou", afirmou.
Em Curitiba para o jogo contra o Paraná, o Icasa acionou o seu departamento jurídico para cobrar do STJD um acompanhamento do caso. "Estamos aqui para conseguir o acesso de uma maneira limpa. Nossa obrigação é fazer nossa parte e depois cobrar os devidos esclarecimentos no STJD e junto ao Ministério Público", afirmou o diretor executivo Fred Gomes. O Icasa precisa vencer o Paraná e contar com empate ou derrota do Bragantino para subir.
No Joinville, o técnico Sérgio Ramirez disse que a chance de os jogadores conseguirem um novo contrato com o clube ou chamar a atenção do mercado compensará os desfalques.
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