Milton Mendes (foto), 48 anos, não é um nome conhecido no círculo de treinadores brasileiros. Longe do Brasil desde 1987, quando foi jogar em Portugal, voltou para tentar levar o Paraná à Série A do Brasileirão. Um treinador que abraça os jogadores e não abre mão do rigor nos treinamentos e no cumprimento dos horários. "Sou amigo do jogador, mas tenho de ser firme dentro do campo", diz. O começo no Tricolor não tem sido como esperava ganhou uma e perdeu duas partidas , mas garante que a sorte vai mudar. Nessa entrevista à Gazeta do Povo, ele falou sobre o retorno dele ao país, a formação como treinador, o Paraná, as perspectivas e a visão sobre o jogador brasileiro.
Você sabia da dificuldade financeira que o Paraná atravessa nos últimos anos? Isso de alguma forma preocupa para o trabalho na temporada?
De 100 equipes no Brasil, 90 têm problemas financeiros. Todo mundo gosta de trabalhar e receber. O Paraná está em ascensão com pessoas que pegaram o clube em dificuldades. Já tem pouca dívida, tem patrocínio de uma empresa estatal, que significa que o clube está limpo. A partir daí outras coisas boas podem surgir.
Você é um técnico desconhecido por aqui. Sentiu alguma desconfiança dos jogadores?
Deles eu tenho certeza de que não existe desconfiança. Temos uma relação de amizade, de companheirismo, de olho no olho. É natural que exista de fora para dentro pelo fato de termos perdido o jogo em casa com o Maringá e depois o clássico. Sem dúvida, o torcedor, que vive emocionalmente o jogo, vê dessa forma.
Os resultados não vieram...
Se tivéssemos vencido o segundo jogo, não estaríamos falando de desconfiança, o discurso seria o outro.
Mas falta o gol
Precisamos disso. O trabalho está fluindo, as coisas estão gradativamente crescendo e peço à torcida que tenha um pouco de paciência.
Com esse grupo, é possível ser campeão estadual e subir para a Série A?
Necessitamos de algumas peças que, aos poucos, estão chegando [o atacante Giancarlo foi confirmado ontem]. É importante dizer que se conseguirmos um equilíbrio de jogadores por posições dentro do plantel, poderemos fazer coisas bonitas.
Nesse pouco tempo de trabalho, os jogadores já conseguiram assimilar bem o seu jeito de cobrar, principalmente o rigor com horário?
Para que serve horário se não para cumprir? Para que existe regra se não para cumprir? Por que nossos presídios estão cheios? Porque não existem regras. Por que temos uma formação de crianças mal educadas? Porque não tem regras. Não aprendi isso lá na Europa, aprendi no interior de Santa Catarina, em Criciúma, com meus pais. Eles me ensinaram isso. É simples e básico.
Mas é simples e básico para os jogadores?
É questão de educação. A maioria sabe disso, gosta disso, porque sabe a hora que vai começar e como vai acabar.
Essa forma de trabalho tem inspiração em algum treinador que você teve?
Eu tive muitos treinadores que acrescentaram muitas coisas. Tirei dos treinadores questões de liderança, formas de trabalho, leitura de jogo, como fazer substituições. Eu fui jogador e sei lidar com jogador. Sou amigo do jogador, mas tenho de ser firme dentro do campo.
Algum treinador em especial?
Tive vários treinadores bons. Gosto muito da forma de como aborda o jogo e a liderança do Paulo Autuori, um cara íntegro, sério, firme nas convicções. Gosto muito da abordagem do treino do Juande Ramos [técnico espanhol do Dnipro Dnipropetrovsk da Ucrânia]. Gosto da seriedade do Louis Van Gaal [técnico da Holanda]. Adoro ver a forma com que o Pep Guardiola se relaciona com os jogadores. Adoro ver as coisas.
Os jogadores parecem não adorar. Falta esse interesse?
Falta sim. Eu era lateral-direito e gostava de ver o Leandro [ex-jogador do Flamengo] jogar. Me inspirava muito nele e no Orlando Lelé [ex-Vasco e América-RJ]. Se é meia-atacante, tem de se espelhar no melhor do mundo, ver como trabalhar em campo, como joga individualmente e coletivamente. Se tiver essa percepção, vai entender que futebol não é acaso.
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