O ano para o futebol do Paraná pode ter acabado, já que a vitória sobre o América-MG no último sábado(14) sepultou qualquer risco de o Tricolor cair para a Série C, mas os 45 dias até a virada do ano ainda guardam revelações e passos importantes para o clube sonhar com algum sucesso na próxima temporada.
Sob a administração de Luiz Carlos Casagrande, que assumiu após a renúncia do ex-presidente Rubens Bohlen, em março, o Paraná mudou o curso de sua gestão, enxugou a folha salarial e ganhou fôlego financeiro, graças ao pagamento em dia dos salários do elenco e à não antecipação das receitas provenientes da televisão, referentes à 2016.
Com as mudanças feitas, o clube que o novo presidente Leonardo Oliveira terá desafios ainda maiores que os enfrentados por seu antecessor graças a ‘faxina’ realizada, que fez crescer a expectativa do torcedor em atingir o grande objetivo do clube desde que foi rebaixado, em 2007: voltar à primeira divisão.
A Gazeta lista as pendências paranistas para este fim de ano.
Treinador
A demissão de Fernando Diniz, em setembro, deixou o time sem um técnico fixo e o interino Fernando Miguel, que faz parte da comissão técnica permanente paranista, acabou ocupando a vaga provisoriamente. Porém, sua permanência no comando do time já foi descartada pelo superintendente de futebol do clube, Durval Lara Ribeiro, o Vavá, e para o Paraná manter a filosofia de folha enxuta e conseguir resultados em campo a participação do técnico na montagem do elenco é primordial. A direção paranista tem trabalhado na busca pelo próximo comandante e já definiu o perfil da contratação, como explicado por Vavá: “Vamos atrás de um treinador com a cara do clube. Além de formar grandes jogadores, o Paraná sempre formou também grandes treinadores. Queremos alguém que vista a camisa”, declarou. Muitos nomes foram especulados nos últimos tempos, como Léo Condé, Claudinei Oliveira e Dado Cavalcanti, porém a cúpula tricolor desmente quaisquer ligações com os profissionais levantados e aguarda, possivelmente, o término dos campeonatos nacionais para acertar a vinda do próximo comandante. Corre nos bastidores que Claudinei Oliveira – que reconhece ‘ter uma dívida com a torcida’ – é o preferido, menos de Vavá.
Renovações
Destaques da equipe, como o lateral Ricardinho, o volante Fernandes, o meia Rafael Costa e o atacante Henrique, encerram seu vínculo com o Tricolor no último dia de novembro e há esperança na renovação de alguns, enquanto outros tem sua saída praticamente definida. O lateral Ricardinho, que esteve a ponto de ser negociado pelo clube antes do início da Série B, também tem contrato vencendo no final do ano e não deve permanecer. O volante Fernandes e o meia Rafael Costa também estariam nos planos tricolores para 2016, mas o destaque que os dois ganharam na Série B pode dificultar as suas renovações. Ambos foram sondados por concorrentes paranistas da Segundona, como o Londrina, além de terem o interesse do mercado de São Paulo para a disputa do Paulistão, e um possível aumento salarial pode afastar a dupla do clube. A única situação que parece definitiva é a do atacante Henrique. Emprestado pelo Atlético-MG, o Paraná até chegou a sonhar com sua permanência por mais um ano mas, segundo o procurador do atleta, o ex-jogador Hélcio, o clube mineiro solicitou seu retorno a Belo Horizonte e não pretende abrir mão do jogador na próxima temporada. Dos poucos destaques com contrato para o próximo ano, o lateral Rafael Carioca tem contrato até o final de 2018 e a multa rescisória para tirá-lo da Vila Capanema pode render algum fôlego financeiro ao clube, em caso de negociação.
Dispensas
O Tricolor espera o término da Série B para iniciar também uma série de dispensas. Alguns jogadores foram pouco aproveitados durante a campanha deste ano e não devem permanecer na Vila por opção do clube. Casos dos zagueiros Léo Coelho, Rodrigo Sabiá e Zé Roberto, do volante Jácio, do meia Rodrigo e dos atacantes Nathan, Lúcio Flávio e Carlão, todos sem contrato garantido para 2016. A montagem do grupo com a Série B em andamento escancarou a falta de tempo da atual diretoria para planejar a equipe e muitas contratações, feitas na base da necessidade, acabaram não rendendo o esperado. “O que vamos fazer é ter criatividade e tentar chegar na frente dos outros. Temos um tempo maior agora, chegamos no apuro, muitos jogadores já estavam fechados, então não deu para fazer tudo o que pretendíamos, mas agora, com tempo, a gente vai tentar investir um pouco mais”, revelou o superintendente paranista. Vavá não sacramentou a saída de nenhum jogador mas o plano de manter um elenco enxuto no começo do ano implica na saída de atletas pouco utilizados pela comissão técnica.
Reforços
A antiga parceira paranista tem um caso de sucesso na Vila. Foi o grupo que garantiu o Paraná na Libertadores de 2007, com empréstimo de jogadores. Assim mesmo não foi unanimidade no clube. A relação terminou de forma não amigável. Mas se a situação dos que hoje integram o elenco paranista está longe de estar definida, as contratações são ainda mais misteriosas. O primeiro reforço que deve chegar ao clube é um velho conhecido da torcida, o zagueiro Alisson, que retorna de empréstimo do Botafogo. Além dele, a direção já afirmou ter acertado alguns nomes para reforçar o time em 2016 mas as retas finais dos campeonatos nacionais impedem qualquer confirmação. O presidente tricolor em exercício, Luiz Carlos Casagrande, chegou a mencionar que o planejamento da direção seria confirmar alguns nomes até 15 de dezembro, quando ele entrega o cargo ao novo mandatário eleito, Leonardo Oliveira, mas oficialmente a direção apenas afirma que está trabalhando atrás de reforços, sem confirmar nomes ou datas para divulgação. Vavá também definiu o perfil dos atletas que pretende contratar. “Temos um grupo de observação, sabemos aonde está o mercado, onde tem atletas que podem vir para vestir a camisa do clube. Um time só vai ter sucesso se tiver atletas que se identifiquem com o clube”, sentenciou.
Plano de sócios
Com o número de sócios girando na casa dos 5 mil (não é oficial), o clube não sentiu o apoio financeiro que esperava das arquibancadas. Quando assumiu o clube, Casinha afirmou que precisaria de 10 mil sócios em dia até o final do ano de 2015 para o clube conseguir manter as contas em dia. A administração anterior integrou os planos, extinguindo a separação entre os associados do futebol e os do clube e unificou as categorias, na busca por aumentar as adesões. Não deu certo e foi preciso baratear o ingresso para R$ 10, optando pelo torcedor de bilheteria. Assim mesmo, outro fracasso. Com uma média baixa por rodada, o Paraná só arrecadou R$ 157.283,94 mil (R$ 8.738 por jogo). A nova diretoria precisa procurar uma solução para ampliar o número de associados, a fim de garantir a saúde financeira do clube durante todo o ano de 2016 e também para fidelizar o torcedor, aumentando assim a receita e o apoio esportivo ao time.
Adesão ao Profut
É assim que os conselhos pensam sobre a possível a adesão ao Profut, programa do Governo Federal para o refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol com a União. Em reunião realizada no final do mês de outubro, o Paraná acenou para essa possível adesão. Contudo, a principal preocupação demonstrada pela cúpula paranista está nas contrapartidas que precisam ser dadas como garantia ao governo. Além do controle orçamentário e da manutenção dos salários em dia, os principais pontos de apreensão são a cláusula que exige a manutenção da Certidão Negativa de Débitos, comprovando a situação fiscal regularizada, e que caso não seja apresentada pode gerar o rebaixamento imediato da equipe, além da impossibilidade de atraso nos vencimentos do parcelamento, o que excluiria o clube do programa, gerando também o rebaixamento. Conforme Carlos Werner, eis o rombo: para quitar as dívidas trabalhistas são R$ 15 milhões, mais R$ 5 milhões de dívidas cíveis e ainda a situação tributária, que demandaria mais uns R$ 30 milhões. No recurso da ação do atacante JJ Morales, o clube alega que a dívida total é de R$ 73 milhões.
Aproveitamento da base
Após passar oito anos sem conquistar sequer um título nas categorias de base, o Paraná quebrou o jejum e levantou a taça do último estadual sub-19. Com tradição em revelar jogadores, o clube vem ampliando a participação de suas revelações na equipe principal nos últimos anos mas não tem visto grande sucesso. O prata-da-casa mais utilizado em 2015 foi o volante Jean, que começou o ano como titular, foi destituído do time por Fernando Diniz mas voltou a ganhar espaço com Fernando Miguel e termina o ano em alta. Alguns outros garotos da base também integram o elenco principal, como o atacante Yan Phillipe, o meia Alex Brilhante e o atacante Lucas Pará, mas os jogadores criados na Vila são apenas opções para compor o grupo e não tem ganhado tantas oportunidades entre os titulares. Porém, a geração campeã estadual pode trazer alguns bons valores ao clube e, conseguir garimpar talentos da base pode ajudar a aliviar a carga financeira do Paraná, seja evitando gastos com contratações, seja na posterior venda e arrecadação financeira que as revelações podem trazer.
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