Menos de quatro meses de trabalho foram suficientes para o pouco conhecido Wagner Lopes se firmar como técnico de um Paraná em reconstrução. O treinador chegou sob desconfiança, com a missão de remontar o elenco após o plantel ser inteiro trocado no final do ano passado. Confiante e feliz na Vila Capanema, o brasileiro naturalizado japonês tem a responsabilidade – e a expectativa – de trazer o Tricolor de volta à elite do futebol brasileiro após 10 anos. Contra o Vitória, na próxima quarta-feira (19), às 19h30, espera consolidar o bom momento do Tricolor com uma vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil. Confira a entrevista completa:
Qual é sua perspectiva para a Série B e a avaliação dos adversários nesta temporada?
É uma pergunta muito difícil, mas a gente vê a Série B com boas perspectivas. Temos de saber que em um campeonato com 38 rodadas é fundamental ter equilíbrio e regularidade para ser competitivo. Eu acredito que o amadurecimento da equipe foi muito bom nesses primeiros 100 dias.
Qual sua avaliação do elenco atual e como está a procura pelos reforços?
Preciso valorizar as peças que tenho. Vejo nosso time com filosofia de trabalho e conceitos amadurecidos. Mas nossa ideia é fortalecer o grupo.Estamos atentos ao mercado e vamos reforçar alguns setores para a Série B. Nós temos uma rede de acompanhamento de jogadores em diversos campeonatos, que atuaram em estaduais pelo Brasil e que nós sabemos que podem render.
Grana da Copa do Brasil fortalece o Paraná na luta pelo acesso à Série A
Leia a matéria completaO meia Renatinho e outros jogadores podem sair antes da Série B. Como você encara a possibilidade de perder algumas peças?
A gente quer contar com todos. Mas às vezes aparece uma oportunidade para o atleta. Não adianta segurar o jogador se ele recebe uma proposta que pode mudar sua vida. Se nós pudéssemos pagar altos salários para todo mundo ficar, seria fantástico. Mas o que nós estamos conversando com os atletas é para eles pesarem o que é melhor. Muitas vezes o empresário faz o jogador sair por causa do dinheiro, sendo que não é o melhor momento.
Já que você citou acima sobre o amadurecimento do grupo, como foi a frustração após a eliminação para o rival Atlético no Estadual?
Todos os dias nós temos oportunidades de aprender. No Paranaense percebemos que qualquer imprevisto acarreta nos resultados ruins. Fizemos três partidas decisivas em 10 dias [dois jogos contra o Atlético, pelo Estadual, e um contra o ASA-AL, pela Copa do Brasil]. E em uma falha nossa levamos um gol que nos desclassificou. Penso que nós tínhamos plenas condições de ser campeões. Mas agora o foco é todo na Copa do Brasil.
TABELA: Confira os confrontos da Copa do Brasil
Em casa
Apesar de já ter alcançado as quartas de final da Copa do Brasil em 1995, 1996, 1998 e 2002, o Paraná nunca eliminou quatro adversários no torneio mata-mata nacional. Você acredita que esse grupo tem a chance de fazer história no clube?
Eu acho que sim. Mas temos que ter muito cuidado na retórica. É só ver o que aconteceu com o PSG contra o Barcelona. Temos a vantagem e foi o primeiro tempo de um jogo de 180 minutos. Respeitamos muito o Vitória e não é à toa que eles estão fazendo uma grande temporada [a melhor entre os clubes da Série A]. Nós sofremos muita pressão nos primeiros 24 minutos lá e não podemos deixar isso acontecer em casa.
Você já disse diversas vezes que gosta de trabalhar com psicologia esportiva. Mas como fazer com que o time não relaxe com a vantagem de 2 a 0 obtida em Salvador?
Eu gosto muito de trabalhar com a PNL (Programação Neolinguística). Eu trabalho com ferramentas para que o atleta fique em estado de alerta em todo o aquecimento. Nós temos como fazer o jogador entrar em estado de jogo mesmo nos treinamentos. E o mais importante, temos o fator casa. E eu sei que desde o primeiro minuto até o ultimo minuto a nossa torcida vai nos apoiar.
Eu sou muito bem tratado tanto pela diretoria quanto pela torcida. Estou tão adaptado que inclusive já comecei a chamar os garotos do time de piá
O diretor de futebol, Rodrigo Pastana, garante que será difícil você sair no meio da temporada, até pelo prazer que está tendo em trabalhar no Paraná. Como é sua relação com a diretoria e como está o ambiente na Vila Capanema?
Eu e o Rodrigo temos uma identidade muito grande. Nós queremos fazer história aqui no Paraná. E existe uma cobrança interna muito grande, o que é bom. Eu sou muito bem tratado tanto pela diretoria quanto pela torcida.Estou tão adaptado que inclusive já comecei a chamar os garotos do time de piá.
E sobre as dificuldades financeiras que o clube há tempos atravessa. Como essa questão está sendo tratada com você pela direção do clube?
A diretoria tem sido muito parceira. Está nos dando tranquilidade para trabalhar. O Rodrigo Pastana faz com que comissão e jogadores foquem só no futebol. Os pagamentos estão todos em dia e o retorno financeiro da Copa do Brasil tem ajudado a parte administrativa também.
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