Pelé completa nesta quarta-feira (23) 79 anos de idade. Do moleque que assombrou a todos na decisão da Copa da Suécia, em 1958, ao craque consagrado que comandou o tri do Brasil na Copa do México, em 1970, Édson Arantes do Nascimento tornou-se o principal embaixador do futebol ao redor do mundo.
Relembre as passagens do maior camisa 10 de todos os tempos pelos campos do Paraná. Além de Curitiba, que teve a oportunidade de ver o Rei do futebol em confrontos contra o Atlético, Coritiba e Ferroviário, o craque também desfilou suas jogadas em Maringá, Londrina e Paranaguá – nestas duas últimas cidades, o camisa 10 ainda adolescente já mostrava com a camisa do Santos um futebol acima da média, antes mesmo de se transformar definitivamente no mito Pelé.
Gasolina em Londrina
Em 1957, Pelé era só um moleque bom de bola chamado de “Gasolina” pelos companheiros de Santos. Foi com esse codinome, aos 16 anos, que o futuro Rei jogou pela primeira vez no Paraná, na sapecada do Peixe por 7 a 1 no Londrina, em amistoso. Substituiu Álvaro e já meteu duas bolas na rede. “Naquela época, Pelé não era nada além de um garoto”, relembra o jornalista José Maria de Brito.
Pit-stop em Paranaguá
Ainda em 1957, Pelé jogou pelo Santos contra o Rio Branco, amistoso vencido pelo Peixe por 3 a 2, em Paranaguá. Chegou no dia do jogo em um avião que pousou na pista cheia de mato do aeroporto do litoral. E, dizem, desembarcou em um terno duas vezes maior que o “defunto”. Não marcou, mas impressionou a todos. Quinze dias depois foi convocado pela primeira vez para a seleção, para disputar a Copa Roca. E aí...
Curitiba conhece Pelé
Na primeira passagem pela capital, em dezembro de 1958, o meia já era o Pelé que o mundo conheceu. Em junho, barbarizou na Copa da Suécia, com apenas 17 anos. Na decisão, com os donos da casa, marcou dois gols, um com matada no peito, chapéu e conclusão de primeira. Em amistoso com o Coritiba, no Belfort Duarte (atual Couto Pereira), fez o gol do Santos no empate por 1 a 1, já o 153º tento da ainda curta carreira.
Massacre em Maringá
Já era 1965 e Pelé era bi mundial pela seleção (1958 e 62) e pelo Santos (1962 e 63). Foi quando o esquadrão praiano foi convidado para celebrar o aniversário de 18 anos de Maringá, no Estádio Willie Davis. Como um convidado mal-educado, o Peixe meteu 11 a 1 nos locais e o camisa 10 marcou duas vezes. O bom zagueiro Roderley, que depois passou pelo Coxa, tem de contar até hoje como encarou a missão de marcar o Rei.
Pelé e o Ferroviário
O Paraná foi fundado só em 1989, quando Pelé já estava quase com 50 anos. Mesmo assim, é possível dizer que o Rei já “maltratou” também os paranistas. Em 1967, o Santos enfrentou o Ferroviário, antepassado do Tricolor. O jogo foi pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Brasileiro da época. O Ferroviário participou como o campeão estadual e levou a pior: 3 a 0, um gol do camisa 10, o 838º.
Com a seleção em Curitiba
A seleção brasileira já estava em preparação para a Copa do Mundo de 1970 quando desembarcou em Curitiba em novembro de 1968 para um amistoso, no então Belfort Duarte, hoje Couto Pereira. Enfrentou o Coritiba, que atuou com a camisa da seleção do Paraná. Pelé não marcou na vitória do escrete nacional por 2 a 1, mas o jogo representou a única passagem do Rei com a amarelinha pelo estado. Mais tarde, boa parte daquele time encantaria o mundo com o tri no México.
Pelé? Não, Abatiá!
O Santos veio à capital enfrentar o Coritiba pelo Brasileiro de 1971, o primeiro ano da disputa como conhecemos hoje. A atração, claro, era Pelé. Entretanto, ao fim do jogo, quem levou a melhor foi Tião Abatiá. O coxa-branca foi o autor do único gol da partida, um tirambaço que explodiu a torcida aos 18 do primeiro tempo. Ao final do jogo, o Rei soube reconhecer a melhor jornada de Abatiá.
Rubro-Negro na rota
Em 1973, o Atlético enfrentou e perdeu para Pelé pelo Brasileiro duas vezes . Em setembro, 2 a 0, gols de Mazinho e Edu. Em novembro, 1 a 0 sacramentado pelo Rei. Jogo no Belfort Duarte e o camisa 10 decidiu o cotejo no fim. O rubro-negro Tobias de Macedo, ainda menino, entrou com Pelé . “Meu pai soube que o Pelé era o último a entrar. Na hora ele me pegou no colo e foi comigo para o campo”, conta o advogado.
O Rei e o Pequeno Príncipe
O maior de todos os tempos estabeleceu uma parceria bem sucedida com o Hospital Pequeno Príncipe em 2005, quando foi criado o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, unidade que desenvolve pesquisas de doenças complexas da infância. Com apoio do camisa 10, o instituto virou referência na área científica e, com certa frequência, conta com a passagem do Rei.
DNA real
Atlético e Paraná já contaram com herdeiros de Pelé. Octavio e Gabriel Felinto jogaram na base dos dois clubes. Primeiro, tentaram a sorte no Furacão. Depois, em 2011, passaram pelo Tricolor. Os dois são filhos de Sandra Regina Arantes do Nascimento, filha de Pelé falecida em 2006 e que, mesmo com a confirmação por DNA, jamais foi reconhecida pelo ex-craque. Pelé nunca teve contato com os netos, hoje adolescentes.
Todos os gols de Pelé jogando no Paraná:
19/5/57 - (gols 11 e 12) Londrina 1 x 7 Santos: Aos 16 anos, Pelé marcou dois gols contra o Tubarão. Até hoje é a maior goleada sofrida pelo clube paranaense na história.
21/12/58 - Coritiba 1 x 1 Santos (gol 153): Logo após se consagrar na Copa da Suécia, o camisa 10 veio disputar um amistoso contra o Coxa. E deixou sua marca.
16/5/65 - Maringá 1 x 11 Santos (gols 711 e 712): Na semana de comemoração dos 18 anos da Cidade Canção, o todo-poderoso Santos era a atração. Pelé fez dois gols no amistoso festivo.
3/5/67- Santos 3 x 0 Ferroviário - (gol 838): Em jogo válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Ferroviário (hoje Paraná) não foi páreo para o Peixe na Vila Belmiro. O Rei marcou mais um.
22/10/69 - Coritiba 1 x 3 Santos(gols 994 e 995): Já na corrida pelo milésimo, Pelé balançou duas vezes as redes do Coxa. A partida valia pelo Roberto Gomes Pedrosa e está registrado no filme Pelé Eterno.
10/1/70 - Coritiba 1 x 3 Santos (gol 1005): Meses após a conquista do tri no México, o já consagrado astro internacional disputou um amistoso no Alto da Glória. E mais uma vez não passou em branco.
11/11/73 - Atlético 0 x 1 Santos (gol 1189): Era a primeira rodada da segunda fase do Brasileiro. Pelé marcou o gol da vitória o único dele contra o Rubro-Negro.
18/11/73 - Coritiba 1 x 2 Santos (gol 1191): Zé Roberto abriu o placar, Pelé empatou e Edu virou para o Peixe. A partida valia pela segunda fase do Campeonato Brasileiro.
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