Um dos 12 corintianos suspeitos de atirarem o sinalizador que vitimou torcedor boliviano é escoltado pela polícia| Foto: Juan Karita / AP

O presidente do Corinthians, Mario Gobbi, concedeu entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, em São Paulo, para falar em nome do clube sobre a morte do torcedor boliviano Kevin Beltram Espada, de 14 anos, atingido com um sinalizador, soltado pela torcida corintiana, no Estádio Jesus Bermúdez, durante o jogo contra o San José, quarta à noite, em Oruro (Bolívia).

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Nervoso, Gobbi chegou a elevar o tom de voz ao responder sobre a relação do Corinthians com as torcidas organizadas, por diversas vezes usou linguagem jurídica (ele é delegado) e, de forma geral tentou eximir o clube de qualquer responsabilidade pela morte do garoto de 14 anos.

"Pelo que tenho visto, por jornais, vídeos, parece ter sido um acidente involuntário quando o torcedor foi soltar os fogos. Não posso crer que alguém vá a um jogo de futebol para matar outro. Se eu acredito 1% nisso, tenho de sair do futebol", disse o presidente, refutando a hipótese de que o disparo do sinalizador em direção à torcida boliviana tenha sido proposital. "Não tinha clima hostil durante o jogo, todos estavam vendo o jogo com tranquilidade, não houve atrito entre torcidas, não houve um mal-estar que tenha gerado o disparo."

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O incidente deverá levar o Corinthians a ser julgado pelo novo tribunal de disciplina da Conmebol, correndo até o risco de ser excluído da Libertadores. Gobbi não acredita nessa hipótese. "Também falo aqui com profissional do direito. Não cabe essa pena ao Corinthians. O crime não passa da pessoa que o delinquiu. Se não há dolo, é um acidente. Acidentes existem", opinou ele.

Perguntado se achava que o Corinthians deveria ser punido, uma vez que a torcida seria uma extensão do clube, Gobbi titubeou. "Primeiro tem que apurar. Não sabemos o que aconteceu. Um torcedor faleceu e não sabemos em que circunstâncias. Enquanto não se apura é prematuro falar em punição."

O momento de maior tensão da coletiva aconteceu quando Gobbi foi questionado sobre a relação do Corinthians com as torcidas organizadas. Perguntado se o clube dava ingressos a elas, ele primeiro tentou desviar o assunto. Depois, aumentou o tom de voz e foi áspero com o jornalista.

"O Corinthians tem uma relação com a torcida igual a todos os clubes, de respeito, diálogo e ambos querem ganhar, nada mais", disse ele, antes de ser novamente confrontado. "O Corinthians não participa de financiamento das viagens, quem quer vê jogo paga ingresso", garantiu, ríspido.

Vídeo da televisão colombiana mostra em detalhe o momento do lançamento do sinalizador:

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