A decisão do goleiro Vítor, do Londrina, de não treinar e jogar mais aos sábados por motivos religiosos é mais uma situação em que a fé entra em campo de maneira contundente. Relembre outros casos:
Jogando e pecando
Outros atletas adventistas também viveram casos semelhantes ao de Vítor. Em 2015, o zagueiro Vinícius (foto), do Vitória-BA, viveu um dilema. Com o time baiano disputando a Série B, precisou jogar às sextas-feiras à noite e aos sábados, desrespeitando o que prega sua religião. “Eu fico chateado. Sei que estou pecando por não estar guardando o sábado. Mas o pai da minha namorada é pastor, eu converso com ele e ele diz para ter paciência, não ficar apavorado”, disse em entrevista ao portal UOL.
Proposta milionária recusada
Uma das histórias mais conhecidas envolvendo atletas adventistas é o do goleiro argentino Carlos Roa (foto). “Lechuga” (apelido que em espanhol significa “alface” e que o goleiro recebeu por ser adepto da dieta vegana) foi titular da seleção argentina na Copa do Mundo de 1998 e destaque do espanhol Mallorca em 1999. Roa despertou interesse do Manchester United, que chegou a oferecer US$ 10 milhões pelo atleta. No entanto, para seguir a religião adventista, o jogador optou por pendurar as luvas e se dedicou à vida no campo e às atividades da igreja. Em abril de 2000, voltou ao Mallorca para cumprir o restante de seu contrato, mas com uma condição: não atuar mais em jogos marcados aos sábados.
Continentes trocados
Geograficamente, Israel está na Ásia. No entanto, disputa as competições de futebol pela Europa. Isso ocorre desde a década de 1990, quando a Associação de Futebol de Israel se filiou à Uefa. A decisão foi tomada por causa do histórico de conflitos políticos e religiosos com os países árabes do Oriente Médio.
Cumprindo jejum
Em 2014, o Ramadã – período sagrado na religião muçulmana, no qual os adeptos têm de cumprir jejum – coincidiu com as fases de “mata-mata” da Copa do Mundo disputada no Brasil. Delegações ficaram divididas entre desrespeitar um costume religioso ou arriscar a parte física dos atletas. Jogadores mulçumanos de algumas seleções – como a alemã – descartaram o ritual religioso. Outros, como os argelinos (foto) tiveram aval da comissão técnica. No entanto, precisaram adaptar a rotina ao jejum. O time africano fez a melhor campanha de sua história, sendo eliminado somente na prorrogação das oitavas de final, justamente pela campeã Alemanha.
Conflito histórico
Um dos maiores clássicos do futebol mundial envolve os escoceses Celtic e Rangers (foto), da cidade de Glasgow. A rivalidade, que já dura mais de um século, não se dá apenas nos gramados. A “Old Firm” (Velha firma, como o derby é conhecido) marca o choque de diferenças culturais e religiosas. O Celtic foi criado entre irlandeses católicos e defendeu a independência escocesa no referendo de 2014. Já o Rangers tem origem protestante e exalta as raízes britânicas. O clássico já rendeu brigas generalizadas dentro e fora dos campos de jogo.
Antissemitismo
Neste ano, pela Eredivisie (Campeonato Holandês), Utrecht e Ajax empataram em 1 a 1. Na ocasião, a torcida anfitriã fez cânticos antissemitas e relacionados ao nazismo contra o clube de Amsterdã. Os torcedores do Ajax são apelidados de “judeus” por causa da forte presença judaica na comunidade. Entre os gritos dos torcedores estava um que dizia o seguinte: “Hamas, Hamas, judeus para o gás”, em referência ao grupo extremista palestino e à forma como os judeus foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial.
Tira a cruz
Em 2014, o Real Madrid decidiu alterar um de seus maiores símbolos para agradar um patrocinador. O cliente em questão era o Banco Nacional de Abu Dabi (NBAD, em inglês), dos Emirados Árabes Unidos. Para não ofender os consumidores do país muçulmano, o clube espanhol retirou a cruz cristã que ficava acima de seu escudo. Na imagem, a versão original do escudo, com a pequena cruz no topo.