Dias de glória
Apesar de tantos os problemas, por muitos anos o Pinheirão foi palco importante do futebol paranaense. Relembre algumas passagens.
Casa canarinho
Por ser Onaireves Moura, presidente da FPF, um dos principais correligionários de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, o Pinheirão conseguiu receber quatro jogos da seleção brasileira em sua história. Três foram amistosos: o primeiro, 1 a 1 com o Chile (1986), 1 a 1 com a Argentina (foto, 1991) e 2 a 0 com Camarões (1996). E um pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, 3 a 3 com o Uruguai.
Arquivo/ Gazeta do PovoFuracão-eô!
O Rubro-Negro não era campeão estadual desde 1990. Tabu que chegou ao fim no Pinheirão, em 1998, na decisão em Atletiba. No primeiro jogo, empate por 1 a 1 no Couto Pereira. Depois, 4 a 1 para o Atlético no Tarumã. No terceiro confronto, o time do técnico Abel Braga ficou com a taça ao triunfar novamente, por 2 a 1, na partida de maior público da história da praça esportiva, 44.475 pessoas.
Dá-lhe Coxa!
No ano seguinte foi a vez do Coritiba quebrar a sua escrita o Alviverde não era campeão Paranaense desde 1989. Na largada da decisão, com o Paraná, vitória coxa por 1 a 0, no Couto Pereira. A segunda partida foi no Érton Coelho Queiroz, 2 a 2. O jogo do título, no Tarumã, empate por 2 a 2, com o gol do coxa-branca Darcy já no final do confronto.
É Tricolor!
Albari Rosa/Gazeta do PovoO Paraná (foto) levantou o último troféu do Paranaense no estádio. Após ter vencido a Adap por 3 a 0, em Maringá, a equipe empatou por 1 a 1 o confronto de volta, no Tarumã. Warlley abriu o placar para os visitantes aos 12 minutos. O empate veio logo em seguida, aos 19, com Marcelinho cobrando falta.
Trancado desde 30 de maio de 2007 (2.397 dias), o Pinheirão entra em 2014 sem projeto. Novo dono do terreno há um ano e meio, o empresário João Destro já escutou todo o tipo de proposta, mas não sabe o que fazer com o estádio que chegou a ser cogitado como sede paranaense na Copa do Mundo.
"Não tem nada no momento. Tenho feito alguns estudos, mas ainda não defini qual o futuro do Pinheirão praça que comportaria um público de 35 mil espectadores. Certamente, não quero fazer algo que agrida a região. E não será shopping. Vai ser alguma coisa que orgulhe a cidade", diz Destro.
Um condomínio residencial ou uma arena para shows são os prováveis empreendimentos para ocupar o lugar no bairro Tarumã. E até mesmo uma nova praça esportiva não pode ser descartada.
Gigante no setor atacadista, o gaúcho radicado em Cascavel arrematou o terreno por R$ 57,5 milhões em leilão judicial realizado em junho de 2012. Na ocasião, aos risos, declarou ter comprado "por impulso".
Hoje, afirma "não ter sido bem assim" e não tem dúvidas que de que fez um bom negócio, apesar da incerteza sobre a sequência. "Foi uma ótima compra. Não temos pressa para resolver o que faremos", comenta Destro.
Apenas em outubro deste ano o empresário livrou-se de todas as pendências do Pinheirão: dívidas da Federação Paranaense de Futebol (FPF) com a Receita Federal, INSS e o Atlético, entre outros credores. Hoje, com toda a documentação regularizada, não há nada que impeça a venda do maior símbolo da era Onaireves Moura [presidente da FPF entre 1985 e 2007] no comando do futebol no Paraná.
Também em 2013 a área de 124 mil metros quadrados o mais famoso cemitério esportivo do país foi toda cercada com placas de "propriedade particular". Ao mesmo tempo, ganhou vigilância profissional durante as 24 horas por dia, sempre perseguida por três vira-latas.
A segurança decretou o fim do palacete marginal que o Pinheirão havia se transformado, ao ser praticamente abandonado pela administração Hélio Cury na FPF assim que foi lacrado pela Justiça, em maio de 2007. A entidade alegava não ter dinheiro para a manutenção. Assim, dependentes químicos, mendigos, vândalos e ladrões frequentaram e se hospedaram lá por anos.
O impacto do descaso permanece. A Gazeta do Povo teve acesso ao imóvel durante uma tarde. Pelos corredores e salões o cenário é de destruição total. Há lixo despejado por toda a parte e montanhas de fezes de pombo, cachorro e até humanas. "Não há motivo para mantermos limpo o local por enquanto, diante da indefinição. E sujeira é fácil de tirar", afirma Destro.
No antigo salão nobre, há pilhas de documentos (súmulas, registros de jogadores etc) deixados para trás. Recentemente, a entidade se mudou do endereço vizinho ao estádio, na Avenida Victor Ferreira do Amaral. O Museu do Futebol, inaugurado em 2006 com o nome do ex-presidente do Coritiba, Evangelino Neves, está trancado, com alguns objetos mofando no interior. O gramado tem sido aparado constantemente, mas não há a menor condição de receber sequer uma pelada. Sobraram as traves, a coruja e os Quero-Queros. Nas arquibancadas cresce mato e até árvores e em alguns setores o concreto cedeu. "Nossos engenheiros analisaram e disseram que a concretagem é boa. Dá para recuperar", declara o empresário.
Enquanto isso, parte do espaço vai sendo utilizado como sempre foi. Há um parque de diversões em atividade. Na sexta-feira, é o dia de um encontro de motoqueiros. E, no sábado, é a vez de uma já tradicional feira de automóveis.
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