O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira de ter recebido milhões de dólares de propina do empresário J. Hawilla, dono da empresa Traffic e que ajuda nas investigações, para garantir que os melhores jogadores da seleção brasileira estariam em campo na Copa América, competição que era organizada pela Traffic.
Segundo o documento que indicia Teixeira por lavagem de dinheiro e conspiração, esse pagamento de Hawilla a Teixeira aconteceu pelas Copa Américas de 2001 a 2011. Não é indicado os valores dos pagamentos, e, segundo a Justiça norte-americana, o mesmo acordo foi feito com a AFA (Associação de Futebol da Argentina), na época comandada por Julio Grondona, morto em julho de 2014.
Teixeira, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente José Maria Marin são acusados de receberem propina do empresário argentino Alejandro Burzaco, da T&T, para venda dos direitos comerciais da Libertadores, principal torneio de futebol da América do Sul.
Na denúncia de maio, quando Marin foi preso na Suíça e os nomes de Del Nero e Teixeira não apareceram, não havia citação de recebimento de dinheiro dos brasileiros pela Libertadores, mas sim da Copa América e da Copa do Brasil (torneio de clubes, não o Mundial de 2014).
Não é revelado o valor de propina que teriam recebido pela venda dos direitos da Libertadores.
Para a Copa do Brasil, a acusação é de que o empresário J. Hawilla pagou R$ 2 milhões por ano a Teixeira, Marin e Del Nero para ter os direitos de explorar a competição.
Em um dos trechos, é citado trecho de conversa entre Marin e Hawilla, já relatado em documento anterior , mas que desta vez revela que Marin pede dinheiro para ele e Del Nero.
“Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?”, pergunta Marin a Hawilla.
“[Hawilla] concordou dizendo: ‘Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]’“. Marin concordou: “É isso”.
O relatório também cita acordos de Ricardo Teixeira, que comandou a CBF entre 1989 e 2012, com a Traffic, por lavagem de dinheiro em acordo com empresa de material esportivo não nominada (a parceira da CBF desde 1995 é a Nike).
Marin negou à Justiça dos EUA as acusações, e Del Nero disse que nada existe contra sua pessoa. Teixeira não foi encontrado para comentar o indiciamento.