A confusão em que se envolveu com o árbitro Luís Marcelo Casagrande na partida entre Andraus e Maringá, dia 6 de setembro, pela décima rodada da Taça FPF, pode custar caro ao empresário Nadim Andraus, dono do clube de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.
Alegando falta de segurança, Casagrande encerrou o duelo ainda no intervalo, quando o Maringá já vencia por 3 a 0. O árbitro afirma ter sido agredido pelo empresário, assim como por funcionários do Andraus, que invadiram o campo do estádio Atílio Gionédis, em Campo Largo, para reclamar de um lance de arbitragem.
Em julgamento nesta terça-feira (29), o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) condenou Nadim em cinco acusações: invasão ao campo de jogo; ameaça; ofensa à honra; agressão física e incitação. No total, o dono do Andraus foi suspenso por 660 dias — quase dois anos — e terá de pagar multa de aproximadamente R$ 60 mil. Cabe recurso.
Além de Nadim, o gerente de futebol do Andraus, Marcelo Lucas, também foi punido junto com o próprio clube, que pode perder até seis mandos de campo caso não obtenha sucesso no recurso. Marcelo Lucas, conhecido como ‘Ituano’, foi denunciado por invasão ao campo de jogo; ameaça; ofensa à honra e agressão física. Corre risco de pegar até 330 dias de suspensão, além de multa de R$ 2 mil. Também cabe recurso.
Em contato com a reportagem da Gazeta do Povo, Nadim alega que está no exterior e que, portanto, ainda não estava sabendo do resultado do julgamento. O advogado Domingos Moro, que defende todos os acusados, já garantiu que entrará com recurso. Segundo Moro, Nadim não pode ser julgado pelo TJD pois não é dirigente do Andraus, apesar do clube levar o seu nome.
“Embora o Nadim empreste o nome ao clube, seja o dirigente de honra, ele não tem nenhuma participação. Não pode ser tratado como dirigente, mas sim como torcedor. Logo, deveria ser julgado segundo o Estatudo do Torcedor e não pelo TJD”, explica Moro, que defende ainda que a pena é exagerada e fruto de uma retaliação da Federação Paranaense de Futebol.
Nadim foi candidato a vice-presidente de futebol na chapa oposicionista liderada por Ricardo Gomyde, que perdeu o pleito para Hélio Cury. “O julgamento todo foi muito esquisito. Houve um episódio eleitoral e essa punição é claramente uma retaliação”, diz Moro.
A súmula de jogo indica que cinco PMs faziam o policiamento no estádio. Nove torcedores pagaram ingresso para assistir a partida. “Houve invasão de campo por parte do Sr. Marcelo (Ituano), gerente de futebol, e do Sr. Nadim Andraus, presidente do Andraus, acarretando em agressão física contra a arbitragem”, diz o texto da súmula, assinado pelo árbitro Casagrande.
Racismo
Nadim Andraus tem outra versão para o início da confusão. O empresário admite ter se dirigido ao árbitro Luís Marcelo Casagrande no intervalo da partida, mas nega as agressões. Além disso, acusa Casagrande de ter se dirigido a outro integrante da diretoria do Andraus, o dirigente Fred Nelson, com ofensas racistas.
“Registramos um boletim de ocorrências contra o árbitro por causa dessa situação de racismo. Ele insultou o Fred Nelson, chamando de ‘preto maldito’, e aí começou a confusão”, garante Nadim. “Fomos falar com o árbitro sobre um lance de jogo e teve esse insulto. Não sei porque ele não quis retomar o jogo, nunca vi isso, tinha quase mais policiais do que torcedores no estádio”, prossegue.
A Associação Profissional dos Árbitros do de Futebol do Paraná (Apaf), repudiou as alegações de racismo. Em nota publicada no dia 11 de setembro, a Apaf diz que as alegações são “inverídicas” e tiveram o objetivo de “denegrir a imagem do profissional e pai de família Luiz Marcelo Casagrande”.
Casagrande, por sua vez, nega veementemente a acusação de Nadim. Segundo o árbitro, esta é somente uma estratégia de Nadim para tentar justificar seus atos. “É incabível. Estive o tempo todo ao lado dos policiais, se tivesse dito o que o Nadim afirma teria sido preso em flagrante, pois racismo é crime”, argumenta Casagrande.
“O ofendido só foi registrar boletim de ocorrências três dias depois do suposto fato, não faz sentido. Vou levar até o fim e processá-lo”, completa o árbitro.
Reincidente
Essa não é a primeira vez que Nadim Andraus é acusado de agressão no futebol paranaense. Em dezembro do ano passado, o goleiro Harison, do Pato Branco, acusou Nadim de ter desferido um soco em seu pai durante confusão no intervalo do duelo entre Adraus e Pato Branco, pela final da terceira divisão paranaense.
Faixa-preta de Jiu Jitsu e Muay Thai, na ocasião Nadim rebateu a acusação. “Eu não estava no episódio. Tanto é que, se eu bato no cara, eu mato”, garantiu, sobre suas habilidades marciais.
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