A felicidade que tomou a cidade de Chapecó na última quarta-feira (23), quando a Chapecoense se classificou para a final da copa Sul-Americana, deu lugar nesta terça (29) a uma grande dor não só no Oeste de Santa Catarina, mas em todo o Brasil. Nesta quarta-feira (30), às 21h45, ao invés de empurrar a equipe na decisão com o Atlético Nacional, a torcida irá à Arena Condá rezar numa missa em homenagem aos 45 integrantes da delegação que morreram no acidente aéreo na Colômbia. No total, 71 pessoas faleceram na tragédia e apenas seis sobreviveram, sendo três jogadores da Chape.
IMAGENS - a emoção da população de Chapecó
VÍDEO - homenagem da torcida na missa em Chapecó
A partir da madrugada de terça-feira (29), quando começaram a chegar as primeiras notícias do acidente trágico, a cidade de pouco mais de 200 mil habitantes não dormiu mais. A Arena Condá esteve cheia de torcedores desde às 7h. Iam em busca de informações e começavam a prestar as primeiras homenagens. No local, algumas pessoas precisaram ser atendidas pela equipe médica diante da emoção. Muitos torcedores deixaram cartazes, acendiam velas e carregavam flores em homenagem aos mortos e feridos.
O luto está em cada esquina em Chapecó. Quase todas as lojas da Avenida Getúlio Vargas, a principal da cidade, tinham faixas pretas. Em uma das rotatórias, que exibia a foto do goleiro Danilo, o herói da classificação, quando defendeu com o pé um chute do San Lorenzo no último minuto da semifinal, torcedores deixaram flores e cartazes em homenagem ao jogador. “Não dá pra acreditar, só consigo dizer isso”, lamentava um torcedor que não quis se identificar, enquanto chorava ao olhar a imagem do goleiro.
A partir das 18h30, milhares de torcedores se reuniram em frente à Catedral Santo Antônio, no centro da cidade, para uma missa. Faltou lugar dentro da Igreja e caixas de som precisaram ser colocadas para fora. Ao final da celebração, os torcedores cantaram o hino da Chapecoense, além de cânticos da torcida.
Da Catedral, os torcedores seguiram em caminhada à Arena Condá, onde insistiram pela abertura dos portões. A diretoria atendeu e o estádio ficou lotado. No gramado, familiares, diretores e funcionários do clube fizeram um cordão simbolizando as vítimas quando todo estádio inteiro fez uma oração.
O empresário Júlio Comfortin tem uma academia a duas quadras do estádio e convivia com muitos dos dirigentes da Chapecoense. Ele fez questão de levar o filho Enzo, de dois anos, até a arena para prestar homenagem ao clube. “Ele viu a movimentação e pediu para vir no jogo”, afirmou chorando. “A gente sabe que essas acontecem. Mas por que aqui? Por que em Chapecó? Será que vai existir a Chapecoense depois disso? São coisas que a gente não consegue responder”, completou.
Ente da família
O dentista Roberto Basso também também foi à Arena Condá prestar homenagem aos mortos. Uma tragédia inacreditável, segundo o torcedor. “Tem algo faltando na cidade. Parece que todo mundo perdeu um ente da família. Um time humilde, mas com muita força. A gente queria muito ficar conhecido, mas pela vitória e não por essa tragédia”, disse abraçado à filha que chorava. Por volta das 21h, os torcedores que foram até a casa da Chapecoense começaram a deixar o estádio, após o anúncio de uma missa.
Junto com o acidente, foi o sonho da equipe catarinense de conquistar o seu maior título, o primeiro internacional. O Verdão do Oeste vinha em ascensão desde que saiu da Série D do Campeonato Brasileiro em 2009 e chegou à Primeira Divisão em 2014. Em 2015, já havia gerado muito orgulho à população de Chapecó, ao quase superar o tradicionalíssimo argentino River Plate nas quartas de final da Sul-Americana. Perdeu por 3 a 1 no Monumental de Nuñes, em Buenos Aires, e por pouco não seguiu para a semifinal, ao vencer os argentinos no jogo de volta por 2 a 1.
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