Com o Brasil fora do páreo e a Conmebol enfraquecida por suspeitas de corrupção, a Europa se prepara para um golpe que promete recolocar a Fifa nas mãos da Uefa depois de 40 anos. A entidade volta a se reunir em caráter de emergência, quase dois meses depois das prisões de seus cartolas em Zurique.
O objetivo é tentar fixar uma data para as eleições; definir o destino de Joseph Blatter, que prometeu deixar o poder; e ainda reformar a entidade. A reportagem apurou que, neste domingo (19) em Zurique, Michel Platini, presidente da Uefa, iniciou manobras para derrubar o suíço. Ele convocou reuniões extraoficiais com o presidente da Confederação Asiática de Futebol, Salman Bin Ebrahim Al Khalifa, e com o presidente da Conmebol, Juan Napout.
Horas depois, num encontro apenas entre Blatter, Michel Platini e poucos dirigentes, as divergências entre os cartolas ficaram escancaradas.
Com o futebol mais rico do mundo, tendo conquistado as três últimas Copas e fornecendo 70% dos jogadores dos Mundiais, a Europa quer agora também o controle sobre a Fifa. Para isso, precisa garantir um afastamento rápido de Blatter e costurar uma aliança para permitir a vitória de um nome europeu.
Em 1974, o brasileiro João Havelange foi eleito, superando um oponente inglês. Em 1998, ele faria seu sucessor, Joseph Blatter. Apesar de suíço, ele jamais teve o apoio europeu e foi sempre o candidato de sul-americanos, africanos e asiáticos. Agora, o que se debate nos bastidores é como conduzir a saída do suíço. O candidato natural seria Michel Platini, presidente da Uefa, mas a ideia inicial não é a de dar o poder imediatamente para o francês, que ainda conta com forte resistência na África e que tem mais de 50 dos 209 votos da entidade.
Uma possibilidade examinada seria a de buscar um nome de consenso e que pudesse ser atraente a federações fora da Europa. Para Platini, essa opção também seria cômoda. O francês, assim, não teria o trabalho de assumir uma entidade em ruínas e com dezenas de casos legais que ainda podem surgir contra seus membros. Platini, assim, iria se apresentar para o cargo em quatro anos.
Outra brecha que será aproveitada pela Uefa é a fragilidade do Brasil e da Conmebol, assolados por escândalos. Se até pouco tempo Brasil e Argentina conseguiam impor um nome na região, as últimas eleições já mostraram que a Conmebol não votou em bloco.
Com a ausência de Marco Polo Del Nero nesta semana, fontes da Uefa consideram que ficou “aberto o caminho” para convencer a região a apoiar o bloco europeu. Mas a Uefa quer uma eleição rápida, ainda em dezembro, para evitar dar espaço para que Blatter construa uma aliança. O suíço quer deixar o pleito para 2016.
Jérôme Champagne, ex-alto funcionário da Fifa e que chegou a ser candidato neste ano à presidência, alerta para os riscos de a Uefa controlar a entidade. “Não podemos dar as chaves do futebol e da Fifa aos que já têm mais poder”, disse.
Contra-golpe
Blatter tentará impedir o “golpe”. Sua ideia é a de apresentar, nesta segunda-feira (20), uma reforma que mude a estrutura das eleições. A meta é a de reduzir as chances de um candidato europeu que possa controlar o destino da Fifa.
Para isso, vai sugerir uma ampliação do Comitê Executivo da Fifa para que tenha mais representantes de países de fora da Europa. Além disso, as confederações regionais não teriam mais o poder de escolher seus representantes, o que ficaria para uma eleição geral entre as 209 federações nacionais.
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