As investigações divulgadas nesta quarta-feira (27), na Suíça e Estados Unidos, sobre supostos casos de corrupção no futebol mundial, estão incluídas em uma longa lista de casos em que o nome da Fifa já esteve envolvido. A escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, e o esquema de suborno e cobrança de comissões por dirigentes, remete a casos como os das renúncias de João Havelange à presidência de honra da entidade, a de Ricardo Teixeira como presidente da CBF, entre outras.
Acompanhe a cronologia:
2002
O jornal britânico The Daily Mail revela uma possível compra de votos na primeira eleição de Joseph Blatter como presidente da Fifa, em 1998.
Um relatório apresentado no Comitê Executivo pelo secretário-geral da Fifa, Michel Zen-Ruffinen, acusa Joseph Blatter por desvio de fundos.
Cinco vice-presidentes da Fifa, junto a outros seis integrantes do Comitê Executivo, abrem processo contra Joseph Blatter, por causa da publicação do relatório de Zen-Ruffinen.
2010
O jornal britânico The Sunday Times publica que vários altos dirigentes da Fifa estariam dispostos a oferecer seu voto a uma candidatura concreta ao Mundial 2018 em troca de subornos. Joseph Blatter ordena a abertura de investigação sobre o caso.
A Comissão Ética da Fifa afasta durante 30 dias o francês Reynald Temarii, vice-presidente do Comitê Executivo, e ao nigeriano Amos Adamu, membro do mesmo órgão, que The Sunday Times filmou com uma câmera secreta enquanto pediam dinheiro em troca de seu voto.
Fifa desabilita um ano a Temarii e três a Adamu, por pedir dinheiro em troca do voto.
A emissora britânica BBC divulga um documento confidencial da empresa de marketing esportiva ISL sobre supostos subornos a três membros do Comitê Executivo da Fifa, o presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o camaronês Issa Hayatou. A informação vinculava um dos vice-presidentes da Fifa, o trinitino Jack Warner, com o esquema de revenda de ingressos em várias edições da Copa do Mundo.
A Rússia ganha o direito de organizar a Copa do Mundo de 2018, em segunda votação por maioria absoluta dos 22 votos do Comitê Executivo da Fifa. Na primeira rodada, a Inglaterra foi a primeira eliminada com 2 votos, ficando atrás da Holanda/Bélgica com 4, Espanha/Portugal 7 e Rússia 9. Na segunda, Holanda/Bélgica recebeu 2 votos, Espanha/Portugal 7 e Rússia 13.
Para a escolha da sede da Copa de 2022 foram feitas quatro rodadas de votos. Na primeira, a Austrália caiu eliminada, na segunda o Japão, na terceira a Coreia do Sul. Na quarta e última, o Catar venceu e alcançou a maioria absoluta com 14 votos, contra 8 dos Estados Unidos.
Blatter diz que Copa do Mundo no Catar é uma dívida com o mundo árabe e garante que é “uma loucura” pensar que sua concessão e a da Rússia, seja uma questão de dinheiro.
2011
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O ex-presidente da Federação Inglesa David Triesman denuncia na Câmara dos Comuns que os diretores da Fifa, Jack Warner, Nicolás Leoz, Ricardo Teixeira e o o tailandês Worawi Makudi, tentaram suborná-lo, em troca de votar na Inglaterra como organizador do Mundial de 2018.
A Comissão de Ética suspende provisoriamente o vice-presidente Jack Warner e o catariano Mohammed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática, por possíveis violações do Código Ético da entidade, relacionadas com as eleições à presidência da Fifa daquele ano, em que Hammam foi único aspirante junto a Blatter. A comissão também investigou o vencedor do pleito, mas este não recebeu nenhuma punição.
Joseph Blatter é reeleito para um quarto mandato como presidente da Fifa e propõe que, a partir daquele momento, seja o Congresso da entidade que eleja as sedes, além de propor reforço à Comissão de Ética e a criação de um Comitê para resolver denúncias de corrupção.
Fifa suspende por toda a vida o catariano Mohammed Bin Hammam, por violação do Código Ético.
O secretário-geral da Concacaf, o americano Chuck Blazer, anuncia que renunciará ao cargo. Blazer denunciou a possível compra de votos por Jack Warner e Mohammed Bin Hammam nas últimas eleições à presidência da Fifa.
2012
A Fifa aprova, quase por unanimidade, as reformas para melhorar transparência, entre elas fortalecer sua Comissão de Ética, que passa a estar formada por um órgão de investigação e outro de decisão, e melhorar o controle interno com uma Comissão de Auditoria e Conformidade, com o jurista ítalo-suíço Domenico Scala à frente.
A Fifa publica a documentação do caso ISL (empresa que comercializou os direitos audiovisuais de suas competições até a falência, em 2001), que confirma que João Havelange e Ricardo Teixeira receberam subornos milionários procedentes da empresa ISL. Havelange percebeu 1,5 milhão de francos suíços em 1997 e Teixeira, pelo menos, 12,74 milhões de francos suíços entre 1992 e 1997.
A Fifa desabilita por toda a vida Bin Hammam, por desvio de fundos, em aplicação de seu novo Código Ético e após uma investigação da Comissão de Ética, mesmo com a renúncia do dirigente tendo sido protocolada dias antes.
2013
A revista francesa France Football publica que o Catar comprou o direito de sediar a Copa de 2022 e cita, entre outros, o presidente da Associação Argentina de Futebol, Julio Grondona – morto em julho de 2014 –, Nicolás Leoz, Ricardo Teixeira e chega a relacionar o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, pelo contrato de patrocínio com companhia aérea catariana. A informação citava também uma reunião entre o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy e o emir do Catar, que teve presença do presidente da Uefa, Michel Platini, membro do Comitê Executivo da Fifa, que votou a favor do Catar e admitiu isso publicamente.
O presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, renuncia do cargo de membro do Comitê Executivo da Fifa e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, por motivos de saúde.
2014
O jornal britânico The Sunday Times publica documentos que mostram que Mohammed Bin Hammam, fez pagamentos de US$ 5 milhões a dirigentes de futebol da África para comprar votos na eleição para sede da Copa do Mundo de 2022. Os arquivos provam a existência de dez fundos controlados pela Kemco, empresa de construção do milionário catariano, que fizeram os pagamentos e transações para as contas dos presidentes de 30 federações nacionais africanas.
O jornal britânico The Daily Telegraph publica que o presidente da Uefa, Michel Platini, se reuniu com Bin Hammam antes da escolha da sede do Mundial ao Catar e almoçou no Palácio do Eliseu com o então presidente francês, Nicolas Sarkozy, o filho do Emir do Catar e o primeiro ministro do país, em novembro de 2010. Michel Platini defendeu no mesmo dia, sua “total transparência”, ao ser o único membro do Comitê Executivo da Fifa que reconheceu ter votado ao Catar. No entanto, o dirigente rejeitou ter votado sob algum tipo de pressão.
O órgão de instrução da Comissão de Ética da Fifa, presidido pelo ex-promotor americano Michael J. García, fecha a investigação sobre a escolha das Copas de 2018 e 2022, com um relatório de 350 páginas e o transfere à Câmara de Decisão para esta que se pronuncie.
Presidente do órgão de decisão da Comissão de Ética da Fifa, o alemão Hans-Joachim Eckert, conclui que não houve irregularidades nos processos das candidaturas, deixa em mãos do órgão de instrução a possibilidade de iniciar procedimentos individuais e utiliza o princípio de confidencialidade para não tornar público o relatório. Michael J. García anuncia que apresentará recurso perante a Comissão de Apelação da Fifa pelo fechamento da investigação.
A Fifa apresenta perante a promotoria federal suíça, em Berna, uma denúncia pelo possível comportamento irregular de algumas pessoas, em relação aos processos de escolha das Copas do Mundo de 2018 e 2022.
Michael J. García renuncia depois que a Comissão Disciplinar rejeitou seu recurso contra o fechamento da investigação.
2015
As autoridades suíças detêm a sete dirigentes da Fifa em Zurique, por acusações de corrupção. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos torna pública uma investigação sobre organização mafiosa, fraude maciça e lavagem de dinheiro.
À véspera da eleição, Blatter afirma que a Fifa vive crise "sem precedentes" e que "mais notícias ruins virão".
Blatter é reeleito para seu quinto mandato na Fifa, somente após o príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein desistir do segundo turno.
Blatter afirma que não teme ser preso e ataca os EUA ao dizer que a investigação que o país conduziu "não cheira bem".
Michel Platini, chefe da Uefa, ameaça esvaziar o Mundial de Clubes e o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, em retaliação à eleição de Blatter para seu quinto mandato na Fifa.
Segundo o The New York Times", o Departamento de Justiça dos EUA acredita que o secretário-geral Jérôme Valcke, abaixo apenas de Blatter na hierarquia da Fifa, movimentou US$ 10 milhões (R$ 32 milhões) para pagamentos de propina em 2008.
Pressionado pelo maior escândalo da história do futebol, Blatter renuncia.
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