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Foram necessárias três bolas de voleibol para que Carlos Alberto Zgoda realizasse o sonho de ver um filho se tornar profissional no seu esporte predileto. Ex-jogador de quadra, a cada novo rebento o patriarca comprava um berço e – no lugar dos brinquedinhos coloridos – uma bola de vôlei de tamanho reduzido. Insistiu, insistiu, e ontem pôde ver emocionado, pela primeira vez, a filha caçula disputar uma competição profissional.

Não se sabe se pela presença da família ou se pela inexperiência, a dupla da curitibana Nina Zgoda, 19 anos, acabou deixando escapar entre os dedos a vitória na primeira partida do qualificatório.

Depois de estar vencendo Carol e Rebeca nos dois sets iniciais, ela e a parceira Elize cederam a virada no final de ambos. E deram adeus a etapa de Curitiba do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia no primeiro dia de competição.

Mas os resultados ainda não são o principal objetivo da dupla, que faz parte de uma aposta da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Nina e mais quatro atletas jovens (Elize, 21, e a dupla Liliane, 18, e Naiara 19) estão no 2.º nível de treinamentos do projeto Renovação e foram selecionadas em uma "peneira" com centenas de atletas de todo o Brasil.

Morando e treinando em Saquarema-RJ, em 2006 elas estarão disputando pela primeira vez todo o Circuito Brasileiro e o Sul-Americano. A idéia é que ao final do ano, os pequenos erros cometidos ontem se transformem em acertos – produzindo uma nova safra de vencedores na praia.

"Tomara", diz a menina, que disputou apenas seis etapas do Circuito Nacional, mas em nenhuma, conseguiu chegar à chave principal. A razão ela ouve em forma de conselho de seus antigos ídolos, hoje amigos. Jogadores como Loiola, Anjinho, Emanuel.

"O que todo mundo nos fala é que nos falta jogo, malícia. Aquele negócio de depois de um rali parar o jogo, falar com o juiz, limpar os óculos para descansar. Nós ainda vamos muito no emocional. Vencemos um rali e queremos vibrar, ficamos gritando de felicidade", conta.

O volêi de praia não deixa de ser uma novidade para Nina que, como a maioria dos atletas da modalidade, migrou da quadra. Mas, no caso dela, isso só faz um ano. Antes, jogava há quatro anos pelo Minas. Foi quando foi convencida por um dos mais renomados técnicos da areia, Marcos Miranda, atualmente treinador da dupla Nalbert e Luizão.

"Eu já estava meio desestimulada, pois era reserva e quase não jogava. Daí o Marcos começou a falar que com as minhas características eu iria me dar bem na praia. Aí eu fiquei pensando e resolvi encarar", conta a curitibana que hoje, não saberia ir sozinha nem até o Largo da Ordem. "Sou curitibana de araque", brinca.

O motivo da troça é que desde os 12 anos Nina não mora na capital. Com essa idade foi com a família para Portugal, acompanhar o pai que fez doutorado sobre vôlei e quando retornou, três anos mais tarde, passou apenas cinco dias na cidade antes de viajar para Belo Horizonte.

Nada que o avião não resolva. Sempre que pode a menina corre para o lado da família. "Ainda mais que lá em Saquarema não tem nada para fazer!", completa.

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